Sindicato alerta que empresa de Torres Novas pode avançar com despedimento colectivo

Empresa de cerâmicas pediu insolvência e avançou com comunicação da intenção de abrir um processo de despedimento de 106 trabalhadores. Sindicato culpa a administração de gestão danosa, incapaz de evitar o desastre. PCP tinha avisado o Governo, em Dezembro, que havia salários em atraso.
O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Cimentos e Similares, Construção, Madeiras, Mármores e Cortiças do Sul e Regiões Autónomas (STCCMCS) alertou que foi anunciada pela C.M.G- Cerâmicas Lda, a 13 de Outubro, a “intenção de despedimento colectivo de 106 trabalhadores”, ou seja, quase a totalidade dos funcionários que trabalham naquela empresa do concelho de Torres Novas.
O STCCMCS culpa a administração de ter conduzido a empresa a uma “situação de insolvência, de dívidas e a um futuro incerto para mais de uma centena de trabalhadores, na maioria mulheres” e muitos com “mais de 30 anos de casa a trabalhar em más condições e com salários de miséria”.
Para o sindicato, a administração geriu de forma “danosa” e revelou-se “incapaz de evitar o desastre” hipotecando as instalações fabris como garantia bancária, penhorando as máquinas para fazer face às dívidas com a Segurança Social, enquanto atrasava o pagamento dos salários aos trabalhadores. O MIRANTE tentou chegar à fala com o administrador da C.M.G. Cerâmicas, Carlos Mendes, mas tal não foi possível até ao momento.
A empresa, situada na Zona Industrial de Torres Novas, avançou em Dezembro de 2022 com um Processo Especial de Revitalização (PER) e em Junho de 2023 com uma declaração de insolvência, “sem qualquer plano e com os trabalhadores sempre à espera dos salários atrasados”, lamenta o sindicato.
PCP questionou há 10 meses o Governo sobre salários em atraso
Também o PCP, que já em Dezembro de 2022 tinha questionado o Governo sobre a situação da CMG Cerâmica, apelando a que se evitasse a insolvência, despedimentos e se garantisse o pagamento dos salários em atraso, emitiu esta sexta-feira, 20 de Outubro, um comunicado onde aponta o dedo à “gestão irresponsável da empresa” depois de os trabalhadores, ao longo dos anos, terem suportado “atrasos salariais, humilhações e condições de trabalho precárias”.
Sobre as questões que o grupo parlamentar do PCP levantou no final do ano passado, a comissão concelhia de Torres Novas do partido vinca que passados 10 meses, “o Governo nem se dignou responder ao que lhe foi perguntado, nem tomou qualquer medida em apoio dos trabalhadores da CMG deixando arrastar uma situação que acabou por ter este desfecho”.
No comunicado a comissão concelhia exige ainda que “sejam respeitados os direitos dos trabalhadores e garantido o pagamento do que lhes é devido”, apelando à sua unidade e à solidariedade de toda a população “nesta luta por justiça e dignidade no local de trabalho”.