Desporto | 27-07-2025 18:00

José Miranda: atleta e empresário de Tomar é um exemplo de superação

José Miranda: atleta e empresário de Tomar é um exemplo de superação
José Miranda, 28 anos - foto O MIRANTE

Aos 28 anos, José Miranda é um sucesso no paraciclismo nacional. Além do desporto, também criou sozinho uma empresa de entrega de comida em Tomar, que é hoje uma referência. Tendo sofrido uma amputação transtibial da perna direita com poucos meses de vida, José Miranda é um verdadeiro exemplo de superação.

Superar as adversidades com foco e dedicação é o lema de José Miranda, 28 anos, atleta e empresário de Tomar que está a dar cartas no paraciclismo, somando já quatro medalhas conquistadas. Além do desporto, também é um empresário de sucesso, tendo criado sozinho uma empresa de entrega de comida em Tomar, que é hoje uma referência na cidade. Com poucos meses de idade sofreu uma amputação transtibial da perna direita, mas apesar das adversidades nunca baixou os braços, procurando fazer uma vida o mais normal possível.
O MIRANTE esteve à conversa com José Miranda sobre a sua infância, a paixão pelo paraciclismo e o trabalho enquanto empresário. A amputação parcial da perna direita foi necessária devido a uma bactéria que se alojou no organismo ainda em bebé. Desde criança que usa prótese, o que lhe permite fazer uma vida completamente normal. O atleta confessa que quando era mais jovem sentia que as pessoas olhavam demasiado para a prótese - “tanto que eu agora nem tenho muita coragem de usar calções, costumo andar sempre de calças, fui-me protegendo como conseguia”, refere.
José Miranda conta que a sua infância não foi fácil, tendo sofrido de bullying e discriminação na escola devido à sua condição física. Fundamental foi o apoio que a família, nomeadamente a mãe e o pai, lhe deram. “Sem a minha mãe e sem o meu pai não sei como seria, os meus pais sempre foram um grande apoio”, sublinha.
O jovem passou toda a sua infância em Tomar, andou numa sociedade filarmónica onde aprendeu a tocar guitarra e ainda praticou natação. “Sempre fui activo, nunca tinha muito tempo livre, os meus pais sempre me obrigaram a estar ocupado”, afirma. Mais tarde foi estudar Gestão para a Universidade da Beira Interior, na Covilhã. José Miranda refere que ao longo dos quatro anos em que esteve na universidade ninguém descobriu que usava prótese. “Sempre me esforcei muito para conseguir ser o mais normal possível. Jogava à bola com os meus colegas, corria e ninguém sabia que eu tinha uma prótese”, explica. Hoje assume que está mais à vontade com a sua condição e que pretende mostrar-se mais, de modo a ser também uma inspiração para outras pessoas.

Sucesso no paraciclismo
José Miranda sempre andou de bicicleta, tendo sido muito incentivado pelos pais. O ciclismo apareceu na sua vida devido ao trabalho que tem como estafeta de comida. Em 2022 decidiu ingressar no grupo Falcões BTT porque sentia a necessidade de ter outra ocupação além do trabalho. Começou a andar de bicicleta com o grupo e mais tarde descobriu o paraciclismo através de um vídeo na Internet. Passou a dedicar-se à competição e a treinar regularmente. Em Junho do ano passado fracturou a perna direita devido a uma queda de bicicleta, tendo estado três meses em recuperação. Depois voltou a andar com mais regularidade e no final do ano contratou um treinador que o tem ajudado bastante.
Com foco e dedicação, José Miranda conseguiu ganhar quatro medalhas este ano. Em Março sagrou-se campeão nacional de perseguição individual e campeão nacional de scratch nos Campeonatos Nacionais de Pista e no final de Junho conquistou os Campeonatos Nacionais de Estrada, sagrando-se campeão nacional de contra-relógio e campeão nacional de fundo. “Este ano está a correr bem”, diz sorridente, apontando já como meta para o futuro a participação em campeonatos no estrangeiro.

Criou um negócio sozinho

José Miranda diz que a ideia de criar um negócio de entrega de comida em Tomar foi aleatória. Começou o negócio com 21 anos, quando ainda não tinha acabado a licenciatura. “Quando comecei o negócio os meus pais não acharam piada, comecei em Dezembro, chegava a casa com três ou quatro entregas apenas, frio e a chover, a minha mãe dizia que isso não era vida para ninguém”, recorda.
Inicialmente fazia o trabalho através de uma distribuidora que já existia e mais tarde decidiu criar a própria marca. Começou sozinho, com uma bicicleta que tinha desde os 14 anos, e uma mochila térmica que custou 50 euros. Refere que ao terceiro dia de trabalho, os 50 euros já estavam na sua conta e assim foi pensando que era possível. A pandemia de Covid-19 apareceu poucos meses depois, tendo sido uma alavanca para o negócio. Hoje, a marca está implementada em Tomar e a crescer.
José Miranda fez recentemente um grande investimento, alugando um espaço para a empresa e comprando uma frota de motas eléctricas, sendo a utilização de transportes amigos do ambiente uma preocupação sua. “Não tenho o negócio nem estou no ciclismo para ganhar dinheiro ou troféus, estou para me sentir bem e realizado. Todo o mérito que me tem acontecido na vida foi de não ter baixado os braços nos momentos mais difíceis”, conclui.

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