Machetes | 27-09-2025 07:00

Vandalização do parque de esculturas da Barquinha também se deve à falta de investimento

Vandalização do parque de esculturas da Barquinha também se deve à falta de investimento
Parque de esculturas da Barquinha foi ficando esquecido e nem a escultura de Joana Vasconcelos escapou à degradação e vandalismo - Foto Visit Barquinha

Câmara da Barquinha nunca mais valorizou o espaço com novas obras nem conservou as que foram ficando desenquadradas do projecto artístico. A obra vandalizada, devido ao material em que estava construída, era a mais mal-cuidada e conservada.

O Parque de Esculturas da Barquinha inaugurado em 2012 foi vandalizado 13 anos depois. Prejuízo recaiu numa instalação de Joana Vasconcelos, que era para a grande maioria dos visitantes a obra mais visível do parque, mas também a mais enigmática e que merecia mais comentários. Era igualmente a que estava em piores condições de manutenção. A escultura era um pequeno quadrado com fitas penduradas que, com o tempo, foram perdendo a cor original para além de já há muito tempo apresentarem um muito mau estado de conservação. Não admira por isso que tenha sido o primeiro alvo do vandalismo. A lama à volta da instalação era motivo de brincadeira dos visitantes, na maior parte das vezes que estivemos no espaço, assim como as falhas na conservação de muitas esculturas que são confundidas com mobiliário urbano, ou seja, equipamento público destinado à fruição dos visitantes. Algumas obras na altura da inauguração estavam devidamente enquadradas no projecto e no território, mas com os anos foram perdendo significado, e a câmara nada fez até agora para alterar a situação.
A inauguração do Parque de Esculturas da Barquinha foi uma grande notícia para uma certa elite de Lisboa (e não só), que teve a oportunidade de facturar alguns trabalhos que ainda hoje passam completamente à margem de um público melhor informado e apreciador de arte. A verdade também é que desde 2012 que o projecto não sofreu qualquer alteração, nunca mais houve investimento noutras obras, e a maioria das 11 esculturas distribuídas pelo parque passam despercebidas aos olhos dos utilizadores do espaço pelas razões já referidas.
A dinamização de uma galeria de arte, onde têm sido inauguradas algumas exposições, não chega para colmatar a falha na divulgação e preservação das obras, algumas delas também polémicas, por pretenderem fazer uma leitura de uma realidade que quase sempre é invisível ao comum dos visitantes sem uma visita guiada.
O Parque de Esculturas Contemporâneas Almourol foi inaugurado em Julho de 2012 pelo Presidente da República, Cavaco Silva, e foi concebido para criar um novo espaço cultural junto ao rio Tejo, com cerca de sete hectares, valorizando a área com um conjunto de obras de arte a céu aberto. A EDP foi o principal financiador tendo gasto, segundo soubemos na altura, cerca de 200 mil euros, tanto quanto terão custado as obras de arte. A Fundação da EDP nunca tornou público o preço que pagou por cada obra.

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