Sociedade | 23-09-2024 12:00

A birra pelo comando e a ambulância de Almeirim que socorreu homem à porta dos Sapadores de Santarém

A birra pelo comando e a ambulância de Almeirim que socorreu homem à porta dos Sapadores de Santarém
Sapadores e voluntários evidenciam clima de tensão em dois episódios recentes relacionados com socorro

Há dois episódios que vêm atiçar o fogo que está a afectar a Companhia Sapadores de Bombeiros de Santarém, desde que se descobriu que é a corporação da Lezíria do Tejo que menos serviços de emergência faz e que custa mais dinheiro que as três corporações de voluntários do concelho.

Um caso ocorreu nas festas da cidade com uma birra por causa do comando das operações que foi assumido pelos voluntários. O outro foi quando foi accionada uma ambulância de Almeirim para socorrer uma pessoa à porta do quartel dos sapadores.

Os Bombeiros Sapadores de Santarém, cuja corporação tem sido posta em causa devido à fraca operacionalidade, têm também protagonizado alguns episódios caricatos, um dos quais levou à intervenção da Polícia. Outro caso é o de um serviço de socorro feito pela corporação de Almeirim à porta do quartel tutelado pelo município. Recorde-se que no primeiro semestre deste ano a companhia de sapadores, com 32 bombeiros, foi a que prestou menos serviços de emergência de todas as 16 corporações da Lezíria do Tejo. Abaixo de Alpiarça, que também depende da câmara, que tem 24 profissionais e uma dezena de voluntários, e que fez mais 249 serviços de emergência que a sua congénere de Santarém, num total de 707 ocorrências.
Nas últimas festas da cidade de Santarém, conta o presidente dos Bombeiros Voluntários de Santarém, houve um desentendimento por causa do comando das operações de segurança ao evento, o que, diz Diamantino Duarte, acontece em outras situações com alguma frequência. O episódio, elucidativo do ambiente entre elementos dos dois corpos de bombeiros, ocorreu numa altura em que os voluntários tinham assumido o comando por terem sido os primeiros a chegar e por terem o bombeiro mais graduado no local.
Segundo Diamantino Duarte, que também é o presidente da União de Freguesias da Cidade de Santarém e da concelhia do PS, quando os sapadores chegaram ao local acharam que deviam ser eles a comandar e gerou-se uma discussão, com os voluntários a não abrirem mão de um procedimento que é habitual e que está estipulado, que é ser o mais graduado a assumir a orientação das operações. Na altura os voluntários tinham um chefe e os sapadores um sub-chefe, segundo revela o dirigente. Os elementos da corporação municipal chamaram a PSP para identificarem os bombeiros voluntários alegando que lhes davam o comando.
Episódio caricato aconteceu também no ano passado quando João Vitorino, tripulante da ambulância de socorro da corporação de Almeirim, teve de ir durante a noite, com outro colega, a uma ocorrência ordenada pelo Centro de Orientação de Doentes Urgente em frente ao quartel dos Sapadores de Santarém. Um homem estava a sentir-se mal, sentado no passeio, mas não era uma situação de grande gravidade. O que espantou o bombeiro, com muitos anos de serviço e por sinal filho de um ex-comandante que chegou a orientar os Bombeiros Municipais de Santarém, que depois passaram a sapadores, foi estar junto da vítima um bombeiro sapador e ninguém ter pegado numa ambulância para levar a pessoa ao hospital, a menos de cinco minutos de distância.
João Vitorino conta que sentiu uma grande revolta por se ter utilizado um meio de outra corporação vizinha só porque os sapadores não quiseram fazer o transporte, alegando que só tinha a guarnição para o veículo de incêndios e que assim não podiam sair com a ambulância. Na altura o bombeiro de Almeirim desabafou alto e bom som, para que fosse audível dentro do quartel, que o que se estava a passar era uma vergonha.
Os Bombeiros Sapadores de Santarém têm estado debaixo de fogo da própria câmara. O presidente da câmara, que saiu de funções no dia 6 de Setembro, Ricardo Gonçalves, disse a O MIRANTE em Agosto que “é um facto indesmentível que se o município não tivesse sapadores (antigos bombeiros municipais), poderia apoiar muito mais as associações de bombeiros voluntários, e com menor investimento teria mais operacionalidade”. Entretanto Diamantino Duarte revelou que o PS aceita a extinção dos sapadores.

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