Agrupamento de Escolas José Relvas recebe alunos do Secundário de forma diferente
Alunos passaram o dia de aulas sem aulas mas com actividades que permitiram perceber os anseios e preocupações perante o período pandémico que se vive.
O regresso dos alunos do secundário às aulas presenciais na Escola José Relvas em Alpiarça foi diferente, com os alunos a passarem o dia sem material escolar e a cumprirem o horário com os professores em momentos de reflexão, jogos e muitas conversas. O Agrupamento de Escolas José Relvas já tinha tido a mesma iniciativa aquando do retomar das aulas dos segundo e terceiro ciclos, após o segundo confinamento, numa acção de promoção do bem-estar físico e psicológico dos alunos e com actividades enriquecidas e adaptadas à realidade vivenciada por todos, falando-se de escola numa perspectiva abrangente.
Nas salas de aula os professores apresentaram aos alunos uma lista para despiste de sinais de ansiedade elaborada pelas psicólogas para que, cada um, conseguisse verificar o seu estado emocional. “Um dos exercícios passou pelos alunos escreverem anonimamente os pensamentos/sentimentos negativos que os afectaram durante o confinamento”, explica o agrupamento. Todas as turmas tiveram um momento de reflexão conjunta sobre o bem-estar emocional e momentos de prática de meditação (Mindfulness), dinamizadas pelas várias Psicólogas/Educadoras Sociais e caminhadas pela zona da barragem dos Patudos, orientadas pelos professores de Educação Física.
O dia de aulas terminou com a directora, Isabel Silva, a ler os pensamentos/sentimentos negativos, que foram queimados, de forma simbólica, no pátio da escola, com a colaboração dos professores e elementos do Gabinete de Apoio ao Aluno. A directora considerou que este dia foi bastante positivo, porque permitiu aos alunos reencontrarem-se com os colegas e professores de forma mais descontraída e sem pressão, “pois são os adolescentes quem mais sofre com este isolamento”, salientam.
Ao ler as preocupações, a diretora apercebeu-se do estado emocional e dos anseios dos alunos. “O ensino online, o isolamento, a falta de sociabilização, problemas familiares, tristeza, irritabilidade, excesso ou falta de peso, saudades dos familiares, amigos e professores, o medo em contrair a doença (muitos referiram-se aos avós), o impedimento de namorar, conviver e sair com os amigos, a pressão da realização de exames nacionais, o receio de não conseguirem boas notas, a incerteza no futuro e alguns casos mais depressivos são os aspectos a que a escola tem de estar atenta”, concluiu-se.
Isabel Silva referiu que “não vamos mudar a vida dos alunos num dia mas levá-los a sentir que a escola se preocupa com eles e com o seu bem-estar será uma forma de os incentivar e motivar no presente e para o futuro, ainda tão incerto para todos nós. Só de pensar que este dia pôde ter feito a diferença na vida de alguém faz-nos acreditar que não foi um dia perdido, mas sim um dia ganho pois se os alunos não estiverem bem não vão conseguir aprender”.