Bessa diz que Assembleia da República tem um quisto
Daniel Bessa não acredita na recuperação económica de Portugal com uma dívida monstruosa. Para exemplificar o quanto é critico sobre a politica de imposto diz que qualquer dia o Estado cobra imposto ao cidadão que sai à rua com uma camisa lavada.
Daniel Bessa foi o comentador residente da primeira sessão dos “Encontros da Junqueira” que teve como orador Ricardo Reis, professor na London School of Economics.
O professor de Economia e ex-ministro não deixou o seu crédito por mãos alheias. Ao contrário do orador, Daniel Bessa tem muitas dúvidas sobre o rumo do país e considerou que um dos males está na Assembleia da República onde há um quisto que pode estragar tudo.
“Claro que concordo com alguma das coisas que foram ditas, e em algumas áreas da economia portuguesa houve melhorias, mas isso também não admira. Ainda ontem estive numa outra iniciativa parecida com esta e patrocinada pelo Presidente da República. Percebe-se que até o Presidente da República tem esta agenda na cabeça. Mas os tempos não estão fáceis. Eu não queria ser ministro da Economia. Nesta altura o ministro não sabe de que terra é ao contrário de outros membros do Governo que sempre vão encontrando alguma tábua de salvação”.
Para Daniel Bessa “qualquer que seja o caminho que Portugal vá trilhar estamos sempre condenados pelo passivo. E podemos dizer que ele é astronómico ou até monstruoso. Podemos pôr a hipótese de atenuarmos o peso da dívida com a ajuda dos credores; mas como é que se vai negociar à Europa com os principais credores com parceiros de Governo que defendem publicamente a saída do Euro?"
“A subida do peso das exportações portuguesas foi o melhor que aconteceu a Portugal nos últimos anos mas também aqui podemos adivinhar um grande ponto de interrogação; não houve investimentos a condizer; ou as empresas andam a perder dinheiro com as exportações, o que é muito provável, ou os empresários não sabem o que andam a fazer”, disse, sempre seguindo a linha de raciocínio do orador convidado, tecendo elogios à sua juventude e desejando que ele tenha toda a razão do mundo para ser mais optimista.
Daniel Bessa não é só crítico do Governo que “qualquer dia cobra imposto ao cidadão que sai à rua com uma camisa lavada”. Para ele os empresários que se gabam de terem muitos lucros e não promovem boas políticas salariais são iguais aos políticos; “Eu nunca me orgulharia de qualquer bom resultado das minhas empresas se não tivesse promovido melhorias salariais dos meus trabalhadores”, afirmou, como exemplo.
Ainda sobre as empresas e a sua forma de se promoverem, Daniel Bessa considerou ridícula a existência de feiras em Portugal para se venderem produtos ao mundo; “Alguém vem cá para nos comprar produtos? Claro que não vêm. É nas feiras lá fora é que se faz caminho”, disse.
Esta foi a primeira de três sessões dos “Encontros da Junqueira” que a AIP organiza ao longo do ano no âmbito do programa de comemorações dos 180 anos da associação.
Nas três edições dos “Encontros da Junqueira” serão abordados temas como o financiamento, investimento e internacionalização da economia; os novos modelos de negócio e a organização empresarial, o capital humano e a retenção de talentos.