Retoma do futebol e futsal de formação começou lentamente mas acabou em alta
Dirigentes tiveram dificuldades em convencer os pais a deixar os filhos regressar à actividade desportiva. Com o retomar da normalidade houve um crescendo no número de atletas, com a Associação de Futebol de Santarém a terminar a época com mais 99 atletas inscritos do que na época 2019/2020.
A época de 2021/2022 marcou um regresso à normalidade no futebol e futsal de formação. Depois de um ano sem competições registou-se uma retoma tímida e lenta, quer pela dificuldade de fazer os atletas regressar, notando-se ainda o receio dos pais pela saúde dos filhos, quer pelas sequelas físicas e técnicas resultantes do tempo que estiveram sem praticar a modalidade. Ainda assim a temporada chegou à recta final com mais 99 inscrições que na época 2019/2020, segundo dados da Associação de Futebol de Santarém, actualizados a 23 de Maio.
O MIRANTE conversou com alguns dirigentes de clubes, com escolas de formação de futebol e futsal, para perceber quais as dificuldades sentidas no regresso aos treinos e à competição, à margem da cerimónia de entrega dos certificados de entidades formadoras, que decorreu em Santarém.
Paulo Nunes, responsável da secção de futsal do Sport Clube de Ferreira do Zêzere, assume que o regresso à actividade foi um desafio, especialmente no que tocou a convencer os pais das crianças que era seguro voltar aos treinos. Foi necessário demonstrar que o clube conseguia garantir as condições de segurança e que estava planeado um acompanhamento próximo dos atletas. O futsal do clube iniciou esta época uma aposta forte nos escalões de formação e teve um crescimento de cerca de 100 novos atletas distribuídos pelos vários escalões.
No Clube Associativo e Desportivo de Coruche, o presidente da direcção, Frederico Condeço, aponta os escalões mais novos, petizes e traquinas, como os que mais sofreram com a pandemia. Nestes escalões, com crianças entre os 6 e os 9 anos, os pais foram mais reticentes em deixar as crianças voltar ao clube, com receio da pandemia, vincando mesmo que há dois atletas que passaram a jogar no escalão acima, por não haver atletas suficientes para formar equipa de traquinas. Nos escalões mais velhos, iniciados, juvenis, e juniores, o presidente diz ter havido até algum crescimento no número de atletas.
Já no Clube Atlético Ouriense, apesar de se ter sentido também o arranque lento, Tânia Sá sublinhou as dificuldades na recuperação dos índices físicos dos atletas e culpa o sedentarismo dos jovens durante o período de pandemia. Revela que os jovens retomaram a actividade com peso a mais e resistência a menos e que durante os primeiros meses os trabalhos passaram mais pela retoma da condição física do que pela componente técnica ou táctica.
O presidente da Associação de Futebol de Santarém, Francisco Jerónimo, partilha da opinião e das preocupações dos dirigentes e garante que as consequências desta paragem, a longo prazo, vão ser alvo de estudo. A nível da qualidade e da aquisição de competências, realça o facto de vários jovens subirem um escalão e, por isso, saltarem etapas fundamentais que serão difíceis de colmatar.
Seniores com mais inscrições
Ainda que tenha havido um regresso lento à actividade futebolística, os dados mais recentes, actualizados a 23 de Maio, mostram que a época chega ao fim com mais 99 atletas inscritos que na mesma altura de 2019/2020, a última época antes da pandemia da Covid-19. A AFS conta com 8.137 atletas inscritos, dos quais 6.681 pertencem aos escalões de formação. São os seniores que dão o maior contributo para o aumento das inscrições, com 1.456 inscrições, face às 1.268 na época 2019/2020. Contrariamente à tendência registada nos escalões de formação os seniores mantiveram-se em crescendo, mesmo em período de pandemia, com 1.277 inscrições na época de 2020/2021, mais 11 que na anterior.