Impacto da suspensão da rede X (Twitter) na comunidade cripto
A recente suspensão da rede X (antigo Twitter) no Brasil levantou preocupações em todo o mundo sobre os impactos que medidas regulatórias podem ter no mercado de criptomoedas. No Brasil, o X é amplamente utilizado por startups, influenciadores e investidores para divulgar campanhas, coordenar eventos e compartilhar atualizações importantes com a comunidade global.
Mas embora a situação tenha ocorrido em um contexto brasileiro, as discussões sobre a censura e a importância das redes sociais para a comunicação no setor cripto se espalharam rapidamente por outras nações. Isso inclui Portugal, onde a comunidade de criptomoedas também depende intensamente dessas plataformas para se conectar e promover inovações.
De acordo com dados da CoinGecko, cerca de 34,4% dos investidores cripto em todo o mundo utilizam o X como sua principal fonte de notícias e atualizações, o que coloca a plataforma no centro da comunicação digital da comunidade. A possibilidade de uma medida semelhante ocorrer em Portugal levanta a questão: como a comunidade local de criptomoedas se adaptaria a uma perda tão grande de uma plataforma de comunicação como o X?
Para muitos no setor, a rede social é um elo entre projetos locais e investidores globais, além de ser um canal essencial para a divulgação de iniciativas cripto, como os airdrops, uma estratégia de distribuição de tokens que tem sido muito utilizada em Portugal para promover novos projetos. Os airdrops de criptomoedas têm sido uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de novos projetos cripto em no país.
Eles permitem que startups distribuam tokens gratuitamente, criando um primeiro contato com potenciais usuários e investidores. Essa prática tem se tornado comum em plataformas como o X, onde os projetos conseguem alcançar uma ampla audiência de forma rápida e direta. Embora os airdrops não sejam o centro da comunidade cripto portuguesa, eles tem um papel importante na sua expansão.
Muitas startups em Portugal usam a rede X para coordenar essas campanhas de distribuição, promovendo tokens que, futuramente, podem ser integrados ao ecossistema blockchain. De acordo com CoinGecko, Portugal tem visto um grande aumento na participação de usuários em airdrops nos últimos dois anos, com 16% dos investidores portugueses relatando que participaram de pelo menos um airdrop em 2023.
Porém, a dependência das redes sociais para coordenar e divulgar esses airdrops levanta preocupações sobre a resiliência do setor. A suspensão da rede X no Brasil demonstrou que, sem plataformas centralizadas de comunicação, muitos projetos podem perder tração e engajamento rapidamente, levando à redução do alcance e à dificuldade em atrair novos usuários.
Se um cenário similar ao do Brasil ocorresse em Portugal, as consequências para a comunidade cripto local seriam graves. As redes sociais, especialmente o X, são usadas não apenas para campanhas de airdrops, mas também para a organização de eventos, como conferências de blockchain, e para facilitar o networking entre startups e investidores internacionais.
Além disso, as Organizações Autônomas Descentralizadas (DAOs), que utilizam amplamente o X para coordenar atividades e compartilhar atualizações em tempo real, veriam seu modelo de governança descentralizada ser comprometido. A redução do acesso a essas plataformas poderia até mesmo resultar em perdas financeiras diretas para startups e influenciadores cripto.
Como mencionado no exemplo brasileiro, onde muitos viram seu alcance e, consequentemente, sua receita, cair drasticamente. A medida, que bloqueou o acesso de mais de 22 milhões de usuários brasileiros, foi imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou que a plataforma estava permitindo a disseminação de desinformação.
Casta Crypto, um influenciador brasileiro de criptomoedas, relatou que após o bloqueio da plataforma, sua audiência caiu em dois terços, o que gerou uma grande perda de engajamento. Da mesma forma, João Ferreira, cofundador de uma startup de finanças descentralizadas (DeFi) no Brasil, relatou que sua empresa perdeu metade do seu alcance após a suspensão da rede X, uma perda que poderia ser replicada em startups portuguesas dependentes dessa plataforma.
Embora a suspensão da rede X no Brasil tenha trazido muito problemas, ela também impulsionou a busca por alternativas. Plataformas como Telegram, Discord, e até mesmo novos canais como Farcaster e Nostr tiveram um aumento no número de usuários. Em Portugal, startups e influenciadores já começaram a diversificar sua presença digital, explorando novos canais para garantir que não sejam pegos de surpresa por mudanças regulatórias ou suspensões.