Economia | 04-06-2024 07:00

A luta de quatro comerciantes para manter as portas abertas na rua mais tradicional de Tomar

A luta de quatro comerciantes para manter as portas abertas na rua mais tradicional de Tomar
Francisco Faria, dono da loja Moditália, Maria Orlanda, proprietária da Ourivesaria Beirante, Victor Conceição gere a Fotografia Victor há mais de 40 anos e Isabel Santos, dona da loja Botãozinho

Há quatro comerciantes de Tomar que mantêm as suas lojas abertas, no centro histórico da cidade nabantina, há mais de três décadas. Lamentam a falta de interesse das pessoas no comércio local, mas garantem que a paixão e a proximidade com os clientes são as principais razões para não baixarem os braços.

Francisco Faria, Isabel Santos, Maria Orlanda e Victor Conceição são lojistas no centro histórico da cidade de Tomar há mais de três décadas, mantendo a característica mais tradicional da cidade nabantina que se tem modernizado de ano para ano. Em conversa com O MIRANTE, os comerciantes reconhecem que o negócio já teve outro fulgor, mas garantem que não vão desistir pela paixão que sentem pelo ofício e porque, apesar de tudo, ainda conseguem ter muitos clientes fiéis.
Francisco Faria é dono da loja Moditália, na rua Serpa Pinto, mais conhecida pela Corredoura. O pronto-a-vestir unissexo foi criado por si há 30 anos. Lamenta que os mais jovens optem por fazer compras nas grandes superfícies comerciais onde, em muitos casos, a relação preço-qualidade é muito pior. Ao longo dos 30 anos de trabalho existem muitas histórias para contar e passaram por si muitas “modas”. A continuidade do seu trabalho depende muito da sua saúde, mas também do feedback que vai tendo dos seus clientes. Francisco Faria é natural de Tomar, nunca trabalhou noutro sítio e confessa que gosta de trabalhar na cidade. A paixão pelo ofício e a proximidade com os “clientes habituais, que já são da casa”, são outras das razões para manter as portas abertas, afirma.
Uma das lojas tradicionais mais antigas da rua Corredoura é a de Isabel Santos. A comerciante tem uma retrosaria há 34 anos no centro da cidade, a “Botãozinho”. Vende botões, rendas, bordados, entre outros artigos. Isabel Santos fez costura durante muitos anos e trabalhou numa sapataria, por isso sempre gostou de fazer atendimento ao público. A loja de que é proprietária já existia, mas agarrou a oportunidade de a fazer crescer mais. Natural do concelho, vive na cidade há mais de duas décadas e diz que vai continuar a trabalhar porque, em comparação com outros negócios, o seu só existe mesmo no comércio tradicional. “Ultimamente até tenho tido clientes mais jovens que pedem para fazer bolsinhas, coisas mais dadas à juventude”, revela, com um sorriso.
Maria Orlanda trabalha com o marido na Ourivesaria Beirante, localizada no centro histórico da cidade de Tomar há quase quatro décadas. Tem todo o tipo de artigos para venda. A comerciante conta que foi preciso muito trabalho e investimento para ter a loja que tem actualmente, uma vez que criaram o negócio do zero. Embora o preço do ouro esteja num dos valores mais altos de sempre, Maria diz que a procura diminuiu bastante, muito por culpa do aparecimento de lojas com artigos parecidos, mas com material com muito menos qualidade. A sobrevivência da loja depende muito dos clientes habituais que aparecem nas épocas festivas do ano, principalmente no Natal, mas também para comprar prendas de aniversário. Garante que vai continuar com o negócio até que “Deus queira”.
Victor Conceição, fotógrafo há 60 anos, é proprietário da loja “Fotografia Victor” há mais de quatro décadas. Fotografa em casamentos e noutros eventos, assim como em estúdio, e também faz a venda de álbuns e molduras. O surgimento do digital roubou-lhe muita clientela, lamenta. “Levámos uma grande talhada. Nos primeiros tempos ainda tínhamos clientes suficientes para gerar algum lucro, mas hoje em dia é muito difícil”, lamenta, acrescentando que outro dos motivos é o facto de cada vez haver menos casamentos. Victor Conceição revela que vai ser muito complicado manter as portas abertas no próximo ano. “Em princípio, no fim do ano, vamos fechar. São 60 anos de actividade e chega a uma certa altura que cansa”, desabafa.

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