A Companhia Cegada, que dinamiza culturalmente o Teatro Estúdio Ildefonso Valério (TEIV) em Alverca, apresentou publicamente na última semana a programação para este ano tendo em mente o desejo de ver em 2025 o espaço formalmente legalizado.
O TEIV está envolvido num imbróglio por ter sido construído sem licença logo após a revolução de Abril de 1974 e precisa de obras de melhoria e adaptação para poder obter maiores apoios da Direcção-Geral das Artes. O terreno onde está o teatro integra o domínio público municipal sendo que toda a área do edifício – que inclui também uma cafetaria, outras instalações associativas e um espaço de apoio à limpeza e higiene urbana – é gerido pela União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho.
O espaço nunca foi formalmente objecto de escritura pela junta apesar de existirem documentos que provam a sua posse. O actual executivo da junta já se mostrou disponível para avançar com a escritura mas apenas quando o estudo prévio e o projecto para o espaço estiverem prontos. Para legalizar o espaço é preciso desafectar o terreno do domínio público municipal e integrá-lo no domínio privado municipal, implicando para isso a elaboração do estudo prévio e de um projecto, que está em curso desde o ano passado.
Rui Dionísio, director artístico do TEIV, confirma a O MIRANTE que não houve desenvolvimentos na legalização do edifício mas que essa é uma esperança que se mantém nas mentes da equipa cultural que dinamiza o teatro. No dia 18 de Janeiro foi apresentada publicamente a programação do TEIV para este ano, que Rui Dionísio diz esperar ser um ano positivo para a cultura.

Doze novas criações este ano
“Na urgência de virar quase tudo do avesso, o TEIV apresenta este ano um total de 12 novas criações – duas com elencos profissionais e 10 desenvolvidas com instituições de ensino e professores da nossa comunidade – propondo-nos aumentar este espaço de criação para jovens mais críticos, criativos e conscientes que terão de responder aos desafios democráticos do futuro colectivo”, informa Rui Dionísio.
O TEIV só vai conseguir apresentar esta programação anual, recorde-se, graças a um apoio extraordinário concedido pelo município e proposto pelos vereadores da coligação Nova Geração (PSD/PPM/MPT), tendo sido uma das medidas negociadas com o executivo PS para que os vereadores da coligação aprovassem o orçamento.
“Este apoio extraordinário contempla os ciclos de teatro para a infância, teatro escolar, ciclo de cinema e ainda vamos mais longe colocando um ciclo de teatro internacional com a entrada no circuito ibérico de artes cénicas. É um apoio para que o teatro continue a funcionar para a população, não é um apoio à companhia Cegada”, esclarece o responsável.
Entre os destaques da programação, como O MIRANTE já dera nota, estão a festa do cinema italiano e um ciclo de teatro para a infância em Abril, um ciclo de teatro escolar em Junho, o retomar das Noites no Largo do Pelourinho em Alverca, em Junho e Julho e um circuito ibérico de artes cénicas em Setembro e Outubro.