Sociedade | 17-12-2023 07:00

Museu agrícola em Riachos preserva as memórias da comunidade

Museu agrícola em Riachos preserva as memórias da comunidade
Luís Mota Figueira é o director técnico do Museu Agrícola de Riachos

Museu Agrícola de Riachos recebe anualmente cerca de dois mil visitantes que aprendem sobre os modos de vida passados de uma comunidade muito ligada à agricultura. Luís Mota Figueira é o director do espaço e destaca que um museu que não tenha proximidade com a comunidade está destinado ao fracasso.

O Museu Agrícola de Riachos foi fundado em 1989 com o propósito de preservar as memórias da comunidade riachense ligada à agricultura. O espólio é composto por mais de um milhar e meio de peças agrícolas e é visitado anualmente por mais de duas mil pessoas. Riachos, no concelho de Torres Novas, era uma terra agrícola com uma economia muito dependente do sector primário. “As pessoas eram felizes mas também existia muita carência e pobreza”, conta a O MIRANTE o director técnico do museu, Luís Mota Figueira.
O responsável explica que desde a década de 60 que se falava na necessidade de implementar um museu rural que mostrasse as alfaias agrícolas, os vestuários típicos da região e as memórias da vida passada. A emblemática Festa da Bênção do Gado, onde se fez uma exposição com um grande sucesso de alfaias agrícolas tradicionais, foi o começo para a fundação do Museu Agrícola de Riachos, num antigo lagar desactivado. O espólio e espaço onde se localiza o museu era de José Marques, advogado e empresário agrícola riachense. À colecção foi-se juntando material agrícola doado por pessoas da região, totalizando mais de um milhar e meio de peças agrícolas. “A ideia é levar as pessoas ao passado para perceber os modos de vida, usos e costumes. Infelizmente os jovens de hoje não têm tanto contacto com a terra”, realça Luís Mota Figueira, recordando com nostalgia o tempo que passava com os seus avós na infância e a vida dura que era obrigados a ter para subsistirem.

Dificuldades e falta de investimento
O museu divide-se por colecções. Começa pela sala do cingeleiro, profissionais que trabalhavam tradicionalmente a terra e tinham pelo menos uma junta de bois. Na sala pode ver-se um carro de bois e um arado de madeira, pesos e medidas, entre outros artigos. Segue-se a sala do agricultor onde se encontram diversos materiais utilizados na época, a sala do azeite e do traje, a cozinha, uma sala de aula, o auditório “Dr. José Marques”, a sala de miniaturas “José Tavares da Fonseca”, o pátio “António Veríssimo”, onde está a maquinaria e alfaias agrícolas, e ainda a galeria de artes e oficinas. O espólio é composto também por documentos fotográficos e textuais. Muitos artigos encontram-se em reserva por falta de condições, algo que não agrada ao director técnico do museu, que destaca a falta de investimento público em museus que não estão creditados. “Há muitos turistas que vêm aqui e ficam encantados com o museu, mas nem imaginam as dificuldades que temos para conseguir manter as coisas de pé e com esta imagem. Fazemos um serviço público de qualidade”, releva.
Luís Mota Figueira explica que se envolvem em diversos projectos com instituições, como o Instituto Politécnico de Tomar, e procuram continuar a conectar-se com a comunidade através de eventos, exposições e projectos. “Um museu que não tenha a preocupação de estabelecer uma boa ligação com a comunidade está condenado ao fracasso”, afirma, acrescentando que os museus também têm a obrigação de ajudar a combater a solidão das pessoas. “Há pessoas de Riachos que passam no museu de manhã só para conversar. Também sentem que é a casa deles”, conta.
As principais dificuldades estão relacionadas com a falta de fundos e recursos, especialmente no que diz respeito ao pessoal, à manutenção das instalações e conservação do espólio. Apesar das dificuldades, o museu recebe anualmente mais de duas mil pessoas, principalmente público escolar, mas também turistas nacionais e estrangeiros, e organizações empresariais.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1694
    11-12-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1694
    11-12-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo