AIP em Alcanena no âmbito do roteiro pela indústria transformadora do país
A Associação Industrial Portuguesa continua a visitar várias empresas num roteiro pela indústria transformadora e esteve na Couro Azul, em Alcanena, que há 85 anos curte pele de bovino com inovação e fabrico sustentável.
O presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), José Eduardo Carvalho, acompanhado por outros dirigentes e técnicos da instituição, visitou o Grupo Couro Azul, em Alcanena, empresa 100% portuguesa na quarta geração, 85 anos de atividade na indústria de curtumes, com 690 trabalhadores, exportadora e fornecedora de grandes marcas dos sectores automóvel, ferroviário e aeronáutico. Na visita, no dia 17 de Abril, a empresa revelou que factura 80 milhões de euros em 23 mercados.
O “Roteiro pela Indústria Transformadora do País”, é uma iniciativa criada pela AIP que tem como “objectivo reconhecer a qualidade de gestão e a competitividade das melhores empresas do sector industrial, bem como permitir o conhecimento pelos directores operacionais da AIP da nova realidade deste sector”, sublinhou o presidente da AIP. O presidente do conselho de administração da Couro Azul, Pedro Carvalho, recordou que o negócio foi fundado em 1939, no início da Segunda Guerra Mundial, por António Nunes de Carvalho, “um exemplo de iniciativa e visão” na indústria dos curtumes.
As marcas de excelência e os elevados padrões de qualidade que a Couro Azul hoje exibe “são fruto da permanente pesquisa e investigação para o desenvolvimento de produtos e processos de fabrico inovadores e sustentáveis, e reflectem os valores do seu fundador, que baseava o negócio na produção manual de curtumes de ovino e caprino, destinados à indústria do calçado”, acrescentou. “À frente do seu tempo”, diz Pedro Carvalho, para registar uma inovação introduzida pelo avô António Carvalho: “Em 1950 foi uma das primeiras fábricas a instalar energia eléctrica e maquinaria industrial”.
A Couro Azul processa 1300 peles por dia e passam por várias etapas antes de serem transformadas na pele que cobre o volante de um Porsche, de uma cadeira num comboio da CP ou num avião da TAP, ou ainda no guiador de um camião para captar os sinais vitais do motorista (CardioLeather – Couro-Inteligente para monitorização da saúde, bem-estar e segurança em veículos). Outro exemplo de inovação é o projeto RARISS – Raças Autóctones, Rastreabilidade, Inovação e Soluções Sustentáveis. O rastreamento da pele, e respectiva certificação, é feito desde o berço do animal, contemplando a sua origem, história e envolvente, até à transformação em produto e impacto também para a saúde humana e ambiente. Este registo do “adn” é essencial na economia circular e figura no rol das exigências das marcas internacionais clientes da empresa de Alcanena que apostam num novo modelo de negócios, denominado TraceLeather.
A arte de curtir a pele neste titã da indústria de curtumes regressa às suas origens, ao recuperar a cápsula da bolota, rica em tanino, para obter um extrato natural e fazer um curtume vegetal, ou seja, isento de produtos químicos. “Este couro cumpre as mais exigentes especificações do sector automóvel, tem por base um curtume vegetal inovador especialmente desenvolvido, mantém a macieza e o toque de um couro premium, e garante ainda as necessárias resistências”, explica o CEO.
Pedro Carvalho realça que a Couro Azul “tornou-se numa das indústrias de curtumes mais inovadoras do mercado”. O representante máximo deste negócio familiar de quarta geração vai ainda mais longe ao indicar outros agentes que contribuem para a competitividade da indústria portuguesa como as universidades, os centros de investigação e empresas de produtos químicos.