Liga O MIRANTE futebol de rua feminino desafiou preconceitos e valorizou o desporto amador

Chegou ao fim a primeira edição da “Liga O MIRANTE futebol de rua feminino”, com a vitória do campeonato a pertencer à equipa da União Desportiva da Chamusca. Mais do que os resultados, sobressaiu o espírito de companheirismo e a boa disposição entre as equipas. Próxima edição promete ser ainda melhor e com mais clubes envolvidos.
A União Desportiva da Chamusca venceu a primeira edição da “Liga O MIRANTE futebol de rua feminino”, mas o que fica para a história não são os resultados, mas sim o profissionalismo, companheirismo e boa disposição que se fizeram sentir ao longo dos muitos fins-de-semana de jogos. A jornada de encerramento decorreu no sábado, 3 de Maio, e juntou perto de duas centenas de pessoas no Estádio Coronel Mário Cunha, em Riachos, no concelho de Torres Novas.
As equipas da Juventude Lapas, Riachense, Pego e Chamusca deram um bom espectáculo de futebol e demonstraram que, com entrega e dedicação, um campeonato amador de futebol feminino pode ser bem disputado, ter qualidade e passar uma mensagem forte de igualdade de direitos entre homens e mulheres. Nas bancadas, assistiram aos encontros mais de uma centena de pessoas. Houve comes e bebes, música, muita animação e apoio com cânticos para todas as equipas.
Mariana Monteiro, atleta das Lapas, foi a anfitriã da cerimónia de encerramento que contou com a presença de Elvira Sequeira, vereadora na Câmara de Torres Novas, e de António Pereira, presidente da Junta de Riachos. “Esta liga ensinou-nos mais sobre superação, integração e sobretudo ganhámos a certeza de que uma mulher pode ser o que ela quiser e quando quiser. Estamos todas de parabéns porque nos dedicámos a este projecto e sem o apoio da família nada disto era possível. Somos as maiores. Vamos dar três vivas a esta edição. Viva, Viva, Viva!”, gritaram as mais de meia centena de atletas das quatro equipas. Ana Brites, atleta das Lapas e o principal rosto da organização, que não pôde estar presente por motivos profissionais, deixou algumas palavras que Mariana Monteiro leu: “lembrem-se, quando começarem a pensar em insignificâncias, sorriam, desfrutem e sejam felizes”.
Para o ano vai haver próxima edição e o mote é o mesmo, uma das razões para O MIRANTE se associar à iniciativa: “continuar a trabalhar com proximidade com mais equipas e permitir que outros clubes amadores tenham uma porta aberta para participar numa competição e passar bons momentos a fazer desporto entre amigos”.

À margem
Uma mulher pode ser o que quiser e quando quiser
Um jogo de futebol entre mulheres não é para já um jogo de caneladas e de provocações. Fiquei surpreendido com o que fui ver a Riachos no final do torneio de futebol de rua que juntou quatro equipas da Chamusca, Lapas, Pego e Riachos. Cerca de uma centena de mulheres, entre jogadoras e dirigentes, juntaram-se para uma iniciativa inédita que tem pernas para andar e fez a diferença. Estou habituado a ver futebol no campo e sei quando é que estou a "gramar" um jogo ou a viver um jogo. Em Riachos, apesar de só conhecer pessoalmente uma jogadora em campo, vivi a emoção do jogo e tive curiosidade em escolher as melhores jogadoras pela técnica, pelas melhores jogadas e pela posição em campo pela luta e pelo génio competitivo.
Mesmo a feijões, em Riachos jogou-se futebol com paixão e entrega, sem aquelas atitudes que se vêem nos jogos de amadores em que um chuto na atmosfera, em vez de na bola, faz sorrir toda a plateia. Se houve coisas nestas jornadas de futebol de rua feminino que foram levadas a sério foi o empenho das equipas em mostrarem que o futebol feminino não é para brincadeiras mas uma forma de superação das mulheres, que procuram ainda nesta actividade desportiva demonstrar que "uma mulher pode ser o que quiser e quando quiser", palavras da jogadora e voz de todas as equipas, Mariana Monteiro, na entrega dos prémios às melhores equipas mas também às melhores jogadoras do torneio. JAE

