Sociedade | 03-12-2022 20:49

Paixão por mobilettes inspirou exposição em Santarém

Paixão por mobilettes inspirou exposição em Santarém
João Cláudio e Pedro Figueiredo decidiram dar a conhecer as suas mobilettes numa exposição que está patente até 10 de Dezembro no Centro Cultural e Regional de Santarém

Motorizadas francesas fizeram sucesso após a Segunda Guerra Mundial porque não era preciso carta de condução nem seguro.

Exposição “Troca Vassouras por Mobilette” está em exibição até 10 de Dezembro no Fórum Actor Mário Viegas do Centro Cultural Regional de Santarém.

O primeiro contacto que Pedro Figueiredo teve com uma mobilette foi durante uma viagem de trabalho há mais de 25 anos. Comercial de profissão, vinha de Leiria quando vê um senhor a colocar a mota à venda no seu quintal. Passou de carro e ficou a pensar que seria uma mota gira para si. Voltou para trás e perguntou quanto o senhor queria pela mota. Pediu-lhe 50 contos. Pedro Figueiredo foi levantar dinheiro e levou a motorizada para casa. “Esteve parada durante muitos anos. Há cerca de 15 anos, um amigo, que também tem motas antigas, falou-me num passeio que iria haver de motas antigas e desafiou-me. Arranjei a mota e foi assim que começou a paixão. Já tenho vinte, já chega”, afirma a O MIRANTE na inauguração da exposição “Troca Vassouras por Mobilette”, na sexta-feira, 25 de Novembro. A mostra está patente no Centro Cultural Regional de Santarém – Fórum Actor Mário Viegas, até 10 de Dezembro.
Momentos antes da inauguração da exposição, o veterinário João Cláudio, figura muito conhecida na cidade, estava a colar cartazes da publicidade das mobilettes, motorizadas francesas que fizeram sucesso logo após o final da Segunda Guerra Mundial, em França, por serem bicicletas com um pequeno motor que permitia conduzir sem ter carta de condução ou seguro. As mobilettes foram um sucesso sobretudo entre as mulheres que aproveitavam para se deslocar sem necessidade de carta de condução.
João Cláudio confessa a O MIRANTE que foi Pedro Figueiredo que lhe incutiu a paixão pelas mobilettes quando lhe vendeu a primeira. O veterinário possui cinco, uma para cada elemento da família. “Agora com os netos vou ter que comprar mais ou então vamos partilhar”, confessa com um sorriso rasgado. Um dos cartazes afixados na exposição é de uma mota comprada pelo jovem Norberto Infante Pedroso, que estudava em Paris, embora as suas raízes familiares estivessem na Chamusca. “Este jovem escreveu ao pai a explicar como era a motorizada. Para convencê-lo a comprar explicou que a motorizada consumia três vinténs de petróleo e electricidade e que permitia ir de Santarém à Chamusca. Isto em 1902, conseguir fazer 50 quilómetros por três vinténs... Claro que o pai permitiu que ele comprasse a motorizada uma vez que vivia longe de Paris e assim escusava de apanhar tantos transportes públicos”, conta João Cláudio.
Uma das mobilettes em exposição, verde, foi restaurada por Pedro Figueiredo depois de a ter desenterrado num terreno ao lado do antigo matadouro de Santarém. O telhado ruiu e a mota ficou lá enterrada. “Um amigo disse-me para levar uma pá e uma picareta, que ia ter trabalho mas que iria valer a pena. E foi verdade. Consegui recuperar a mota mas demorei oito anos a restaurá-la. É preciso paciência, muita paixão e amor. A minha mulher tem uma e os meus filhos também, assim como o meu sobrinho que a utilizou sempre para se deslocar para a escola secundária”, afirma Pedro Figueiredo.

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