Economia | 27-01-2025 07:00

Cidadãos questionam demolição do antigo Mercado de Abrantes mas fica sem resposta

Cidadãos questionam demolição do antigo Mercado de Abrantes mas fica sem resposta
Grupo de cidadãos Amigos do Mercado de Abrantes viu ignoradas as perguntas sobre a possível demolição das duas fachadas e painéis de azulejos do edifício

Porta-voz do grupo de cidadãos Amigos do Mercado de Abrantes questionou o presidente do município sobre o que vai acontecer às fachadas principais e painéis de azulejos do antigo mercado municipal de Abrantes mas ficou sem resposta.

O porta-voz do grupo informal de cidadãos Amigos do Mercado de Abrantes, José Rafael Nascimento, foi à última reunião do executivo municipal, realizada na manhã de terça-feira, 21 de Janeiro, questionar o presidente da autarquia sobre a eventual demolição das duas fachadas principais e painéis de azulejos do antigo mercado diário da cidade. A exposição foi longa e mereceu uma igualmente longa intervenção do presidente Manuel Valamatos (PS), mas as perguntas sobre a possível demolição foram ignoradas.
“Pode garantir aos cidadãos que a empreitada de construção do novo edifício não prevê nem levará à demolição integral do edifíco histórico e que as suas duas fachadas principais serão integralmente mantidas e preservadas? Pode garantir que a mesma empreitada não prevê nem levará à destruição dos painéis de azulejos? Onde ficarão os painéis com a inscrição ‘mercado municipal’?”, questionou objectivamente José Rafael Nascimento, que além de porta-voz do grupo é eleito na Assembleia Municipal de Abrantes pelo Movimento Alternativacom.
José Rafael Nascimento vincou na sua intervenção que “no programa preliminar do concurso público internacional para a elaboração do projecto de reconversão do antigo mercado municipal em multiusos”, lançado em finais de 2020, lê-se que se “pretende a manutenção parcial do edifício existente”, mas que poderão ser feitas demolições desde que “sejam mantidas e preservadas as duas fachadas principais”. Contudo, notou, “não vislumbramos no desenho do projecto vencedor a preservação e manutenção” das fachadas principais nem dos painéis de azulejos.
Na mesma reunião, e a propósito do mesmo tema, interveio Pedro Grave, antigo deputado municipal eleito pelo Bloco de Esquerda, para criticar a falta de debate para a requalificação do antigo mercado. O cidadão perguntou a Manuel Valamatos se “considera democraticamente legítimo aprovar a demolição histórica com valor patrimonial, urbanístico e identitário para, no seu lugar, construir um multiusos de 6,7 milhões sem o debater com a sociedade, incluindo as forças da oposição”.

Presidente diz que projecto vai orgulhar os abrantinos
O presidente do município começou por afirmar que “o edifício, como está, não pode ficar” e que já antes de se decidir a construção do novo mercado de frescos, “já aquele padecia de grandes défices de funcionalidade”, notando o seu encerramento pela ASAE por falta de higiene e condições sanitárias. “O mercado não pode ficar assim, qualquer dia cai. Precisamos de um projecto ambicioso”, sublinhou.
Destacando que o PS foi a eleições nas últimas autárquicas – e venceu com maioria absoluta - já com o projecto para a reconversão do antigo mercado aprovado, Manuel Valamatos disse que “na rua, no contacto diário com a comunidade, a única queixa” que recebe “é que já devia estar feito” o multiusos. Edifício que, concluiu, vai “orgulhar os abrantinos” e ser capaz de acolher “todo o tipo de eventos”, sobretudo dirigidos aos jovens do concelho.
Após rematar desta forma, o autarca socialista voltou a ser questionado por José Rafael Nascimento: “pode responder às nossas questões?”. Manuel Valamatos prosseguiu com a reunião, dando início ao período antes da ordem do dia, destinado à intervenção do executivo municipal.
A Câmara de Abrantes, recorde-se, vai investir 6,7 milhões de euros na reconversão do antigo mercado municipal em edifício multiusos, tendo aprovado a 7 de Janeiro o lançamento de um concurso público para adjudicação da empreitada. De acordo com o município o projecto “propõe um espaço aberto para a realização de eventos, uma praça exterior, zonas pedonais e acesso facilitado ao edifício e à entrada no centro histórico da cidade, dotando-a de identidade urbana”.

Grupo de cidadãos Amigos do Mercado de Abrantes viu ignoradas as perguntas sobre a possível demolição das duas fachadas e painéis de azulejos do edifício. fotoDR

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