Entrevista | 27-10-2024 10:00

Sónia Sanfona espera recandidatura sem conflitos partidários e confia no bom senso

Sónia Sanfona espera recandidatura sem conflitos partidários e confia no bom senso
ENTREVISTA COMPLETA
Sónia Sanfona, presidente da câmara de Alpiarça, considera que a equipa que lidera valoriza o PS no concelho e a actuação do município

O ambiente político em Alpiarça dá sinais de alguma tensão, mas a presidente da câmara, Sónia Sanfona, continua a acenar e a sorrir perante um cenário que se pode complicar se a família Rosa do Céu, que está nos lugares chave do concelho, decidir boicotar o seu trabalho.

A autarca, no seu primeiro mandato, depois de três tentativas para chegar a presidente, coloca no trabalho o seu trunfo para ter o apoio do povo e evitar pedras na engrenagem. Recentemente, a sua vice-presidente renunciou aos pelouros e se quiser pode deixar a presidente numa situação minoritária não deixando passar algumas propostas. A vereadora é filha de Joaquim Rosa do Céu, mandatário da última candidatura de Sanfona, e presidente da maior instituição do concelho, a Fundação José Relvas, a quem a presidente do município retirou o processo de compra de imóveis em Santarém para reinvestir o dinheiro do legado de Manuel Nunes Ferreira. O presidente da concelhia socialista é filho de Joaquim, irmão de Margarida e também jurista do município. Sónia Sanfona está numa teia, mas pelas respostas a esta entrevista rápida, à saída da última reunião do executivo camarário, parece saber movimentar-se bem em terrenos difíceis.

O que é que se passa com a política em Alpiarça, que ao que parece está a ficar tensa? A política em Alpiarça sempre foi muito viva e cheia de participação. O que se está a passar é a democracia a funcionar, as movimentações próprias de altura pré-eleitoral. Aliás, isto é um pouco do que se passa no país. Acho que não há grande nervosismo, há vontade de preparar as coisas para que corram bem.
Por que é que as relações com a sua vice-presidente ficaram frias, distantes? A senhora vereadora tomou a decisão de renunciar aos pelouros, comunicou-me e aceitei. Tivemos boas relações e continuamos a ter.
Entregar a gestão do legado Manuel Nunes Ferreira à Fundação José Relvas é a melhor forma de o valorizar? Não teme que a câmara perca o controlo sobre o que se passa na gestão corrente e só saiba o que vem no relatório de contas? O que está em causa é a gestão do rendimento do legado. O que se trata é de procurar a eficácia dessa gestão. Não é a alienação da responsabilidade do município. A câmara tem representação no conselho de administração da fundação e o que se procura é que haja operacionalidade e facilidade de gestão, nunca ela deixando de ser transparente. O município manterá uma verificação e fiscalização próxima do que for acontecendo. Com esta modalidade será mais fácil fazer uma reparação de um prédio, por exemplo, porque o município não é propriamente um gestor de habitações e tem mais dificuldade em operacionalizar isso por razão das burocracias e das regras a que está obrigado.
Retirou à fundação o processo com vista à compra dos apartamentos em Santarém para aplicar o dinheiro da venda do prédio do legado em Lisboa. Na compra dos imóveis em Almeirim foi a instituição que tratou da situação. Isto é um sinal de afastamento em relação a Rosa do Céu? Os negócios particulares são uma coisa, com entidades públicas são outras. Há um conjunto de obrigações que quem contrata com o município tem de cumprir. Verifiquei que era importante junto do vendedor termos uma proximidade maior, até porque não é uma grande empresa, para o poder ajudar a conseguir que tivesse toda a documentação. Não há aqui desautorização alguma nem se pretende ultrapassar alguém.
Mas segundo corre na vila, as relações com Joaquim Rosa do Céu já foram melhores, portanto não o vai manter como mandatário se se recandidatar. Ainda não escolhi o mandatário para a próxima candidatura às autárquicas. As relações são pacíficas, como sempre foram. As pessoas comentam o que entendem e faz sentido nesta altura os comentários começarem a aparecer. As coisas continuam a ser da mesma forma, pelo menos da minha parte.
Com a renúncia aos pelouros e saída da vice-presidência da vereadora Margarida Rosa do Céu, acha que tem condições para ser recandidata sem oposição interna no PS? Sim, porque o trabalho desta equipa liderada por mim valoriza o PS no concelho e a actuação do município. Um trabalho que honra a boa tradição do exercício do poder por parte de socialistas, muitos que foram presidentes de câmara que melhoraram a vida dos seus munícipes. Orgulho-me muito desse trabalho e que abona muito em favor da minha recandidatura.
Não receia que esse trabalho venha a ser boicotado, uma vez que se a vereadora Margarida Rosa do Céu quiser a presidente fica em minoria no executivo. Não! Continuamos a ter uma presidente e dois vereadores eleitos pelo PS. Não temo qualquer tipo de boicote e não há razão para que exista.
Espera que exista uma tendência de não prejudicar a imagem do partido… Espero que haja o bom senso e a preocupação, que tem havido até aqui, de servirmos os alpiarcenses. O projecto que traçámos é precisamente para esse efeito e não outro. Não é para servir partidos, instituições ou pessoas em particular. Continuarei com essa perspectiva e estou certa de que é isso que vai acontecer.
Acha que tem condições para continuar o mandato com tranquilidade? Vai mudar alguma coisa na forma de actuação? Estou convicta de que estou a gerir a câmara e este projecto para o meu concelho da melhor forma que consigo e que sei. Penso que estou no bom caminho. Se sou completamente inflexível em aprender alguma coisa com as situações ou modificar algo, mesmo que seja em prejuízo do que pensava, não, não sou. Se tiver que fazer algumas coisas diferentes, farei, desde que isso beneficie o meu projecto, o trabalho que a câmara desenvolve e o que quero entregar aos alpiarcenses.

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