Economia | 17-09-2023 12:00

Equipamentos da AgroAlpiarça vendidos e ainda não se sabe destino da adega

Os cerca de 130 hectares de terrenos da cooperativa detida quase na totalidade pela Câmara de Alpiarça, que estão a ser explorados, vão continuar a ser arrendados apesar do processo de extinção.

Os rendimentos dos legados vão ser entregues à Fundação José Relvas, conforme estipulam os testamentos de quem deixou os terrenos à autarquia, o que não aconteceu durante anos. Os trabalhadores que queiram sair serão indemnizados e os outros podem pedir a integração no município.

Os equipamentos da AgroAlpiarça que estejam em boas condições vão ser vendidos e a receita vai para pagamento dos montantes devidos à câmara pelos rendimentos dos terrenos que lhe foram legados. Os lucros dessas propriedades têm de ser entregues à Fundação José Relvas em cumprimento dos testamentos de quem as deixou à autarquia, o que não aconteceu durante vários anos, estando em causa uma verba de meio milhão de euros. Os 130 hectares que estão a ser explorados vão para o processo de liquidação da cooperativa. Quanto à adega, que é propriedade da câmara e está a degradar-se, ainda não há uma decisão sobre se vai ser vendida ou arrendada. Em relação aos funcionários a câmara está aberta a integrá-los nos seus quadros ou a indemnizar quem pretender sair.
Dos terrenos, cerca de 40 hectares são de vinha enquanto os restantes são explorados com outras culturas. Os que são de legados, cujo titular é o município, a intenção é continuar a arrendá-los em hasta pública. Os rendimentos desses arrendamentos vão ser entregues, depois de retiradas as despesas, à Fundação José Relvas, segundo garante a presidente da câmara, Sónia Sanfona.
Numa altura em que já estava decidida a extinção da cooperativa, a exploração das vinhas não correu bem porque houve dificuldade em encontrar quem quisesse arrendar os terrenos. A vindima, com excepção de alguns terrenos, foi feita por mão-de-obra contratada pelo município, que vendeu a uva a 30 cêntimos por quilo. “Há excesso de vinho e por isso houve dificuldade em fazer a vindima, mas conseguimos fazer alguma coisa e tudo o que foi feito foi vendido, embora abaixo do preço que pretendíamos”, sublinha a autarca.
A Câmara de Alpiarça aprovou a dissolução da AgroAlpiarça – Produção Agrícola, na qual o município detém 98,86% da participação. Porque a cooperativa não pode legalmente apresentar resultados negativos e tal aconteceu três anos seguidos até ao ano passado. A 31 de Dezembro de 2022 a AgroAlpiarça tinha um passivo de 724.675,30 euros dos quais 574.973,43 euros são devidos ao município. A CDU, que esteve a gerir o município nos três mandatos anteriores não aceita este desfecho, que considera inaceitável, e que se devia encontrar outra solução.
A AgroAlpiarça comercializava vinhos brancos, tintos, rosés e licorosos e azeite. Tem mais de 250 hectares no concelho de Alpiarça, legados na sua maioria por José Relvas que, além de proclamar a independência da República portuguesa a 5 de Outubro de 1910, era um grande proprietário agrícola. A AgroAlpiarça foi fundada em 1988 na sequência do processo de liquidação da Reforma Agrária.

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