Economia | 11-12-2019 18:00

Insectos vão ajudar a produzir adubos e farinha para alimentar animais

Insectos vão ajudar a produzir adubos e farinha para alimentar animais

Projecto envolve empresas e unidades de investigação e estima-se que vá dar origem a um investimento de 15 milhões de euros na região.

Um projecto desenvolvido nos últimos três anos com larvas de moscas, para produção de adubos a partir de subprodutos vegetais e de farinha para alimentação animal, prevê um investimento de 15 milhões de euros no distrito de Santarém, disse um dos promotores.

Daniel Murta, da empresa EntoGreen, diz que essa empresa de Santarém desenvolveu o EntoValor juntamente com investigadores da Estação Zootécnica Nacional (EZN), pólo de Santarém do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), um entreposto agrícola e produtores de rações animais.

A unidade fabril, em fase “avançada” de negociações com um grupo empresarial português, permitirá dar escala a uma produção que, no âmbito da investigação, foi realizada em protótipos, com “resultados muito interessantes”, tanto no uso do fertilizante orgânico obtido pela acção dos insectos, como na transformação destes em farinha para alimentação de aves.

A O MIRANTE, Daniel Murta disse que apesar de já terem o lote de construção seleccionado, ainda não querem divulgar em que concelho irá ficar localizada a unidade nem o parceiro que vai fazer o investimento com a sua empresa. Prevê-se a criação de 55 postos de trabalho directos.

O empresário e médico veterinário sublinhou o apoio do INIAV, onde as empresas puderam contar com a vertente de investigação e desenvolvimento e a possibilidade de submissão de candidaturas a fundos comunitários. Além do INIAV, são parceiros do projecto a AgroMais Plus, a Rações Zêzere e a Consulai.

Os resultados mostram que a utilização deste fertilizante orgânico se traduziu num aumento de 16% na produção de batata e se no tomate para a indústria a quantidade se manteve, a qualidade foi “substancialmente melhor”, disse.

Já a farinha de insectos, que permitiu substituir na totalidade a farinha de soja (importada) na alimentação de galinhas poedeiras, não alterou a qualidade dos ovos produzidos, demonstrando que “é possível produzir animais de forma mais sustentável”.

Laboração prevista para 2022

A unidade que deverá resultar do projecto, a desenvolver a partir do próximo ano e com previsão de entrada em laboração em 2022, “será uma das cinco primeiras a nível mundial” e estará “na ponta da tecnologia”, declarou.

A perspectiva é que venha a ter capacidade para produzir anualmente 2.500 toneladas de proteína de insecto e 500 toneladas de óleo de insecto, gerando 9.000 toneladas de fertilizante orgânico através da conversão de cerca de 36.000 toneladas de subprodutos, recirculando todos os seus nutrientes, adiantou o empresário.

Os resultados preliminares deste projecto “foram bastante animadores”, pois “demonstraram que é possível substituir totalmente a soja por farinha de insectos e produzir de forma eficiente os animais”, bem como mostraram que os fertilizantes gerados são úteis no solo, quer na produção de milho, quer na de batata ou de tomate, estando a ser testados laboratorialmente em alfaces.

Por outro lado, os insectos – neste caso a larva da mosca soldado negra – dão origem a “duas fontes nutricionais alternativas: a proteína de insecto e o óleo de insecto, altamente valorizadas, comparadas com farinha de peixe e que começam a ser bastante apetecíveis, por exemplo na indústria de produção de aquacultura”, acrescentou.

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