População de Valhascos quer as suas couves reconhecidas oficialmente

Aldeia do concelho do Sardoal celebrou o seu vegetal e o azeite novo com a segunda edição do festival que promove uma couve única em Portugal.
O Festival da Couve de Valhascos com Azeite Novo, no concelho do Sardoal, voltou para a sua segunda edição, numa organização conjunta da Associação Cultural e Desportiva de Valhascos (ACDV) em colaboração com o município, a junta de freguesia e a Tagus Ribatejo Interior.
A pergunta que se impõe é: o que tem a couve de Valhascos de diferente das outras? “O próprio clima e a terra fazem com que tenha característica únicas que não encontramos em mais nenhuma zona do país”, considera Duarte Batista. O jovem presidente da junta, que é maquinista da CP, conta que já tentou levar a semente para outros locais e cultivar, mas diz que o sabor da couve “não tem nada a ver”. O truque está no micro-clima e na terra barrenta, além “do toque de carinho e amor”. Duarte Batista lembra que os seus antepassados traziam as couves das hortas para junto das casas quando estas começavam a florir, onde preparavam uma nova semente para plantação.
A couve de Valhascos tem duas alturas de colheita anuais. Em Setembro, por altura da festa em honra de Nossa Senhora da Graça, fazendo-se nova plantação para colher pelo Natal, sendo que uma espécie é amarela e a outra branca. “Há quem defenda que é uma couve tronchuda, há quem defenda que é uma couve de olho”, debateu-se antes do jantar na conversa que juntou o presidente da Câmara do Sardoal, Miguel Borges, e a coordenadora da Tagus, Conceição Pereira. Duarte Batista revelou na iniciativa estar a trabalhar para obter uma certificação oficial da couve.
O festival realizou-se num fim-de-semana e terminou com a caminhada “Por entre o Fio de Azeite e a Couve de Valhascos”, onde participaram cerca de 50 pessoas, e um mercado de produtos agrícolas e artesanato da região.
A Couve de Valhascos tem sido alvo de diversos estudos genéticos e agronómicos, bem como das suas propriedades nutricionais e gustativas. É uma couve de grande porte e produz um repolho central, bastante compacto e pesado, de cor verde-escura, o popular “olho”.