Burocracia empata investimento de 29 milhões em Alcanede
Fravizel quer ampliar as suas instalações para construir uma nova unidade de fabrico de maquinaria na Zona de Desenvolvimento Económico de Alcanede.
Empresa está há anos à espera que sejam desbloqueadas as condicionantes que impedem a construção nos lotes que comprou à Câmara de Santarém. Projecto é financiado pelo PRR, pelo que o tempo urge.
A empresa Fravizel anda há anos a tentar ampliar as suas instalações na Zona de Desenvolvimento Económico de Alcanede, em Pé da Pedreira, mas entraves burocráticos têm impedido a concretização do investimento que ronda os 29 milhões de euros. O objectivo é criar uma nova unidade de fabricação de maquinaria para diversos fins.
Os terrenos em causa, vendidos à empresa pela Câmara de Santarém, têm condicionantes à construção por parte se encontrar em zona de Reserva Ecológica Nacional (REN). A solução deve passar pela publicação da nova delimitação da área do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC) - que se prevê para breve - e da revisão do Plano Director Municipal (PDM) de Santarém, que também está na fase final. A conclusão desses processos permitirá a desafectação da área necessária para construção, mas não é fácil prever um prazo em concreto para que o processo de licenciamento das obras tenha condições para ser aprovado.
E entretanto o tempo urge, até porque o projecto conta com financiamento aprovado da União Europeia através do Plano de Recuperação e Resiliência, o famoso PRR. É por isso que Eliseu Frazão, fundador e dono da Fravizel, não se cansa de criticar a burocracia que condiciona o investimento no tecido produtivo e que o leva a pedir celeridade nos procedimentos das diversas entidades envolvidas.
“Fico completamente baralhado em relação às decisões que o país toma”
“Nós transformamos aço, aplicamos componentes e fabricamos máquinas para vários países do mundo. E estamos bloqueados em relação à ampliação das instalações, com mais de um ano de atraso... Mas o processo tem anos de atraso em relação à ampliação da zona industrial, para podermos construir à volta de 14 mil metros quadrados. Temos máquinas a chegar e não temos condições para as montar lá. E apesar de todo o esforço político local que tem sido feito a verdade é que não tenho o problema resolvido”, disse Eliseu Frazão aos jornalistas durante uma visita à sua fábrica, no dia 30 de Março, promovida pela Câmara de Santarém no âmbito da primeira Feira da Educação e do Empreendedorismo (ver outro texto nesta edição).
O empresário não poupa o que considera as contradições de algumas entidades públicas que tutelam o licenciamento de projectos. “Vejo montar coisas em sítios errados e vejo uma zona industrial onde não se pode fazer indústria. Fico completamente baralhado em relação às decisões que o país toma. Acho que o nosso país está cheio de indefinições. As pessoas gastam o tempo sem ser a resolver os problemas concretos do país, que é saber onde se pode fazer o quê”, lamenta o empresário.
A Câmara de Santarém tem estado a trabalhar no sentido de resolver o problema. Além de ter vendido os lotes à Fravizel, a revisão do PDM, actualmente em fase de discussão pública, abre portas ao licenciamento do projecto de ampliação. Mas é difícil dizer quando, em concreto. E a urgência de certos investimentos não se compadece, muitas vezes, com a morosidade dos procedimentos burocráticos.
Uma empresa familiar que não tem parado de crescer
A Fravizel foi fundada em Novembro de 1998, em Pé da Pedreira, por Eliseu Frazão, empresário que continua à frente do negócio, acompanhado pelas suas três filhas, Filipa, Inês e Joana. A empresa dedica-se ao fabrico e venda de máquinas, componentes e acessórios para diversas actividades, como construção civil, extracção de pedra, minas, portos ou exploração florestal. Cria e desenvolve produtos com recurso a alta tecnologias e mão-de-obra qualificada, em boa parte composta por jovens até aos 30 anos.