Economia | 02-01-2024 21:00

Produtores de Torres Novas querem valorizar e combater desperdício

Produtores de Torres Novas querem valorizar e combater desperdício
Paulo Vasconcelos comprou uma quinta como hobby para ocupar o tempo. Luís Rodrigues criou com a esposa um doce que tem conquistado vários prémios

Produtores locais de Torres Novas que estiveram na Feira dos Produtos da Terra expressaram a sua preocupação com o desperdício de alimentos e a falta de valorização e de apoios financeiros.

A Feira dos Produtos da Terra “Especial Natal” foi uma montra para dezenas de produtores e artesãos de Torres Novas. Luís Rodrigues e Paulo Vasconcelos falaram com O MIRANTE sobre a valorização da produção local e a necessidade de combater o desperdício dos bons produtos da região de Torres Novas, como o figo.
Luís Rodrigues, de 62 anos, natural de Moçambique, e a esposa, Ana Gomes, natural de Lisboa, conheceram-se na Alemanha enquanto estudavam e decidiram vir viver para Torres Novas há 17 anos por considerarem que tem as condições ideais para se trabalhar. Apesar de continuarem a exercer a profissão de professores de ensino superior, compraram um terreno na região com um figueiral, olival e amendoeiras por reconhecerem o potencial. Ao perceberem da existência de produtos pouco explorados deram asas à imaginação e criaram a receita de um bombom de figo preto que nomeou de “Negro de Torres Novas”, um produto vencedor de vários prémios que se tornou o ex-líbris da marca Esteiros, que criaram há quase uma década. Actualmente já desenvolveram sete sabores de bombons diferentes, como o bombom com figo de pingo mel e vinho de Carcavelos. Também produzem doces, nomeadamente o de laranja do Pafarrão, a “medronhada”, pasta de azeitonas, entre outros. A preocupação ambiental é visível na escolha das taças de barro utilizadas para a venda da marmelada e “medronhada”, promovendo as olarias portuguesas. A dificuldade na divulgação e reconhecimento da marca são alguns dos obstáculos que pretendem ultrapassar com a presença nas redes sociais para alcançarem um maior reconhecimento.

Nunca é tarde para começar
Paulo Vasconcelos, 59 anos, de Torres Novas, é solicitador e desenvolveu a Quinta Nogalis há três anos como um hobby para ocupar o tempo. A ideia surgiu quando comprou uma quinta de 13 hectares com árvores de fruto, em Chancelaria, que decidiu explorar ao lembrar-se dos tempos em que o seu avô se dedicava à produção de figo, que contribuiu para o sustento das famílias durante anos. “Desde miúdo que ia para o figueiral com os meus avós e foi com eles que fui aprendendo”, conta, acrescentando que quando começou a explorar a quinta também foi adquirindo conhecimentos. Na última produção teve cerca de três toneladas de nozes, 150 litros de azeite, uns 100 quilos de figo preto e branco, cerca de 70 quilos de passa de uva, e ainda tem amêndoa, mel e doces de frutas. A agricultura dá muito trabalho e muita despesa, desabafa. Paulo Vasconcelos tem um caseiro para tomar conta da quinta a tempo inteiro, mas confessa que uma das maiores dificuldades é arranjar mão de obra qualificada quando é necessário, como na altura de fazer a poda. Paulo Vasconcelos lamenta a falta de apoios financeiros e de ajuda na execução de projectos a pequenos produtores.

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