Economia | 25-04-2023 07:00

Aveiras de Cima precisa de estratégia e sangue novo para se afirmar como vila museu do vinho

Aveiras de Cima precisa de estratégia e sangue novo para se afirmar como vila museu do vinho
Manuel Correia é presidente da Associação Vila Museu do Vinho há mais de uma década

Manuel Correia é o presidente da Associação Vila Museu do Vinho, fundada há mais de uma década. No rescaldo da Ávinho, certame que atraiu milhares de visitantes à vila, diz que a associação tem vindo a perder associados e que é preciso apostar mais fichas no enoturismo que esmoreceu desde a pandemia.

Já passaram 13 anos desde que nasceu a Associação Vila Museu do Vinho, com o propósito de incluir Aveiras de Cima na rota do enoturismo português, e o que é certo é que durante algum tempo aquela vila do concelho de Azambuja recebeu turistas vindos de todo o país e além-fronteiras. “Chegavam de autocarro, almoçavam na vila e visitavam as várias adegas onde provavam o vinho enquanto explicávamos as etapas do processo de produção”, começa por dizer a O MIRANTE o presidente da direcção, Manuel Correia, no rescaldo da 17ª edição da Ávinho, que de 14 a 16 de Abril recebeu perto de 30 mil visitantes e serviu, nas típicas canecas de barro, mais de dois mil litros de vinho.
Mas o paradigma foi mudando e a pouco e pouco os turistas deixaram de aparecer com tanta frequência, até que a pandemia os afastou por completo. “Tem sido muito difícil retomar a actividade. Nós [vinicultores] continuamos por cá, disponíveis para receber, pois tempo não nos falta mas os turistas desapareceram”, diz Manuel Correia. Acrescenta que Aveiras de Cima não pode ser vila museu do vinho somente durante os três dias da festa organizada pela Câmara de Azambuja em parceria com a junta de freguesia e a associação. “É certo que recebemos nestes dias turistas ingleses e espanhóis, mas e no resto do ano?”, questiona, defendendo que é preciso criar uma estratégia e incentivos para que Aveiras de Cima possa voltar a fazer parte do mapa do enoturismo.
Também a própria associação tem vindo a perder pujança com a saída de associados “por doença ou velhice”. Actualmente são cerca de uma dúzia os produtores associados e desde a fundação da associação não apareceu sangue novo. “Os jovens não querem saber da actividade, há um desinteresse grande”, diz. Além disso, explica, para que a vinicultura se torne um negócio rentável é preciso explorar no mínimo 15 hectares.

Falta de mão-de-obra é um problema
Manuel Correia, que aos 75 anos explora três hectares de vinha, confessa que o faz para se manter activo, quase como se de uma “terapia” se tratasse. “Sou o único da família. Tenho dois filhos, mas não se meteram nisto”, diz, contando que ainda se lembra do tempo em que a Praça da República se enchia de homens, “às centenas”, à espera de serem chamados para trabalhar nas vinhas. Hoje, lamenta, a falta de mão-de-obra é um dos principais problemas que os vinicultores enfrentam.
“Os imigrantes são o que vai valendo, mas quando aqui chegam não sabem da poda e é preciso ensinar”, afirma Manuel Correia, salientando que também as alterações climáticas têm afectado o sector vinícola, sobretudo pela fraca precipitação. Na última colheita teve menos duas toneladas de uva o que se traduziu em menos litros de vinho.

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