Adriana Dias faz do culto do corpo um estilo de vida, não faz batota nem tem medo dos julgamentos
Adriana Dias aprendeu que a musculação é um estilo de vida, mas também pode ser um exemplo de superação e disciplina, como é no seu caso. Em Agosto deste ano venceu três categorias num campeonato de culturismo natural. Com o tempo percebeu também que é fundamental acabar com a ideia de que a “musculação não é para mulheres”.
Adriana Dias, residente no Entroncamento há 19 anos, encontrou na musculação um estilo de vida que transformou não apenas o seu corpo, mas também a sua forma de encarar os desafios. Desde que começou a frequentar o ginásio regularmente apaixonou-se pela prática e este ano levou a sua dedicação a outro nível ao participar no campeonato de culturismo natural Legends League, conquistando o primeiro lugar em três categorias.
A primeira vez que entrou num ginásio foi há cerca de 12 anos, mas Adriana Dias conta que só em 2017 é que começou a treinar com regularidade. O interesse pela musculação surgiu um ano depois, ao conviver com um grupo de colegas que já praticava a modalidade e que a ajudou a desconstruir a ideia de que “a musculação não é para mulheres”. “Nunca quis saber de musculação, porque também tinha um bocado a ideia de que mulher que faz musculação fica a parecer um homem, mas depois percebi que isso é ridículo”, explica. No início deste ano, o entusiasmo pela musculação ganhou outra dimensão quando a desafiaram a concorrer num campeonato de culturismo natural, tendo treinado para a competição durante oito meses, sob a orientação do preparador Rui Alves, que lhe ajustou os treinos e a alimentação e a incentivou a superar-se. Adriana Dias sublinha que optou por competir de forma natural, sem recorrer a substâncias, por valorizar acima de tudo o esforço próprio e a satisfação de conquistar resultados com disciplina e dedicação, acrescentando que a escolha também se prende com os riscos associados ao uso de drogas no desporto.
Exigência dos treinos e sacrifícios
A exigência para competir foi rigorosa, tendo que seguir uma dieta pormenorizada, ajustando calorias e nutrientes à grama e evitando alimentos processados e muito calóricos. “A preparação para a competição não requereu um treino muito diferente daquilo que já fazia, mas implicou mais esforço e rigor”, sublinha a O MIRANTE. Para si, o maior sacrifício esteve nas restrições alimentares, embora admita que acabou por se habituar à dieta específica. “O mais difícil foi não poder comer coisas como amendoins, que adoro, ou ter que levar marmita para almoços de família ou jantares em restaurantes”, comenta.
Mesmo com dois filhos e um trabalho a tempo inteiro como gestora de serviços, Adriana Dias conseguiu conciliar família, rotina profissional e treinos, aproveitando horários flexíveis e contando com o “apoio incondicional” do marido, também praticante de musculação. “O poder da mente é fantástico. Apesar de, por vezes o esforço físico intenso ser desafiante, ao focar-me naquele objectivo, tudo é possível”, destaca, afirmando que ouvir o seu nome como vencedora na competição foi uma mistura de orgulho e realização pessoal.
O impacto positivo da musculação
Apesar da preparação exigente, a atleta destaca o impacto positivo da musculação na sua vida, afirmando que hoje até se olha mais ao espelho e se sente vaidosa com o corpo que conquistou. “Ver os braços mais definidos, o abdómen a ganhar forma, isso aumenta a autoconfiança e sinto muito orgulho no corpo que tenho”, afirma. Reconhece que mulheres que praticam musculação ainda enfrentam preconceitos, mas garante que nunca sentiu julgamentos no seu dia a dia e que o mundo do culturismo natural é marcado por apoio e camaradagem entre participantes. “Sinto que está a desaparecer a ideia de que uma mulher musculada fica a parecer um homem. Não há mal nenhum em querer ganhar músculo. Na própria competição recebemos vários elogios”, conta.
Apesar da sua estreia vitoriosa, Adriana Dias não tem planos imediatos para voltar a competir. A prioridade agora é manter a forma e a disciplina adquiridas durante a preparação, continuando a treinar e a seguir uma alimentação equilibrada, mas sem a pressão e as restrições rigorosas. Hoje, já tem experiência para aconselhar outras mulheres a não terem medo de explorar o culturismo e a musculação. “Ter músculos desenvolvidos é essencial para a nossa saúde, para a nossa rotina diária e até para a perda de peso. Não há que ter receio de treinar mais intensamente e ficar com um corpo musculado”, sublinha.


