Desporto | 07-10-2025 15:00

Mulheres que fizeram história no futsal feminino

Mulheres que fizeram história no futsal feminino
Equipa feminina de futsal do Vitória Clube de Santarém alcança subida de divisão histórica - foto arquivo O MIRANTE

Depois de anos de treino, sacrifício e união, a equipa sénior de futsal feminino do Vitória Clube de Santarém conquistou a subida ao Campeonato Nacional da 2.ª divisão. Uma história de paixão pelo futsal que prova que sonhos podem ser alcançados mesmo com poucos recursos e muitos desafios.

No distrito de Santarém, o futsal feminino sempre viveu na sombra, com poucos clubes a apostarem na modalidade e menos ainda a conseguir resultados expressivos. Mas em 2025, a equipa sénior do Vitória Clube de Santarém escreveu uma das páginas mais bonitas da sua história ao conquistar o triplete distrital e alcançou pela primeira vez a subida ao Campeonato Nacional da 2ª Divisão.
Mais do que títulos, a conquista representa anos de persistência. A maioria das jogadoras cresceu no clube e todas partilham a mesma paixão e sonho de jogar no Campeonato Nacional. A conquista foi um grito de libertação para a capitã Ana Luís, de 35 anos, que veste a camisola do clube há 19, e que descreve a O MIRANTE a conquista como algo inesquecível. Ao lado dela, Andreia Neves, de 34 anos, e também com quase duas décadas de ligação ao clube, reforça que o sucesso foi merecido depois de uma época em que conquistaram tudo a nível distrital. Ambas são símbolos de longevidade e fidelidade, personificando o espírito de uma equipa que nunca desiste e onde, no balneário, convivem gerações que vão dos 18 aos 43 anos. Todas carregam o desejo de provar que o futsal feminino de Santarém tem valor, treinando lado a lado depois de um dia de trabalho ou aulas e encontrando no pavilhão um espaço de paixão.
Ana Luís afirma que a época passada teve momentos de glória, mas também desafios, havendo vitórias que aproximaram a equipa do objectivo, como na segunda fase da Taça Nacional, e jogos em que o sonho esteve em causa. No entanto, a união nunca as abalou, destacando a capitã que até o apoio dos adeptos cresceu. “Sempre tivemos pouco público, mas este ano foi diferente. Houve gente a acompanhar-nos até fora de casa, e isso fez a diferença”, conta, não escondendo o peso que a desigualdade entre géneros ainda tem no desporto. “Se, até nas grandes equipas nacionais, o futsal feminino tem menos visibilidade, em clubes mais pequenos, distritais, isso ainda se sente mais”, salienta, assegurando que agora o objectivo de todas é assegurar a manutenção no campeonato e continuar a crescer.

As dificuldades e realidade do futsal feminino
Comandadas por Leonor Meneses e Teresa Trindade, duas antigas jogadoras que hoje dão voz e alma ao banco, as treinadoras do Vitória Clube de Santarém provaram que dedicação e união podem levar longe mesmo quem não tem grandes recursos. Num contexto em que o futsal feminino continua a viver na sombra do masculino — e o próprio futsal ainda caminha atrás do futebol em apoios e visibilidade — a equipa alcançou uma conquista histórica, tendo para Teresa Trindade, que primeiro vestiu a camisola como jogadora e agora está como treinadora-adjunta, a conquista tido um sabor muito especial. “Sempre foi uma ambição subir a um patamar superior e logo no meu primeiro ano no staff conseguimos essa subida então foi uma enorme alegria”, conta. Já Leonor Meneses, treinadora principal da equipa há vários anos, foi “o culminar de uma caminhada longa”, feita de paciência e de persistência, acompanhando jogadoras que cresceram dentro do clube e que praticamente só conhecem o campeonato distrital.
Esse percurso moldou uma identidade única na equipa, mas comum a nível regional, em que nenhuma atleta é profissional. Todas têm outra ocupação profissional em que depois de turnos em hospitais, farmácias ou oficinas, ainda encontram energia para treinar à noite e competir ao fim-de-semana. Por este e outros factores, Leonor Meneses admite que a manutenção no escalão nacional não será fácil, já que apenas uma atleta tem experiência no Nacional, acrescentando Teresa Trindade que a falta de apoios é um dos maiores obstáculos. “Reforçámo-nos com apenas uma jogadora, pois ainda é muito difícil angariar atletas, especialmente num clube mais pequeno e sem as mesmas condições que os grandes”, lamenta. Leonor Meneses destaca o cuidado emocional como uma ferramenta essencial, para que as atletas possam render ao máximo durante os jogos e que esse acompanhamento é também o motivo pelo qual, ao longo dos anos, conseguiram manter a maior parte do plantel.
Depois de anos de esforço silencioso e de jogos diante de bancadas quase vazias, a equipa vitoriana mostra que, por mais exigente que possa ser o caminho nacional, é possível transformar sonhos em realidade com paixão, suor e uma bola nos pés.

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