“Esta é a oportunidade certa para regressar a Portugal e investir no país”
Centenas de empresários portugueses que vivem no estrangeiro participaram nos Encontros da Diáspora, que se realizaram entre 15 e 17 de Dezembro, em Fátima.
Segundo a organização, não estiveram presentes empresários emigrantes do distrito de Santarém mas foram três dias dedicados aos negócios. O MIRANTE conversou com alguns empresários que fazem sucesso no estrangeiro mas todos têm o mesmo pensamento: regressar ao seu país e investir por cá.
Isabel Loureiro foi viver para a Alemanha um pouco contrariada. Uma irmã sua já vivia lá e quando nasceu a segunda filha pediu ajuda a Isabel. A primeira resposta foi negativa porque já estava a dar os primeiros passos com um pequeno ateliê em casa dos seus pais, em Mangualde (distrito de Viseu). Um ano depois arriscou e viajou para junto da irmã. Era para ficar apenas um ano. Já passaram 39 anos. A sua irmã já regressou a Portugal e Isabel Loureiro por lá continua onde tem feito sucesso por terras germânicas com o seu ateliê de alta costura, o MaBatelier Loureiro.
No entanto, tem o desejo de regressar definitivamente a Portugal. “Estive muitos anos desligada de Portugal e concentrada no meu trabalho. Estou muito bem integrada, tenho muitos bons conhecimentos e criei lá o meu nome, com obra feita. Nunca pensei que voltasse a redescobrir Portugal e quero muito voltar. Por minha vontade voltava amanhã. Estou à procura de um local para instalar o meu ateliê por cá. Não sei ainda se Lisboa ou Porto, estou a decidir”, contou a empresária a O MIRANTE durante os Encontros Nacionais de Apoio ao Investimento da Diáspora que decorreram entre 15 e 17 de Dezembro, no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima.
Paulo Calçada emigrou para a Suíça aos 14 anos com os pais. Trabalhou durante dez anos na área da relojoaria de luxo e depois de aprender tudo decidiu arriscar e criar a sua própria empresa, há 22 anos. Há 12 anos, após mais uma edição dos encontros da Diáspora, decidiu inaugurar uma empresa na sua terra natal, Santa Maria da Feira (distrito de Aveiro). Na Suíça a sua empresa factura uma média de 18 milhões de euros por ano e dá emprego a 190 pessoas. Em Portugal emprega 240 trabalhadores.
O seu “sonho de menino”, como costuma dizer em jeito de brincadeira, sempre foi regressar a Portugal. O primeiro passo foi abrir a loja em Santa Maria da Feira. Actualmente, vive entre Suíça e Portugal, vindo duas a três vezes por mês ao seu país. “Ao início as saudades eram muitas. Só podia vir nas férias. Qualquer pessoa quer regressar definitivamente ao seu país e estou a pensar fazê-lo no próximo ano”, afirma Paulo Calçada que garante ser este o momento de investir em Portugal, uma vez que está muito bem visto no estrangeiro.
Um pé em Portugal
e outro no estrangeiro
Opinião semelhante tem Paulo Pereira cuja principal actividade está em França sendo o principal distribuidor de produtos portugueses para o mercado francês através da sua rede de supermercados. Se há 20 anos 95% dos seus clientes eram emigrantes portugueses, actualmente 50% dos clientes são franceses. “O turismo português está em alta e os franceses começaram a descobrir a nossa gastronomia e compram os nossos produtos”, explica o empresário que também tem negócios em Portugal sendo o proprietário da Quinta da Pacheca.
Paulo Pereira, natural de Felgueiras, distrito do Porto, emigrou para França com poucos meses de vida quando os pais foram à procura de uma vida melhor. Fez sucesso na área de distribuição de produtos portugueses e há alguns anos que tem comprado algumas quintas no nosso país, nomeadamente na Bairrada, Dão e outras regiões. “Vivo entre Portugal e França e cada vez mais estou a fazer para ficar por cá. Gosto do meu país e quero investir mais em Portugal”, afirma Paulo Pereira.
Nuno Osório vive no Equador desde 2008 quando foi convidado para trabalhar numa empresa na área do minério. O empresário de Vila Nova de Gaia descobriu o potencial do país nessa área e criou a sua própria empresa mineira de exportação de ouro, prata e concentrados. Actualmente, possui duas empresas no Equador na mesma área e exportam a maioria do material. O pai, António Osório, vive entre Portugal e Equador. Ajuda o filho sempre que é preciso. O volume de negócios da empresa maior ronda os 20 milhões de euros por ano. Estão a pensar investir em Portugal adquirindo uma refinaria na zona de Sines. Será mais um meio para fazer a ponte nos negócios para a Europa.
Apesar de tudo Nuno Osório pensa regressar a Portugal. “Neste momento tenho que estar no Equador porque é lá que ganho dinheiro mas venho a Portugal sempre que tenho oportunidade e um dia hei-de regressar definitivamente”, garante a O MIRANTE. Este não é o primeiro encontro da Diáspora em que participam. Dizem ser sempre boas oportunidades para expandir a rede de contactos, de novos negócios e criar sinergias que podem dar certo.