Rugby Clube de Santarém chegou ao topo do rugby nacional e quer ficar por muitos anos

A equipa sénior do Rugby Clube de Santarém alcançou a subida à Divisão de Honra, onde vai competir entre as 12 melhores equipas nacionais. O MIRANTE conversou com jogadores do clube sobre esta conquista, a próxima temporada e a importância do novo campo de rugby.
“O espírito RCS está muito vivo e estamos cada vez mais fortes”. É assim que João Mendes Almeida define a época do Rugby Clube de Santarém (RCS), principalmente da equipa sénior, que conseguiu recentemente a subida à Divisão de Honra do rugby nacional e da qual é capitão. João Mendes Almeida tem 26 anos e o rugby é a sua segunda principal ocupação, a seguir ao estágio de advocacia que está a realizar. A O MIRANTE, conta que a época foi marcada por altos e baixos e que a vontade da equipa em vencer foi essencial para concretizar o objectivo da subida de divisão. “Os princípios do clube - o esforço, a lealdade e a bravura – estiveram connosco ao longo de toda a época e acabaram por ser a força motriz para nos levar à conquista deste título”, afirma.
Para o capitão, o momento mais difícil da temporada foi a derrota nas Caldas da Rainha por 46-13 em Dezembro de 2024, que desmoralizou a equipa. Mas lembra que acabou por ser contra a equipa das Caldas que o RCS conseguiu o apuramento para a fase final do campeonato. João Mendes Almeida lembrou que o rugby é agora a única modalidade que conta com um clube escalabitano no principal escalão nacional e que, por isso, o reconhecimento e apoio do Município de Santarém deve ser continuado. “É importante que não sejam palavras vãs e que consigam dar-nos este apoio que tanto merecemos, porque mostrámos que somos capazes de chegar a sítios onde nenhuma outra equipa foi”, reforça.
João Mendes Almeida aponta como grande objectivo para a próxima temporada a manutenção na Divisão de Honra. “É um desafio ambicioso, mas esta equipa está pronta para trabalhar”, admite. O capitão acredita que o clube tem um impacto cada vez maior na cidade e quer chegar a cada vez mais pessoas. “O rugby é um desporto para todos e cujos princípios são também os que caracterizam esta cidade”, finaliza.
Um brasileiro que se sente em casa no RCS
Matheus Daniel tem 35 anos, é brasileiro e está em Santarém há sete anos, onde trabalha como responsável de armazém. A sua ligação à cidade é tão longa como a ligação ao Rugby Clube de Santarém, projecto que abraçou mal chegado a terras escalabitanas. Matheus lembra que a conquista desta temporada não se resume ao trabalho desenvolvido durante o último ano: “O clube evoluiu muito ao longo dos anos, a nível de mentalidade, o número de praticantes, a nossa qualidade de jogo”.
O jogador da equipa escalabitana revela que o objectivo no início da época era não perder jogos em casa e que ao longo da temporada a fasquia foi subindo conforme a equipa cumpria dentro de campo. O momento em que sentiu as forças a escapar aconteceu no intervalo da final do Campeonato Nacional 1, quando a equipa escalabitana perdia por 10-0 contra o Setúbal. Matheus da Cruz Daniel define como principal objectivo a permanência na Divisão de Honra por vários anos e estabelecer um rugby forte em Santarém. Para os mais novos tem uma mensagem de persistência: que acreditem sempre nos seus objectivos, por mais altos e distantes que pareçam. Foi isso mesmo que a equipa fez durante a época: “definimos um objectivo, montámos um plano de acção e fomos atrás, dia após dia”.

Campo renovado é apoio merecido
No dia em que a equipa sénior do Rugby Clube de Santarém foi homenageada pelo município pela subida à Divisão de Honra, foi lançada a primeira pedra da obra de requalificação do Campo de Rugby, na antiga Escola Prática de Cavalaria. A obra há muito aguardada vai dar novas instalações de balneários, bancadas, ginásio, salas de treino, um campo de treino adjacente e uma sala de reunião ao clube.
A empreitada “Reformulação Urbanística do Campo de Rugby, Edifícios de Apoio e Zonas Circundantes” vai custar à Câmara Municipal de Santarém 2 milhões e 91 mil euros, mais IVA. Nuno Serra, presidente do Rugby Clube de Santarém, lembrou que a equipa sénior é composta por jogadores amadores que dividem o seu tempo entre estudos ou trabalho e os treinos e que o novo campo é um reconhecimento mais do que justo do esforço e do sacrifício da equipa ao longo de todo o ano para alcançar a subida de divisão.
“Muitos jogadores abdicam de tempo com as suas famílias para se dedicarem à equipa de corpo e alma”, lembra o presidente do clube. Nuno Serra recorda ainda o que tinha dito meses atrás em conversa com O MIRANTE, quando afirmou que a política do RCS é a de apresentar resultados e só depois exigir apoios públicos. A concretização das obras de melhoria do campo de rugby é uma prova disso mesmo, refere.