Machetes | 05-12-2025 12:00

Atraso no pagamento dos salários na Junta da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa gera polémica

Atraso no pagamento dos salários na Junta da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa gera polémica
Funcionários operacionais da União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa em protesto pelo atraso no pagamento do salário de Novembro - foto O MIRANTE

Os trabalhadores da União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa não receberam o salário de Novembro na data habitual. O atraso, atribuído pela junta de freguesia a falhas nos acessos bancários, levou a um protesto dos funcionários da área operacional.

A maior parte dos trabalhadores da União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, só recebeu o salário do mês de Novembro depois do fim de semana alargado proporcionado pelo feriado de 1 de Dezembro à segunda-feira. Os funcionários costumam receber entre o dia 25 e 26 de cada mês, mas de acordo com o presidente da junta de freguesia, António José Inácio, eleito pela Coligação Nova Geração (PSD/IL), a agência da Póvoa de Santa Iria, do banco BPI, não transferiu os vencimentos alegando a falta de códigos para o fazer.
Na sexta-feira, 28 de Novembro, os trabalhadores operacionais concentraram-se em protesto nas instalações da junta na Póvoa de Santa Iria, acompanhados pelo delegado do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL). Segundo Ludgero Pintão, delegado sindical, o STAL pediu explicações à junta de freguesia por escrito, mas o executivo não respondeu e, por isso, passadas mais de 48 horas após a data do pagamento dos salários, os trabalhadores decidiram protestar, à espera que o ordenado caísse na conta.
“Os funcionários foram avisados tardiamente desta situação que, segundo o presidente da junta, é conhecida desde o dia 11 de Novembro. Se assim era, no dia 12 tinha reunido com todos os trabalhadores a explicar a situação, para eles se poderem precaver. Há pessoas que ao dia 26 têm o crédito à habitação a sair da conta”, explica a O MIRANTE Ludgero Pintão, acrescentando que “os trabalhadores não têm culpa das birras do anterior executivo com o actual”.

Atrasos nos vencimentos geram troca de acusações
António José Inácio sublinha que anterior executivo socialista não facilitou a transição de mandato. O autarca diz que por causa da situação dos vencimentos e dificuldades com os acessos bancários telefonou à antiga presidente da junta, Ana Cristina Pereira, a pedir ajuda, mas sem sucesso.
Alguns elementos do executivo da junta garantem que dialogaram várias vezes com o banco pessoalmente, mas que só no dia 27 o BPI deu como alternativa para o pagamento dos vencimentos a transferência do dinheiro para o banco Montepio e, a partir daí, os salários serem pagos. A expectativa era de que os vencimentos fossem pagos logo na sexta-feira, 28 de Novembro, mas o ordenado só chegou aos trabalhadores com conta no Montepio no sábado, dia 29. Os restantes, com conta noutros bancos, ainda não tinham recebido.
O PS manifestou solidariedade para com os trabalhadores, acusando o actual executivo de falta de acção. A anterior presidente da união de freguesias, Ana Cristina Pereira (PS), disse a O MIRANTE que passou a pasta ao actual presidente no dia 30 de Outubro e que os acessos bancários mudam assim que entram novos executivos, nomeadamente tesoureiro e presidente. Acrescenta que o actual executivo teve quase um mês para regularizar a situação junto da instituição bancária e sublinha que não ia dar os seus acessos para fazer os pagamentos porque não é legal.
O actual executivo garante ao nosso jornal que entregou a tempo toda a documentação pedida pelo banco e que vai tomar medidas em relação à instituição bancária.

Chega ameaça romper acordo
O assunto não ficou por aqui e motivou comentários e troca de acusações. O Chega, parceiro de coligação do actual executivo, demarcou-se dizendo “que a tesouraria e os pagamentos dos salários não estão sob a alçada directa dos eleitos do Chega no executivo.
Já a CDU considera “inaceitável que o executivo da junta de freguesia falhe no cumprimento de uma obrigação básica, que é assegurar o pagamento atempado dos salários”. O MIRANTE tentou contactar o BPI mas até ao fecho desta edição não foi possível.

À margem

A luta continua, o povo está na rua

A greve dos trabalhadores da Junta de Freguesia do Forte da Casa é um retrato do país em que vivemos. Um atraso de alguns dias no pagamento do vencimento, por uma razão que estava à vista de todos, levou os trabalhadores a recorrerem a uma greve que deve ser a última arma a usar contra a entidade patronal.
Trabalhadores e sindicatos sabem que a greve só prejudica a população, daí que recorrer a uma medida extrema por causa do atraso de uns dias no recebimento do vencimento deve ser considerado uma falta de respeito pela população e logo depois pelo novo executivo da Junta.
Os trabalhadores também são políticos ao exercerem a cidadania activa. Mas daí até fazerem uma greve porque o ordenado atrasou-se uns dias por dificuldades que eram óbvias, e tinham solução a curto prazo, parece anedota para não lhe chamar um nome feio.

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