Pedrógão Voleibol nasceu para dinamizar a modalidade e já compete com os grandes

Fundado há menos de dois anos, o Pedrógão Voleibol tem dado cartas com as equipas de iniciadas e juniores a qualificarem-se para a Divisão Nacional B na segunda época em competição. O MIRANTE acompanhou um treino na semana que antecedeu o embate da equipa de iniciadas em Alvalade frente ao Sporting CP, onde se sentiu a paixão e dedicação das jogadoras.
Foi com o intuito de dinamizar a modalidade no distrito de Santarém que o Pedrógão Voleibol nasceu a 17 de Setembro de 2023 no seio da Comissão de Festas, Desporto e Lazer do Pedrógão e numa iniciativa que juntou pais e mães de jogadoras que treinavam na extinta equipa da Casa do Benfica do Entroncamento. A vontade de competirem era muita e, com o esforço dos pais e o apoio da Câmara de Torres Novas, que possibilita que as várias equipas treinem num pavilhão escolar e no Palácio dos Desportos, o projecto foi avante, contando actualmente com 65 atletas nos vários escalões de formação.
Desde então, o impacto da secção tem-se feito notar em Torres Novas e não tem passado despercebido a possíveis patrocinadores com a entrada de propostas para a próxima época desportiva. Um dos pontos altos aconteceu a 27 de Março quando a equipa de iniciadas recebeu o Sporting Clube de Portugal (SCP) para a Divisão Nacional B no Palácio dos Desportos, que se transformou numa fortaleza de apoio à equipa da casa que apanhou as adversárias desprevenidas. O resultado foi o mais surpreendente: 3-1 para o Pedrógão Voleibol. No final de 2024, a equipa de iniciadas já tinha conquistado o primeiro lugar no torneio GalaVolley, um dos mais importantes de formação da modalidade, com nove vitórias em nove jogos.
José Monteiro, ex-jogador profissional de voleibol, é o timoneiro da equipa de iniciadas. Natural de Espinho vive em Torres Novas há mais de 10 anos e aceitou o desafio de se juntar ao projecto por querer contribuir para o desenvolvimento da modalidade numa região onde diz não haver essa tradição. Nesta fase inicial confessa que a captação é complicada e mesmo a introdução das matrizes do voleibol às jogadoras demora tempo. Apesar das contrariedades, realça a disponibilidade das jogadoras para aprender e a união entre todas, factores determinantes para poderem alcançar a subida à Divisão Nacional A.
Amizade traduzida em vitórias
Leonor Lopes tem 17 anos e é a capitã da equipa de juniores. Antes do voleibol praticava natação sincronizada, mas o pai, ex-jogador de voleibol, incentivou-a a experimentar a modalidade e há quatro anos que o voleibol é a sua paixão. “Apaixonei-me pelo voleibol e neste momento é o que mais gosto de fazer”, admite a O MIRANTE. Para a jogadora, a capacidade de estar concentrada durante todos os momentos do jogo, conseguir ultrapassar um erro que cometeu e focar para disputar o próximo ponto são os maiores desafios da modalidade. Leonor Lopes confessa que jogar na fase nacional tem sido muito exigente, já que competem com equipas muito fortes e com muitos anos de treinos. Ainda assim, já receberam elogios de treinadores adversários pela sua qualidade de jogo, estando a maioria das jogadoras no início do seu percurso.
Leonor Gomes começou a jogar na extinta equipa do Entroncamento e foi uma das impulsionadoras do Pedrógão Voleibol. Convenceu o pai a tomar o primeiro passo para criar o clube e convidou todas as raparigas que conhecia para se juntarem ao projecto. Para a atleta, o voleibol é emoção em cada jogada e o mais importante para vencer é conseguir manter o equilíbrio psicológico, que acredita ter mais preponderância no desenrolar dos jogos do que a capacidade técnica ou tática de cada equipa. Por isso é que, como capitã das iniciadas, é a primeira a incentivar as colegas de equipa depois de cada ponto que se perde ou ganha. Não há mesmo um serviço para a sua equipa em que a capitã não aplauda e cante pela jogadora que se prepara para servir a bola. A sua boa disposição e tranquilidade parecem contagiar as restantes jogadoras que no treino a que O MIRANTE assistiu se bateram com a equipa do escalão superior, jogando sempre com confiança. A época que se está a fazer supera todas as expectativas, garante Leonor Gomes, afirmando que ninguém se deslumbra com vitórias inesperadas, continuando a trabalhar para vencer o jogo seguinte. E não tem dúvidas de que o segredo para o sucesso está na exigência do mister José Monteiro e na amizade dentro e fora de campo entre as jogadoras.
Derrotas não beliscam época brilhante
A equipa de iniciadas do Pedrógão Voleibol falhou a qualificação para a Divisão Nacional A, depois de duas derrotas, contra Sporting Clube de Portugal e Colégio Pedro Arrupe. A 17 de Maio, a equipa ribatejana perdeu, por 3-1, com o Sporting CP em Alvalade, num jogo disputado nos primeiros três sets e que as leoas resolveram no quarto. Na última jornada a promoção ainda era possível e as jogadoras do Pedrógão bateram-se até ao fim pela vitória. O jogo acabou por cair para o Colégio Pedro Arrupe, que venceu por 3-2 um jogo que foi até à negra, com vitória por diferenças no último set. Mas as derrotas que deixaram a equipa de iniciadas fora do play-off de subida não beliscam em nada a surpreendente época, sublinha a O MIRANTE Marco Gomes, um dos fundadores e responsável pela secção, que apelida as jogadoras de “guerreiras” pela forma como competiram até ao fim.