Sufoco financeiro na Nersant pode ser resolvido com venda do pavilhão de exposições
O conselho geral da Nersant aprovou a venda do pavilhão de exposições que poderá servir para tirar a associação do sufoco financeiro em que Domingos Chambel a deixou depois de um mandato de inacção e de guerras internas.
Na tarde de 21 de Dezembro, o conselho geral da Nersant reuniu para decidir sobre a venda do antigo pavilhão de exposições que está ao abandono há vários anos. O MIRANTE conseguiu falar com o presidente do conselho geral, Ricardo Jorge, em representação da Filstone, que disse estar em família, devido à quadra natalícia, e com o argumento de que está no cargo há pouco tempo, pediu as perguntas por escrito. Fonte bem informada garantiu que a proposta da direcção foi aprovada. O presidente da direcção atendeu o telefone mas recusou-se a dar a notícia uma vez que, disse, não podia falar em nome de Ricardo Jorge.
A venda do pavilhão é para responder à crise de tesouraria e de financiamento da associação. Domingos Chambel, o ex-presidente da direcção, já pagou do seu bolso alguns ordenados, mesmo depois de ter deixado a presidência da Nersant, mas, segundo fonte bem informada, não estará disposto a continuar a financiar a associação. A direcção da Nersant está em negociações com a Câmara de Torres Novas para a compra do antigo pavilhão, mas O MIRANTE sabe que os valores em causa ultrapassam em muito aquilo que a autarquia estará disposta a pagar. Os valores do pavilhão rondam os dois milhões de euros, mas a venda terá que ter sempre em conta que cerca de 65% reverterá para a Câmara de Torres Novas e para a AIP. Talvez por prever dificuldades numa possível venda, o conselho geral aprovou duas resoluções: uma que permite à direcção dar o pavilhão como garantia e outra que permite vendê-lo.
Luís Ferreira, que foi a escolha de Domingos Chambel para director executivo da Nersant, em substituição de António Campos, viu chumbado o projecto para um centro tecnológico para a indústria, que terá sido o seu único trabalho enquanto esteve na associação por escolha do seu ex-presidente da direcção, Domingos Chambel. Luís Ferreira, que toda a vida exerceu o cargo de docente, foi apresentado por Domingos Chambel como um estratega e um líder de equipas. Aparentemente nunca passou de colaborador a recibos verdes, e o seu principal trabalho acabou chumbado pelos organismos competentes. O Centro Tecnológico para a Indústria é uma parceria entre a Nersant, a Escola Profissional de Torres Novas e a câmara municipal, entre outras entidades, mas para já aguarda melhores dias. Segundo O MIRANTE apurou os responsáveis pelo projecto vão recorrer da decisão uma vez que o chumbo foi apenas parcial.
Julgamento do conflito com António Campos foi adiado
O julgamento que opõe o ex-director executivo António Campos, e a direcção da Nersant, esteve marcado para Novembro mas foi adiado. Segundo O MIRANTE apurou, António Campos pede uma indemnização de cerca de duzentos mil euros. A saída de António Campos só se deu quase dois anos depois da tomada de posse de Domingos Chambel. Tal como O MIRANTE já escreveu, Domingos Chambel achava que António Campos não sairia de livre vontade sem ser indemnizado. António Campos acabou por sair sem indemnização mas alegou justa causa e agora pede em tribunal indemnização pelos seus quase 30 anos de trabalho ao serviço da associação. O MIRANTE sabe ainda que algumas das suas testemunhas são membros da direcção de Domingos Chambel. Recorde-se que António Campos estava na Nersant desde Julho de 1995, foi braço direito de José Eduardo Carvalho e Salomé Rafael enquanto foram presidentes, e que Domingos Chambel, enquanto foi falando de “mudança de paradigma” na associação, ao longo de dois anos e meio de mandato, só faltou escrever a carta de despedimento a António Campos. Segundo confidenciou na altura a O MIRANTE um dos seus companheiros de direcção, “Domingos Chambel fez de tudo para que ele se fosse embora de livre vontade”, o que acabou por acontecer. O valor da indemnização pode deixar a Nersant numa situação financeira à beira da ruptura, uma vez que, actualmente, a actual direcção tem dificuldades de tesouraria que não consegue resolver com o apoio dos bancos que têm negado crédito, uma situação nunca vista nos 33 anos da Nersant.