Economia | 26-12-2023 10:00

Ligação entre mantas alentejanas e Mira de Aire explorada no Museu do Têxtil

A ligação entre Mira de Aire, no concelho de Porto de Mós, e a produção das mantas alentejanas esteve em foco no sábado, 16 de Dezembro, no Museu Industrial e Artesanal do Têxtil (MIAT).

A ligação entre Mira de Aire, no concelho de Porto de Mós, e a produção das mantas alentejanas esteve em foco no sábado, 16 de Dezembro, no Museu Industrial e Artesanal do Têxtil (MIAT). O espaço recebeu a apresentação do livro “Mantas Alentejanas – Perpetuar o saber fazer”, da investigadora Alexandra Marques, da empresária têxtil Mizette Nielsen e da investigadora e artista têxtil Guida Fonseca, tendo sido abordada a relação entre a produção de fio e as peças tradicionais alentejanas. “Nos tempos em que a fábrica Vitória existia [em Mira de Aire], fornecia fio para a fábrica de mantas de Reguengos de Monsaraz, há 30 anos, mais ou menos”, explicou à Lusa, o director do MIAT José Paulo Batista.
Uma das autoras do livro “Mantas Alentejanas – Perpetuar o saber fazer”, Mizette Nielsen, liderou durante várias décadas a Fábrica Alentejana de Lanifícios, em Reguengos de Monsaraz, e foi uma das clientes do fio feito em Mira de Aire. “O livro fala das mantas que eram feitas no Alentejo, principalmente em Monsaraz e em Mértola” e, avança o director do MIAT, o momento de apresentação no sábado foi ocasião para deixar um convite às investigadoras para fazerem também um levantamento sobre as mantas de Minde e de Mira de Aire”.
Há cerca de um ano, a tentativa de registo no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) dos desenhos e padrões de tecidos têxteis utilizados em mantas alentejanas por uma empresa têxtil com sede em Mira de Aire, levou a Direcção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlen) a apresentar um pedido de contestação no INPI.
A têxtil alegava ter inventado 12 desenhos de padrões de tecidos de mantas, ao que a DRCAlen replicou, alegando que “os padrões em causa correspondem aos utilizados nas chamadas Mantas do Alentejo, produzidas, desde tempos imemoriais, em zonas do interior do Baixo Alentejo e Alentejo Central, nomeadamente em Mértola e Reguengos de Monsaraz”. Apesar de haver tradição na produção de mantas tradicionais em Mira de Aire, e também na vizinha vila de Minde, do concelho de Alcanena, para José Paulo Batista, a discussão sobre a origem dos padrões tem pouco sentido. “Existem várias teorias sobre os desenhos, mas se nós formos ver os desenhos que há na Guatemala, em Marrocos, no México e no Irão, os padrões são todos mais ou menos semelhantes. Agora estar a dizer que isto é exclusivo… Para mim, isso não faz muito sentido, porque são padrões muito simples, isto não requer grande técnica e anda tudo mais ou menos à volta do mesmo”, argumentou o coleccionador e investigador.

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