Associações e confederações empresariais atropelam-se para ver quem tem mais importância
A Associação Industrial Portuguesa teve em 2022 os melhores resultados do exercício desde que José Eduardo Carvalho chegou a presidente da direcção. O dirigente critica o papel das associações empresariais que, em alguns casos, se substituem às confederações, numa clara desvantagem para os interesses das empresas e do trabalho associativo.
O presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), José Eduardo Carvalho (JEC), anunciou na assembleia-geral da AIP para aprovação das contas referentes ao exercício de 2022, que a associação teve o melhor resultado desde que, em 2011, houve mudanças nos corpos sociais. Para o presidente da AIP, o ano vai ser de muito trabalho. A associação está em várias frentes a tentar cumprir a função de ajudar as empresas. Entre as preocupações da direcção está o levantamento do número de impostos que foram criados na altura do resgate financeiro, e que ficaram activos e a pesar na economia das empresas. JEC anunciou ainda que “2022 foi o ano com maior envolvência e mobilização associativa”, que “a associação ultrapassou os seis mil associados” e que o investimento de instalações fotovoltaicas nos edifícios da AIP vão gerar um autoconsumo na ordem dos 33 %.
Em 2022 estiveram envolvidas em acções da AIP 9.256 empresas e 26.209 participantes. No total, a AIP dinamizou 18 projectos com financiamento de fundos estruturais nas áreas da inovação digital, internacionalização e capacitação e transição energética, entre outros. Para além de ter abordado as questões relativas ao bom desempenho dos recursos humanos da associação, e uma política de premiar o trabalho por objectivos, JEC anunciou ainda que a AIP ganhou recentemente em tribunal um processo contra a Autoridade Tributária, que estava em tribunal desde 1988.
Associações e confederações empresariais atropelam-se para ver quem tem mais importância
O presidente da AIP dedicou uma parte da sua intervenção a criticar a falta de coordenação entre associações e confederações empresariais. “É urgente que se separem as águas entre o que é a função de uma associação e de uma confederação empresarial. Segundo denunciou, “nesta altura há uma sobreposição bem visível entre as duas forças vivas do empresariado”. Na sua opinião, “as associações empresariais devem servir, no essencial, os associados com projectos para melhorar a qualidade das empresas e a sua gestão; as confederações empresariais servem para influenciar e fomentar a política económica e pública de acordo com os interesses das empresa e têm o monopólio da representação empresarial na concertação social; e são elas que devem assumir a defesa das posições empresariais sobre a política pública e económica na imprensa e na sua envolvente. Se houver separação de poderes funciona bem. Agora se o movimento associativo se confrontar com uma sobreposição destas duas vocações é o caos. E aquilo que estamos a ver é que desde 2010, fomentado até por alguns ministérios e alguns ministros, as associações empresariais tendem a sobrepor-se às confederações, e há até dirigentes que falam mais depressa na imprensa sobre os problemas que os próprios presidentes das confederações. Esta separação de águas, e do que cada um tem que fazer de essencial, é um desafio que temos que vencer para que consigamos os nossos objectivos”, avisou.
Aliança Verde para a Inovação
Um dos grandes projectos da AIP para 2023 denomina-se Aliança Verde para a Inovação, na área empresarial da Ecocerâmica e Cristal de Portugal, e reúne um consórcio de 30 empresas liderado pela Vista Alegre Atlantis. O projecto, no valor de mais de 100 milhões de euros, vai ser financiado pelo PRR e será desenvolvido em torno de seis eixos estratégicos: a Transição Energética para Adopção de Energias Alternativas, Descarbonização para Redução da Pegada de Carbono, Circularidade, Transição Digital, Formação e Capacitação dos Recursos Humanos e Promoção e Divulgação Internacional do Sector. A AIP integra o consórcio para concepção e liderança do work packge de Formação e Capacitação de Recursos Humanos. O projecto comporta cerca de 110 acções de formação contínua para as empresas do consórcio.
A assembleia-geral da AIP aprovou por unanimidade os três pontos da ordem de trabalho que incluía o relatório, balanço e contas anuais da associação.