Rancho da Casa do Povo do Cartaxo despejado da sede onde estava há quatro décadas

Segurança Social não chegou a acordo com a colectividade, que teve que entregar as chaves a 15 de Maio. Família do Cartaxo disponibilizou um espaço provisório para o Rancho Folclórico da Casa do Povo do Cartaxo desenvolver as suas actividades.
O Rancho Folclórico da Casa do Povo do Cartaxo vai ter que abandonar aquela que foi a sua sede durante mais de quatro décadas. A informação foi dada pelo presidente da direcção, Francisco Catalão, a O MIRANTE referindo que este não era o desfecho que pretendiam. Como O MIRANTE noticiou, em Março deste ano, a Associação Cultural Recreativa Rancho Folclórico do Cartaxo corria o risco de ser despejada da sua sede, no primeiro andar de um edifício que pertence à Segurança Social.
Agora a Segurança Social pediu uma renda de mais de mil euros por mês, valor que a associação não tem como suportar. E a Câmara do Cartaxo também não pode ajudar, como referiu o presidente do município, João Heitor (PSD), em sessão camarária. A associação ainda fez uma contra-proposta para pagar 250 euros por mês de renda, que foi aceite mas não avançou porque a associação teria que ter o estatuto de utilidade pública, o que não se verifica. O último dia para retirar os pertences do espaço onde funcionava a sede foi a 15 de Maio, dia em que Francisco Catalão entregou as chaves do edifício à Segurança Social.
No entanto, a associação não vai ficar sem sede. Um casal do Cartaxo, Helena e Rui Maximiano, disponibilizaram um espaço no centro da cidade onde vai ser possível ao rancho ensaiar e ter a sua sede provisória até o município encontrar um espaço que possa ceder. “É com muita pena que saímos daquela que sempre foi a nossa sede. Cresci aqui, como muitos dos meus colegas. Agradecemos imenso à dona Helena e ao senhor Rui Maximiano por nos ajudarem gratuitamente porque não tínhamos onde colocar as nossas coisas”, afirma Francisco Catalão.
Conhecida como Rancho da Casa do Povo do Cartaxo a associação estava ali instalada desde 1981. No final dos anos 80 do século passado a Casa do Povo do Cartaxo foi extinta. Entretanto o edifício passou a pertencer à Segurança Social mas o rancho continuou a ter a sua sede no primeiro piso do edifício, conhecido como ‘o edifício da Casa do Povo’. Em 1996 foi assinado um protocolo entre a Câmara do Cartaxo e a Segurança Social em que ficou definido que apesar de o edifício pertencer à Segurança Social o primeiro piso continuaria cedido à associação. Só que agora o Estado está a reaver todo o património da Segurança Social e por isso a associação teve que sair do edifício.
Uma colectividade que não é só folclore
A Associação Cultural Reacreativa Rancho Folclórico do Cartaxo foi fundada em Novembro de 1947. Actualmente, além do rancho, tem um grupo de música popular portuguesa, grupo de teatro e zumba. É uma forma de ter mais dinâmica e mais receitas. O balão de oxigénio que têm ao longo do ano é durante a Feira do Vinho e a Feira dos Santos onde exploram uma tasquinha e fazem dinheiro que lhes permite gerir a colectividade. O rancho folclórico é o que mobiliza mais pessoas, com cerca de 40 elementos entre os quatro e os 80 anos. Divide-se em três grupos: infantil, adulto e as velhas guardas, a quem deram o nome de “Glórias Vivas”.