Economia | 18-02-2024 12:00

Arrozais da Companhia das Lezírias vão proteger o maçarico-de-bico-direito

Arrozais da Companhia das Lezírias vão proteger o maçarico-de-bico-direito
Arrozais da lezíria vão ter projecto de preservação do maçarico-de-bico-direito. fotoDR

Projecto europeu da conservação do maçarico-de-bico-direito vai decorrer em Portugal numa parceria com a Universidade de Aveiro. Iniciativa foi apresentada no Dia Mundial das Zonas Húmidas, da qual fazem parte os arrozais do Estuário do Tejo.

Durante sete anos os 300 hectares de arrozais da Companhia das Lezírias vão ser monitorizados por uma equipa da Universidade de Aveiro com o objectivo de preservar o maçarico-de-bico-direito. O projecto é uma iniciativa europeia de conservação desta espécie emblemática cuja sobrevivência está intrinsecamente ligada à saúde dos ecossistemas, particularmente das zonas húmidas.
O projecto foi apresentado no EVOA – Espaço de Visitação e Observação de Aves, em Vila Franca de Xira, precisamente no dia 2 de Fevereiro, data em que se assinala o Dia Mundial das Zonas Húmidas. A população desta espécie tem vindo a declinar devido às ameaças ao longo da rota migratória, nomeadamente as alterações climáticas e actividade agrícola. O maçarico-de-bico-direito é presença assídua no Estuário do Tejo. Nos anos mais secos as aves não conseguem alimentar-se dos bagos de arroz e têm de ter acesso ao alimento para poderem sobreviver.
“Vamos tentar melhorar o seu estatuto de conservação e o seu habitat. Trata-se de uma ave migratória de longa distância, com populações que se produzem no norte da Europa e Islândia. Quando estão em Portugal, fora da época de reprodução, estas aves fazem grandes concentrações nos arrozais da lezíria. O Estuário do Tejo ganha importância para esta população”, explica a O MIRANTE José Alves, investigador principal no Centro de Estudos de Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro.
Com financiamento do próprio projecto, o trabalho em Portugal vai ser feito numa parceria entre a Companhia das Lezírias e a Universidade de Aveiro. Nos arrozais será feita a gestão da água e a lavragem dos terrenos. Depois será medida a quantidade de alimento que fica disponível para as aves. Nas lagoas do EVOA também vão ser geridos os níveis de água e a salina da Saragoça, actualmente ao abandono, verá o seu sistema hídrico ser recuperado.
A Universidade de Aveiro vai acompanhar e monitorizar estas acções. Através do financiamento do projecto, a Companhia das Lezírias vai adquirir bombas, que funcionam a energia solar e eólica, para gerir a água nos arrozais. O ano zero do projecto é 2024, em que não haverá nenhuma intervenção no terreno para os investigadores terem uma situação de referência. Depois, ao longo dos próximos seis anos, as variáveis vão ser estudadas a fundo.

Arroz amigo das aves
A Companhia das Lezírias aposta em modelos para a coexistência harmoniosa entre a produtividade e a preservação da natureza e biodiversidade. Este projecto ilustra como acções locais podem ter um impacto significativo na conservação global, beneficiando não apenas a avifauna, mas também as comunidades locais e a economia regional.
“Proteger as aves não significa redução de produção agrícola. A sustentabilidade é o conjunto da parte ambiental, social e económica e todas podem coexistir de mãos dadas como é o caso dos arrozais geridos pela Companhia das Lezírias. Produzir arroz amigo das aves vai ter mais valor para o consumidor final que se preocupa com questões ambientais”, explica Sandra Paiva Silva, coordenadora da Companhia das Lezírias.

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