Especiais | 15-11-2024 16:00

Quem exerce funções em prol da democracia e de serviço aos cidadãos merece sempre o meu respeito

Quem exerce funções em prol da democracia e de serviço aos cidadãos merece sempre o meu respeito
ESPECIAL 37º ANIVERSÁRIO
Teresa Almeida, presidente da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo, I.P.

Uma das tradições que entrou em desuso para a maior parte da sociedade portuguesa foi a secundarização dos direitos e do papel das mulheres. Felizmente hoje vivemos numa sociedade mais igualitária, uma mudança que a todos beneficia.

Diz-se que há quem tenha memória de elefante e quem tenha memória de galinha. Onde se coloca em termos de memória e porquê?
Diria que tenho uma excelente memória, creio que até é das características mais acentuadas da minha personalidade. Não só nos assuntos ditos do dia-a-dia, mas, sobretudo, para os detalhes das questões que marcaram e marcam o meu percurso pessoal e profissional ao longo dos anos.
Existindo boas e más memórias, guarda mais das primeiras ou das segundas?
Prefiro sempre focar-me nas boas memórias, pois são elas que servem de exemplo para enfrentar novos desafios. Mas obviamente que as menos boas fazem parte da minha vida e com elas aprendi a percepcionar e amadurecer os desafios actuais com uma perspectiva de crescimento e de melhoria.
Qual a melhor memória que guarda?
Além das memórias familiares, creio que foi mesmo o 25 de Abril de 1974, que me marcou profundamente, porque era uma jovem com cerca de 20 anos e recordo toda a alegria vivida nesse dia. Afinal, era o nascimento da nossa liberdade e de um Portugal democrático.
E a pior?
Honestamente prefiro não escolher nenhuma em específico, até porque, como já referi, as memórias mais difíceis são aquelas em que tive de enfrentar adversidades inesperadas.
Já lhe aconteceu estar com um amigo ou familiar que viveu um acontecimento consigo e que não recorda nada do que se passou, ou recorda-se dele de forma muito diferente?
Como disse, por norma tenho uma memória de elefante, mas com certeza que já aconteceu lembrar-me de um determinado evento e a outra pessoa, em conversa, recordar detalhes diferentes. Mas essa é graça de percebermos e cruzarmos diferentes perspectivas e até recordar e alimentar essas mesmas memórias.
Que acontecimentos considera memoráveis na vida da região e porquê?
São muitos aqueles em que estive envolvida mas, recordando o passado mais recente com projectos do programa regional de fundos europeus que agora encerramos (o Lisboa 2020), diria que a conclusão de obras que beneficiam directamente a qualidade de vida dos cidadãos, como a construção e requalificação de infraestruturas escolares, de saúde, de investigação, de centros de incubação para empresas, de transporte e de áreas verdes, assim como de iniciativas para a preservação do património cultural e ambiental, que reforçam a identidade da nossa região. Acho que todos merecem o distintivo de memoráveis porque melhoram diariamente a vida das pessoas onde estão inseridos.
Se pudesse propor a construção de um memorial público seria dedicado a quê ou a quem?
Penso que não há melhor memorial do que aquele deixado pelo 25 de Abril, sobretudo pelos pilares da liberdade de afirmação e de expressão que perduram até hoje, 50 anos depois. Mas claro que a obra que deixamos também tem a sua importância nesta óptica. Sempre que pensamos e concretizamos um projecto ou um plano com sucesso estamos a deixar um memorial vivo não só ao nosso trabalho, mas, sobretudo, às pessoas que trabalham, diariamente, para o desenvolvimento da região.
Diz-se muitas vezes que as pessoas em cargos políticos têm má memória. Tem essa opinião?
Penso que tenho uma excelente memória e creio que não devo estar a fazer julgamentos sobre características dos meus pares, além de acreditar que quem exerce funções em prol da democracia e de serviço aos cidadãos merece sempre o meu respeito.
Há quem seja defensor das tradições e há quem ache que as tradições são entraves ao desenvolvimento. O que pensa das tradições?
As tradições são parte integrante da identidade de uma região e ajudam a fortalecer o sentido de comunidade e de pertença. Mas isso não impede que as mesmas não possam inovar e passar por processos de transformação, até para se manterem vivas. Um equilíbrio entre tradição e progresso é, a meu ver, a melhor solução.
Há alguma tradição que tenha deixado de seguir, porquê? E há alguma que já não faça sentido?
Além do meu próprio exemplo, penso que uma das tradições que entrou em desuso para a maior parte da sociedade portuguesa foi a secundarização dos direitos e do papel das mulheres. Felizmente hoje vivemos numa sociedade mais igualitária, uma mudança que a todos beneficia. Quanto às que não fazem sentido, considero que outras formas de discriminação também deveriam deixar de existir e acredito que, com o tempo, acabarão por desaparecer.
Qual a tradição que nunca deixará de respeitar?
Procuro sempre respeitar as tradições locais que celebram as raízes culturais da região de Lisboa e Vale do Tejo, mesmo que não façam parte das minhas tradições pessoais e familiares.
O que acha desta tradição de O MIRANTE assinalar cada aniversário pedindo aos seus leitores e anunciantes que partilhem as suas opiniões sobre um determinado tema?
Acho uma boa iniciativa, até porque permite criar uma ponte com a comunidade e aproximar os agentes responsáveis por políticas públicas dos cidadãos.
E que tema sugeria para o próximo?
Penso que se neste momento falamos do passado, também deve existir uma oportunidade para falar do nosso futuro. Por exemplo, como projectamos e idealizamos o futuro da região de Lisboa e Vale do Tejo.
Quer acrescentar algo?
Apenas agradecer o convite e a análise das memórias que fizemos.

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