Falta de mão-de-obra afastou restaurantes dos Sabores do Toiro Bravo em Coruche
Presidente da Câmara de Coruche demonstrou preocupação por não haver pessoas para trabalhar na restauração durante os quatro dias do evento, que terminou a 1 de Maio.
Francisco Oliveira considera que um território, para ser desenvolvido e competitivo, tem que ter gente para trabalhar nas diversas áreas. O autarca falou ainda, durante a inauguração do evento, da preferência pela localização do novo aeroporto em Benavente, da necessidade de mais alojamento e de acessibilidades que desviem o trânsito pesado do centro de Coruche.
Houve restaurantes do concelho de Coruche que não puderam participar na 19ª edição dos Sabores do Toiro Bravo por não terem mão-de-obra para trabalhar na restauração durante os quatro dias do evento. A informação foi deixada pelo presidente da Câmara de Coruche, Francisco Oliveira, durante a inauguração do certame que decorreu ao final da tarde de sexta-feira, 28 de Abril. “Contactamos mais de 20 restaurantes para estarem presentes, para compormos mais o certame, mas os responsáveis da restauração disseram todos ‘senhor presidente, não conseguimos, não temos pessoal para trabalhar’. Esta é uma grande preocupação porque um território para ser desenvolvido e competitivo tem que ter pessoas para trabalhar em diversas áreas”, afirmou Francisco Oliveira.
Para o autarca esta é uma preocupação que, na sua opinião, pode fazer perigar as competências, capacidade e valor de que um concelho necessita para poder crescer e desenvolver-se. Francisco Oliveira referiu que este certame, que já se realiza há 19 anos, tem a particularidade de se associar a um produto local, a carne de toiro bravo, e que é uma forma de dinamizar a economia local e levar mais visitantes ao concelho.
O presidente da Câmara de Coruche aproveitou a presença do secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Carlos Miguel, para abordar alguns assuntos importantes para o concelho, e para a região, e que têm demorado “muito tempo” a serem resolvidos. Francisco Oliveira falou da travessia sobre o vale do Sorraia e das várias pontes que sofrem diversos constrangimentos por ali passarem diariamente centenas de camiões que afectam o trânsito urbano da vila. “Um território competitivo tem que ter boas acessibilidades. Continuamos a lutar pelo projecto de desenvolvimento do IC10 e do IC13 de modo a que o trânsito de pesados deixe de percorrer o centro da vila de Coruche, mas tem sido difícil resolver este problema”, lamenta.
“Novo aeroporto faz muita falta faz ao país e à região”
Francisco Oliveira reforçou ainda a aposta que está a ser feita nas áreas do alojamento e hotelaria. O município está a trabalhar para ser um território de acolhimento e permanência de pessoas durante vários dias. O autarca não escondeu também a sua preferência pela localização do novo aeroporto no designado campo de tiro de Alcochete, em boa parte localizado no vizinho concelho de Benavente, por ser o que melhor serve o seu concelho. “Coruche tem mais proximidade a Alcochete do que a Santarém. Felizmente, temos tido boas notícias e o Campo de Tiro de Alcochete, que fica no concelho de Benavente, continua na corrida. O novo aeroporto é um projecto ambicioso que muita falta faz ao país e à região e se for em Alcochete vai beneficiar muito esta região”, sublinhou.
O autarca reforçou que os Sabores do Toiro Bravo, que terminou a 1 de Maio, é uma mais-valia para a restauração e uma alavanca financeira para os empresários recuperarem a sua actividade económica depois da pandemia. Também o espaço de artesanato valoriza os artesãos do concelho assim como os produtos locais.
O secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território considera estes certames da “máxima importância” para os territórios uma vez que juntam pessoas e negócios. “Este certame é conhecido por divulgar um produto local que identifica este território e isso é muito importante valorizar. Coruche soube transformar a carne de toiro bravo numa bandeira que traz mais gente à economia local”, frisou. Carlos Miguel acrescentou que estes certames são também um encontro de amigos e conhecidos e que só por isso vale a pena continuar a apostar em eventos como este.
Falta de transportes públicos e mão-de-obra afastam empresas de Coruche
Quem procura Coruche para investir debate-se com a falta de trabalhadores. A fraca resposta da rede de transportes públicos também contribui para que as empresas desistam de se fixar no município.
A falta de mão-de-obra e a rede deficitária de transportes públicos no município de Coruche inviabiliza a instalação de novas empresas. Quem o garante é o presidente do município, Francisco Oliveira que diz que as empresas quando procuram o município para se fixar questionam se existem pessoas para trabalhar. “Não perguntam qual é o valor da derrama, qual o valor do imposto municipal sobre imóveis nem o preço dos terrenos. Falam com o Instituto de Emprego e Formação Profissional e querem saber se têm mão de obra”, disse.
Recentemente uma empresa que produz comida vegetariana congelada acabou por preferir o concelho de Santa Maria da Feira a Coruche. A empresa pretendia criar 600 postos de trabalho e em Coruche, segundo a vereadora Susana Cruz, nem dez pessoas tinham para laborar.