Economia | 03-06-2024 07:00

Trabalhadores da Cimpor de Alhandra com nova greve na primeira semana de Junho

Trabalhadores da Cimpor de Alhandra com nova greve na primeira semana de Junho
Protesto em Abril teve forte adesão e o sindicato espera que no próximo mês os trabalhadores voltem a fazer ouvir a sua voz nas fábricas da Cimpor e, particularmente, em Alhandra

A 24 de Maio arrancou uma greve ao trabalho suplementar na Ciarga, empresa de argamassas secas do grupo Cimpor, situada em Alhandra, que não tem prazo para acabar. Sindicato lamenta que donos chineses da Cimpor estejam pouco abertos a negociações com os trabalhadores.

A entrada de novos donos chineses no capital da cimenteira Cimpor, que tem uma unidade de produção em Alhandra, concelho de Vila Franca de Xira, não foi sinal de melhorias na relação negocial com os trabalhadores. O lamento é de Fátima Messias, coordenadora da Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro (Feviccom), que garante a O MIRANTE que a luta dos trabalhadores é para continuar até que sejam ouvidos no processo negocial.
Depois de uma greve em Abril com forte adesão e que chegou a parar toda a produção na fábrica de Alhandra, a responsável revela que vai ser emitido um novo pré-aviso de greve para a primeira semana de Junho para continuar os protestos. A empresa acedeu aos pedidos de revisão salarial mas os trabalhadores continuam a reclamar a redução das 39 para as 37 horas de trabalho semanal e a manutenção ou criação de um sistema de apoio à saúde aos trabalhadores reformados e no activo.
Na sexta-feira, 24 de Maio, as duas dezenas de trabalhadores da empresa de argamassas secas Ciarga, que integra o grupo Cimpor e tem uma fábrica em Alhandra, também começaram uma greve ao trabalho suplementar e que não tem data para terminar. Prometem manter os protestos até haver uma negociação com a administração e a satisfação das reivindicações apresentadas pelos trabalhadores da empresa.
Segundo a Feviccom são exigidos o direito ao pagamento de pequeno-almoço, lanche e 15 euros para almoço/jantar a quem se desloque a obras ou formações fora da empresa, igualdade de tratamento para com a empresa mãe, a Cimpor, aumentos salariais iguais aos que agora vão ser dados aos trabalhadores da Cimpor e subsídios de turno iguais, em particular para os dois turnos com folga fixa ao domingo. Os trabalhadores pedem ainda o pagamento de um 15º mês e subsídio de transporte em função da distância entre o local de trabalho e o local de residência.
Para dia 29 de Maio está agendada nova reunião negocial que os trabalhadores vão aguardar com expectativa. “O que se vive hoje na empresa é fruto de uma opção tomada em Outubro do ano passado pela então gestão turca. A administração tem respondido aos trabalhadores sob pressão mas sentimos que não é uma verdadeira negociação”, lamenta a responsável ao nosso jornal.

Fábrica de Alhandra celebra 130 anos

A fábrica de Alhandra da Cimpor é a mais antiga de produção de cimento do país e a administração já tinha informado a sua vontade de investir, até ao final da década, 121 milhões de euros na unidade, para a modernizar e melhorar o processo produtivo e a sustentabilidade. A fábrica suscitou sempre uma relação de amor-ódio com a comunidade, dando emprego às gentes da vila e do concelho mas também libertando poeiras que, no passado, chegaram a obrigar o município a criar uma comissão de acompanhamento ambiental. Após várias intervenções na unidade os problemas praticamente deixaram de existir nos últimos anos.
Actualmente, em Alhandra podem ser produzidas, diariamente, nove mil toneladas de cimento, que além de abastecerem Portugal são exportadas para diversos países. No Centro de Produção de Alhandra trabalham 150 colaboradores. Tem duas linhas fabris em funcionamento, quatro moinhos de cimento e uma capacidade de produção instalada de 2,8 milhões toneladas por ano.

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