Desporto | 16-06-2025 07:00

Os Pestinhas de Povos estão a lutar pela sobrevivência

Os Pestinhas de Povos estão a lutar pela sobrevivência
Associação Desportiva Os Pestinhas de Povos perdeu a quase totalidade dos atletas e está em risco de acabar - foto O MIRANTE

Clube de futsal de Vila Franca de Xira perdeu ao longo do ano a maioria dos jovens atletas que tinha, por falta de um espaço em condições para poderem jogar. Presidente da direcção admite entregar as chaves à câmara e queixa-se de promessas não cumpridas.

Em menos de um ano, a Associação Desportiva Os Pestinhas de Povos, de Vila Franca de Xira, passou de 90 atletas praticantes de futsal para apenas 12 e o futuro do clube, que tem um importante papel social no bairro, está ameaçado. O lamento é do presidente da direcção, João António, que diz a O MIRANTE que nunca como hoje a continuidade do clube esteve tão em risco.
Os Pestinhas são uma marca identitária do bairro de Povos e foram fundados em 2004 depois do antigo Grupo Desportivo, Recreativo e Cultural de Povos ter fechado portas. O objectivo central da fundação do clube foi retirar os mais pequenos das ruas e dos caminhos da marginalidade e da toxicodependência, usando o antigo rinque existente no bairro. O problema é que o espaço é descoberto e não oferece as melhores condições para os jovens treinarem, com o piso a receber vários remendos ao longo dos anos.
“Se chover não podemos treinar, de Inverno é frio e de Verão é demasiado quente. Os pais começaram a deixar de trazer as crianças aos treinos porque não temos aqui condições”, lamenta o dirigente. A alternativa dada ao clube foi usar, pagando uma verba à câmara, um pavilhão municipal em Vialonga, só que a distância levou muitos pais a não terem capacidade de lá levar os filhos e, aos poucos, a maioria foi desistindo.
Entretanto, a Câmara de Vila Franca de Xira fez obras no edifício do antigo centro gastronómico e cedeu o espaço ao clube para este o usar como sede, mas não o rés-do-chão que serviria para a associação abrir um bar e criar uma fonte de receita. Com o número de atletas a cair e sem fontes de financiamento, o clube gerou uma dívida à câmara a rondar os 3 mil euros pelo uso do pavilhão, o que o impede de se candidatar a fundos do Programa de Apoio ao Movimento Associativo (PAMA). “A câmara prometeu neste mandato colocar uma cobertura no campo, para o podermos usar com maior conforto, mas as obras, que prometeram arrancar em Janeiro deste ano, nunca começaram”, lamenta o dirigente, que vive no bairro de Povos há 38 anos e é cozinheiro.
João António admite que actualmente Os Pestinhas estão em risco de fechar portas se a cobertura no campo não avançar e o presidente da associação admite vir a doar o espólio do clube – sobretudo taças, medalhas e lembranças – ao museu municipal e entregar as chaves do edifício na câmara. “É muito desanimador chegar a este estado. Fundámos este clube para ajudar as pessoas do bairro e para ele ser um ponto de encontro entre todos e ajudámos muitos miúdos a terem uma vida melhor. Custa-me ver os miúdos do bairro, com qualidade, a partirem para outros clubes. E custa ver outros clubes a aproveitarem-se do talento dos jovens que formámos”, lamenta.

Câmara nega promessa de cobertura
Contactada por O MIRANTE, a Câmara de Vila Franca de Xira explica que os compromissos assumidos com a associação foram cumpridos ao longo do mandato, exemplificando os 110 mil euros investidos na melhoria das condições do campo desportivo (36 mil euros) e na reabilitação do antigo centro gastronómico (64 mil euros). “Não existiram quaisquer compromissos, seja da cobertura do polidesportivo, seja da realização de empreitada de requalificação de um rés-do-chão do edifício camarário. Importa ter presente que o polidesportivo não é de uso exclusivo da associação”, esclarece a autarquia.
O município diz que tem procurado dialogar e colaborar com a associação, tendo realizado várias reuniões com a direcção. “Foi decorrente dessas reuniões que foi viabilizada a intervenção de requalificação do espaço, em alternativa ao local que estava protocolado entre a câmara e a associação, para assim poderem usar o 1º piso do edifício com acesso directo ao polidesportivo público”, nota.
A autarquia confirma também a dívida que o clube tem para com o município, notando que tentou fazer um plano de pagamentos com o clube para que este não ficasse excluído dos financiamentos do PAMA. “Contudo, apesar dos compromissos assumidos pela direcção da associação, a situação não foi regularizada. E face a essa situação ficaram inibidos de se candidatarem aos apoios financeiros para o ano 2025, situação que lamentamos mas à qual a câmara é alheia”, conclui.

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