“As borboletas querem voar” é a frase que se lê à entrada do balneário principal do Tramagal Sport União (TSU), uma associação do concelho de Abrantes que completa um século de existência no dia 1 de Maio. O clube foi fundado pela Metalúrgica Duarte Ferreira e por isso adoptou o símbolo da empresa.
O MIRANTE conversou com João Serafim, presidente do Tramagal Sport União há três anos. Afirma que o clube está a restruturar-se depois de ter levado um duro golpe durante a pandemia. Apesar de ser em parte subsidiado pela Câmara de Abrantes, a grande fonte de rendimentos sempre foram as bilheteiras e o bar do estádio. “O estádio enche-se quase sempre, temos sempre 300 a 400 pessoas a ver os jogos”, afirma com orgulho.
Com a obrigatoriedade de fechar as bancadas do estádio as receitas caíram e já não eram suficientes para fazer face às despesas, levando o clube a desistir do campeonato distrital em 2020. Um ano depois regressaram em força e agora lutam pelo apuramento para a primeira divisão distrital da Associação de Futebol de Santarém (AFS). Conseguiram reactivar alguns escalões jovens e a equipa sénior, sendo que quase todos os jogadores são prata da casa.
João Serafim explica que foram criadas novas modalidades, como o laser run, uma modalidade muito semelhante ao biatlo. Também as modalidades de triatlo, duatlo e atletismo foram reactivadas. O presidente não esconde o sonho de voltar a ter o TSU a competir nos principais escalões do futebol nacional e relembra a década de 70 em que a equipa chegou a disputar a segunda liga nacional.

700 sócios e mais de 100 atletas
Parte da reestruturação do Tramagal Sport União depende do aumento do número de sócios, que neste momento é de cerca de 700. João Serafim sabe que vai ser difícil alcançar o objectivo uma vez que a desertificação é um problema que tende a piorar, mas afirma que a sua direcção não vai baixar os braços. “Temos mais de uma centena de atletas que merecem o nosso respeito e trabalho”, vinca.
No seu ponto de vista o segredo para a longevidade do clube tem sido equilibrar a balança entre o estímulo do sangue novo e a experiência dos elementos mais velhos. “Tem de haver um misto de energia e irreverência, com a sabedoria e a voz da experiência de quem já anda nisto há muito tempo”, sublinha. Ainda assim, João Serafim considera que os jovens deviam interessar-se mais pelas associações e pelos clubes desportivos das terras. “O associativismo obriga a ter muita responsabilidade e espírito de compromisso. Quem faz parte do movimento associativo perde muito tempo da sua vida em prol do outro, mas isso traz recompensas muito gratificantes”, afirma, com um sorriso no rosto.

Sucesso depende do trabalho de equipa

João Serafim, 50 anos, preside há três anos a direcção do Tramagal Sport União. Nasceu no Alentejo, em Castelo de Vide, mas o serviço militar trouxe-o para Abrantes há quase três décadas. Constituiu família e ligou-se ao clube através do filho, que também se chama João, e que é actualmente o guarda-redes da equipa sénior do TSU.
Militar da Guarda Nacional Republicana (GNR), adjunto do comandante do posto territorial do Tramagal, afirma que consegue conciliar o trabalho, a vida familiar e a presidência do clube por causa da “muita” ajuda dos restantes membros da direcção. “O sucesso de uma associação depende do esforço e trabalho de uma equipa”, assegura.