Histórica Quinta da Cardiga na Golegã vai ser um hotel Vila Galé
Grupo Vila Galé vai investir 20 milhões para recuperar a Quinta da Cardiga, na Golegã. O projecto Vila Galé Collection Tejo foi apresentado a 8 de Novembro e Jorge Rebelo de Almeida, presidente do Grupo, falou do seu potencial para a região e para o país.
A Quinta da Cardiga na Golegã voltou a abrir portas para a apresentação do mais recente projecto do Vila Galé, grupo que vai investir cerca de 20 milhões na reabilitação do histórico espaço. O hotel Vila Galé Collection Tejo - Country Resort Hotel Convention, Spa & Equestrian Sports, com 116 quartos, prevê a criação de mais de 40 postos de trabalho. Na cerimónia de apresentação do projecto, que decorreu a 8 de Novembro, Jorge Rebelo de Almeida, presidente do conselho de administração e fundador do grupo, não escondeu o entusiasmo. “Queremos fazer aqui um hotel de grande qualidade, que permita atrair mais turistas e visitantes para a região. Será um resort de campo que, como não podia deixar de ser, estará muito ligado à tradição equestre. Mas também homenageará o valor histórico do Palácio e de toda a propriedade, tirando partido da sua localização e da beleza das paisagens que rodeiam”, disse.
Os trabalhos deverão começar no segundo trimestre de 2025 e vão compreender duas fases. A primeira dedicada à recuperação do núcleo principal do empreendimento, composto pelo Palácio – preservando-se os seus salões, cúpulas e abóbadas seculares, bem como os múltiplos painéis de azulejos e estatuária –, Lagar e Celeiro. Mas também dos antigos edifícios das cocheiras, do picadeiro, de forma a poder receber competições oficiais, e da capela, decorada com azulejaria de padrão e retábulo de pedra na capela-mor com alto relevo da Nossa Senhora da Misericórdia. Nesta fase vão ser construídos 71 quartos, recepção, bar panorâmico, restaurante, spa com piscina interior, salas de massagens e ginásio, entre outros. A segunda fase deverá começar em 2027 e será dedicada ao conjunto de edifícios a norte da Quinta da Cardiga, também desactivados e em ruínas, onde vão surgir mais 45 quartos e um salão de eventos. “Trata-se de mais um projecto de recuperação de património e, mais uma vez, no interior do país, porque queremos cada vez mais contribuir para o seu desenvolvimento, até para aliviar a carga turística que existe no litoral”, sublinha Jorge Rebelo de Almeida.
A abertura da unidade de quatro estrelas está prevista para Junho de 2026 se a aprovação e licenciamento for favorável até ao fim do primeiro trimestre de 2025. Classificada como imóvel de interesse público desde 1952, a Quinta da Cardiga soma vários séculos de história. Em 1169, as terras foram doadas por D. Afonso Henriques aos Templários, que ali ergueram um castelo integrado no sistema defensivo do Médio Tejo, do qual fazem também parte Almourol, Ceras e Zêzere. As novas construções, incluindo áreas habitacionais, claustros, pátios e produção agrícola, tiveram por base o castelo templário medieval, de que subsiste a torre de menagem. A partir de então, por ali passou muita da nobreza e burguesia portuguesas, até que, após a revolução liberal e extinção das ordens religiosas, em 1836, a Quinta da Cardiga foi vendida em hasta pública por 200 contos de reis. A partir de então, teve sucessivos proprietários privados até ao seu declínio e abandono a partir da segunda metade do século passado.
“Golegã precisa de soluções diferenciadoras”
A Câmara Municipal da Golegã considera que a requalificação da Quinta da Cardiga é um projecto diferenciador que vai beneficiar toda a região ribatejana. “Tendo em conta o desenvolvimento turístico que temos tido no concelho da Golegã, este tipo de oferta é diferenciadora e é direccionável a um tipo de turista com determinadas exigências que também nos faz falta. Temos noção que atraímos, através da actividade equestre, diversos turistas, mas eles precisam de soluções mais diferenciadoras, como é o caso deste hotel”, disse o vice-presidente da Câmara da Golegã, Diogo Rosa, em declarações à Lusa.
“É um palácio e um edifício classificado e está na memória de todos aqueles que vivem na Golegã, mas também nos concelhos de Entroncamento e Vila Nova da Barquinha. Todos esperavam há muitos anos que esta requalificação fosse possível e agora parece que finalmente conseguimos um passo seguro e com um grupo que tem cartas dadas neste tipo de projecto”, salientou o autarca.
“Precisamos de descentralizar de uma vez por todas”
Jorge Rebelo de Almeida puxou a si as honras da cerimónia e discursou ao longo de quase meia hora deixando algumas dicas sobre como os territórios se podem desenvolver e aproveitar o seu potencial. “Já temos muita despesa pública. Estamos numa fase em que precisamos de descentralizar de uma vez por todas, mas para órgãos que já existem. Há muitas câmaras neste país que gastam o seu orçamento todo com a despesa corrente. Temos que dar poder às câmaras para trabalharem. Se calhar também é preciso fazer uma grande reforma. Há muita gente que fica irritada quando digo isto, mas Portugal não tem tamanho para ter 300 e tal câmara municipais”, vincou o presidente do Grupo Vila Galé.