Tradicional Feira de São Simão em Sardoal vive dos produtores de outros concelhos
Tradicional feira do concelho de Sardoal vive sobretudo dos comerciantes de fora. Edição deste ano contou com a presença de produtores da Covilhã que participam na feira há décadas. População diz que o evento tem vindo a perder fulgor e que os produtores locais estão a desaparecer devido aos efeitos do tempo e à existência de cada vez mais superfícies comerciais.
A tradicional Feira de São Simão, em Sardoal, que se realizou a 28 de Outubro, não contou com a presença de nenhum produtor do concelho. A iniciativa, que tem sempre bancas de venda de castanhas, passas, nozes, entre outros alimentos, tem vindo a perder a participação dos produtores locais, realidade que é lamentada por grande parte da população. Na edição deste ano, os poucos comerciantes que marcaram presença no certame eram da região da Covilhã.
Carlos Silvestre esteve na Feira de São Simão acompanhado pela mulher, Graça Silvestre, e pelo genro André Lourenço. Explica que é uma tradição que cumpre há mais de três décadas e que começou com os seus pais, também feirantes. Dos vários produtos que tinha para venda, destaca o feijão, que é de produção própria, e a castanha, o mais procurado pelos visitantes.
José Martinho e Alda Martinho são, igualmente, do concelho da Covilhã e a ligação à feira começou também por influência dos seus pais. Apesar de não serem produtores, todos os artigos que tinham para venda são de origem nacional, comprados, sobretudo, a amigos da Covilhã. A presença na feira do Sardoal é uma tradição que cumpre, juntamente com o marido, há mais de uma década. “O meu marido já vinha com os pais vender, quando me casei com ele comecei a vir também. Já temos várias pessoas que nos conhecem e que esperam por esta altura para comprar os nossos produtos, mas a incerteza do retorno do negócio preocupa-nos sempre. Fazer horas de caminho sem saber o que nos espera, porque há dias que vendemos bem outros não, nunca sabemos como vai correr, isso é o mais difícil deste negócio”, refere Alda Martinho. Além do Sardoal, costumam estar presentes noutras feiras, nomeadamente em Nisa, Gavião e Mação.
Menos produtores no concelho
O facto de faltarem vendedores do concelho não é indiferente à população. Maria Nunes, Maria Duarte e Maria Alexandrino vão desde pequenas à feira, onde também chegaram a vender. A O MIRANTE recordam os tempos antigos com alguma nostalgia. “Havia alegria, animação, convívio e fraternidade durante este dia de feira, algo que se tem vindo a perder, infelizmente”, afirmam. As amigas explicam que os poucos produtores locais que existiam foram deixando a produção devido ao aparecimento das grandes superfícies comerciais. “Antigamente tínhamos muitos vendedores aqui do Sardoal, com grandes quantidades de todo o tipo de produtos. Ocupavam a rua toda e era muito animado. Hoje, com as grandes superfícies comerciais, foram deixando de produzir até que deixámos de ter comerciantes do Sardoal. Os poucos que vêm não são daqui e mesmo as quantidades já são muito reduzidas”, lamentam.