Associação dos Amigos dos Animais de Coruche pede mais apoio da comunidade
A Associação dos Amigos dos Animais de Coruche (AAAC) trabalha directamente com o CRO.
Três voluntários assumem as tarefas no espaço aos domingos onde, para além da limpeza, soltam os animais e brincam com eles. Outra parte dos voluntários ajuda na sede da associação, no centro de Coruche ou na recolha de alimentos.
À frente da AAAC desde 2022 está Daniel Aldeano. É o presidente da direcção que muitas das ocasiões vai ao terreno recolher cães e gatos quando solicitado pelo CRO ou pela GNR, entidades que trabalham em parceria. No terreno, o animal é primeiro identificado para verificar a existência do chip. No caso de não ter identificação é contactado o veterinário municipal para saber se o animal dá entrada no CRO. Caso não seja possível tenta-se encontrar alguém que possa ficar temporariamente com o animal e, em último caso, permanece na rua, com alimentação e sob vigilância.
“Existe um aumento no abandono, mas não acredito que seja por questões financeiras. Sempre houve abandonos independentemente do custo de vida. Se a pessoa não tem dinheiro para ração, dá arroz. O chip custa entre 15 a 20 euros numa clínica e durante a campanha de vacinação anti-rábica são 10 euros. Se conseguem pagar dois maços de tabaco também podem pagar o chip. É uma questão de prioridades”, diz Daniel Aldeano.
Na rua os voluntários dão de caras com cães em estado extremo de magreza, quase a morrer na via pública, animais a serem comidos pelos bichos ainda com vida e cães atropelados. Mas a associação não tem recursos financeiros e materiais para salvar todos. Para além da falta de voluntários a AAAC paga anualmente 2.200 euros de renda pela sede, mais água, luz e internet. Só em combustível foram gastos 3.500 euros em 2022.
As despesas são muitas para um orçamento que conta com 3.500 euros da Câmara de Coruche (aumentou em 2023), mais a verba das quotas dos sócios. De 121 associados cerca de 70% têm as quotas em dia. Em 2023 contaram também com o apoio da Junta de Freguesia de Coruche, Fajarda e Erra e pela primeira vez vão apresentar uma candidatura ao programa do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas que comparticipa parte das despesas já efectuadas em consultas veterinárias ou medicamentos. Além disso existe um protocolo com os veterinários do concelho que facilitam consultas e medicação.
Na sede, pouco funcional, fica armazenada a ração e as doações das pessoas. É onde vivem também alguns gatos que depois seguem para adopção. Este ano a associação já fez três campanhas de recolha de bens essenciais e ainda prevê realizar mais uma.
A AAAC está sem carrinha quase há um ano por motivo de avaria. A associação ainda arriscou um crowdfunding junto da população para solicitar apoio para a compra de outra viatura em segunda mão. Do orçamento de cerca de 16 mil euros metade da verba era assegurada pela câmara e oito mil euros através das doações. “Conseguimos 540 euros na campanha. A ajuda da população não existe porque acham que o município tem obrigação de ajudar”, diz Daniel Aldeano.
A associação, com 21 anos de actividade, actua sem passar por cima da GNR ou da câmara e não se revê na actuação do IRA - Intervenção e Resgate Animal. “A lei está cima de tudo e é para se cumprir mesmo que não concordemos. Não concordamos entrar em propriedades privadas sem autorização nem que resgatem animais para depois os ir colocar noutras entidades. O IRA é que fica reconhecido e as outras entidades é que ficam com o prejuízo. Trata-se de uma força paramilitar com outro intuito e não estou confortável para trabalhar com eles”, afirma a O MIRANTE.