APA levanta auto à Sugal por poluição mas empresa desconhece resultado das análises
Agência Portuguesa do Ambiente notificou a Sugal por incumprimento dos parâmetros das descargas de efluentes após episódio de poluição na Vala Nova em Benavente. A empresa diz que ainda não foi notificada e sublinha que um conjunto de factores, como a seca extrema, podem ter contribuído para o incidente.
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) levantou um auto de notícia à empresa de transformação de tomate Sugal por “incumprimento das condições do título de rejeição de águas residuais”. Recorde-se que a APA recolheu amostras de água no dia 22 de Agosto, na sequência da poluição detectada na Vala Nova, em Benavente.
A O MIRANTE a APA diz que os resultados emitidos nos relatórios de ensaio evidenciam incumprimentos, por comparação com os valores limite de emissão (VLE) previstos nas condições de descarga e no meio receptor. Nos parâmetros temperatura e pH os valores limite foram cumpridos. Também os resultados da amostra no ponto de descarga, à saída da ETAR da Sugal, cumprem os parâmetros de temperatura, pH e hidrocarbonetos.
Sugal desconhece resultado das análises
Ao nosso jornal o Sugal Group garante que até ao momento não foi notificado pela APA nem sabe o resultado das análises e diligências. “Aguardamos o envio da informação para tomarmos posição sobre as mesmas”, refere a empresa. Quando questionada se houve algum factor que tenha contribuído para a poluição na Vala Nova decorrente da sua actividade, o Sugal Group diz que a situação coincidiu com um período de calor extremo verificado nos meses de Julho e Agosto, seca severa que se verificou desde a Primavera e uma maré viva que aportou águas “nem sempre limpas” e salobras, seguindo-se um longo período em que não houve renovação da água, levando a um efeito conhecido como valas mortas.
“Acresce que, como ocorre há dezenas de anos, as várias actividades envolventes, tais como a agrícola, drenam para a vala, assim como a descarga da Sugal. Este efeito levou à acumulação de sedimentos que podem entrar em suspensão, consumir oxigénio e contribuir para que esta massa de água passe para anaerobiose (as águas ficam sem oxigénio suficiente para a sua adequada manutenção)”, adianta a empresa.
Por outro lado, a situação de calor extremo vivida em Julho e Agosto contribuiu para uma degradação do tomate recebido na fábrica, originando um aumento da carga orgânica a tratar pela ETAR. “Podem ter existido desvios pontuais em alguns parâmetros das águas descarregadas, potencialmente devidos a esta situação. No entanto, de acordo com os especialistas e académicos independentes, não pode ser feita uma relação directa entre estes desvios com a situação verificada na Vala Nova e pode ser resultante de diversos factores (conjugados ou não)”, diz a empresa.
O Sugal Group sublinha que mantém total disponibilidade para colaborar com as entidades envolvidas, estabelecendo um contacto permanente com as autoridades competentes e as equipas técnicas responsáveis pela análise da situação. A empresa diz que as descargas que efectua são compostas por matéria biodegradável mas que “a unidade de tratamento a funcionar poderá, face a situações imprevistas, ter tido desvios pontuais, alguns dos quais previstos na regulação aplicável”.
A empresa garante que os parâmetros agora medidos encontram-se dentro dos valores regulamentados, designadamente, no que respeita aos sólidos suspensos (SST) e CQO. “O Sugal Group face ao eventual incidente procedeu, de imediato, à tomada de medidas, nomeadamente, a aferição da gestão da ETAR e controlo detalhado e permanente”, acrescenta.