Cidadãos questionam demolição do antigo Mercado de Abrantes mas fica sem resposta
Porta-voz do grupo de cidadãos Amigos do Mercado de Abrantes questionou o presidente do município sobre o que vai acontecer às fachadas principais e painéis de azulejos do antigo mercado municipal de Abrantes mas ficou sem resposta.
O porta-voz do grupo informal de cidadãos Amigos do Mercado de Abrantes, José Rafael Nascimento, foi à última reunião do executivo municipal, realizada na manhã de terça-feira, 21 de Janeiro, questionar o presidente da autarquia sobre a eventual demolição das duas fachadas principais e painéis de azulejos do antigo mercado diário da cidade. A exposição foi longa e mereceu uma igualmente longa intervenção do presidente Manuel Valamatos (PS), mas as perguntas sobre a possível demolição foram ignoradas.
“Pode garantir aos cidadãos que a empreitada de construção do novo edifício não prevê nem levará à demolição integral do edifíco histórico e que as suas duas fachadas principais serão integralmente mantidas e preservadas? Pode garantir que a mesma empreitada não prevê nem levará à destruição dos painéis de azulejos? Onde ficarão os painéis com a inscrição ‘mercado municipal’?”, questionou objectivamente José Rafael Nascimento, que além de porta-voz do grupo é eleito na Assembleia Municipal de Abrantes pelo Movimento Alternativacom.
José Rafael Nascimento vincou na sua intervenção que “no programa preliminar do concurso público internacional para a elaboração do projecto de reconversão do antigo mercado municipal em multiusos”, lançado em finais de 2020, lê-se que se “pretende a manutenção parcial do edifício existente”, mas que poderão ser feitas demolições desde que “sejam mantidas e preservadas as duas fachadas principais”. Contudo, notou, “não vislumbramos no desenho do projecto vencedor a preservação e manutenção” das fachadas principais nem dos painéis de azulejos.
Na mesma reunião, e a propósito do mesmo tema, interveio Pedro Grave, antigo deputado municipal eleito pelo Bloco de Esquerda, para criticar a falta de debate para a requalificação do antigo mercado. O cidadão perguntou a Manuel Valamatos se “considera democraticamente legítimo aprovar a demolição histórica com valor patrimonial, urbanístico e identitário para, no seu lugar, construir um multiusos de 6,7 milhões sem o debater com a sociedade, incluindo as forças da oposição”.
Presidente diz que projecto vai orgulhar os abrantinos
O presidente do município começou por afirmar que “o edifício, como está, não pode ficar” e que já antes de se decidir a construção do novo mercado de frescos, “já aquele padecia de grandes défices de funcionalidade”, notando o seu encerramento pela ASAE por falta de higiene e condições sanitárias. “O mercado não pode ficar assim, qualquer dia cai. Precisamos de um projecto ambicioso”, sublinhou.
Destacando que o PS foi a eleições nas últimas autárquicas – e venceu com maioria absoluta - já com o projecto para a reconversão do antigo mercado aprovado, Manuel Valamatos disse que “na rua, no contacto diário com a comunidade, a única queixa” que recebe “é que já devia estar feito” o multiusos. Edifício que, concluiu, vai “orgulhar os abrantinos” e ser capaz de acolher “todo o tipo de eventos”, sobretudo dirigidos aos jovens do concelho.
Após rematar desta forma, o autarca socialista voltou a ser questionado por José Rafael Nascimento: “pode responder às nossas questões?”. Manuel Valamatos prosseguiu com a reunião, dando início ao período antes da ordem do dia, destinado à intervenção do executivo municipal.
A Câmara de Abrantes, recorde-se, vai investir 6,7 milhões de euros na reconversão do antigo mercado municipal em edifício multiusos, tendo aprovado a 7 de Janeiro o lançamento de um concurso público para adjudicação da empreitada. De acordo com o município o projecto “propõe um espaço aberto para a realização de eventos, uma praça exterior, zonas pedonais e acesso facilitado ao edifício e à entrada no centro histórico da cidade, dotando-a de identidade urbana”.