Vinho de José Mata fica fora dos hipermercados mas ajuda à festa em Aveiras de Cima

Pequenos vitivinicultores têm dificuldade em fazer chegar o vinho que produzem às prateleiras dos hipermercados mas na Ávinho, em Aveiras de Cima, são a alma da festa. É o caso de José Mata que participa no certame desde a primeira edição. Nesta serviu gratuitamente 350 litros do néctar que produz.
José Mata é provavelmente um dos vitivinicultores com mais anos de experiência da freguesia de Aveiras de Cima. Aos 71 anos continua a cuidar de três hectares de vinha e a produzir, em adega própria instalada nos Casais da Amarelas, vinho tinto, branco e rosé. Este último foi inclusive premiado, alcançando a terceira posição no concurso de vinhos que teve o seu desfecho na 19ª edição da Ávinho - Festa do Vinho e das Adegas de Aveiras de Cima, que decorreu no segundo fim-de-semana de Abril. “A festa ajuda a dar a conhecer os vinhos, mas não tem relevância no que diz respeito a vendas. É mais para dar a conhecer, o que também é importante”, diz o produtor a O MIRANTE no rescaldo do certame.
Durante três dias seguidos deu-o a provar gratuitamente aos milhares de visitantes que lhe estendiam o braço empunhando a típica caneca de barro, que já é marca da festa. Fazendo contas, saíram do seu stand 200 litros de vinho rosé, 100 litros de tinto e 50 litros de vinho branco da sua marca própria, Das Amarelas. Mas degustar este vinho no resto do ano só mesmo na sua adega, um espaço de trabalho, de convívio e a partir do qual comercializa o néctar que lá produz. “As pessoas que me conhecem e gostam do vinho vão lá. Não o tenho exposto em supermercados nem hipermercados, quem quiser comprar é directamente ao produtor”. Não por opção, explica, mas porque é difícil comercializar vinhos. “As grandes marcas têm o mercado todo ocupado e as pequenas marcas continuam a ter dificuldade em chegar ao consumidor”, diz.
Cuidar da vinha e fazer vinho faz parte da essência de José Mata, mas essas tarefas, revela, são cada vez mais difíceis de concretizar. Se por um lado a idade já pesa, por outro é cada vez mais difícil arranjar mãos de trabalho com força e vontade de ajudar. Valem-lhe os amigos que “se mobilizam uns aos outros” e ajudam a fazer a vindima que, realça, é um dia de trabalho mas também de convívio que acontece todos os anos “lá para meados de Setembro”, se o tempo não trocar as voltas.
Actualmente, os pés que outrora cumpriam a importante função de esmagar toneladas de uvas ficam agora do lado de fora do lagar de José Mata. “Já é tudo feito de forma mecânica. A uva fica logo pisada quando os reboques fazem a descarga”, explica o produtor que participa na Ávinho desde a primeira edição. “A festa tem vindo a melhorar de ano para ano. As pessoas começaram a saber do evento e cada vez atrai mais visitantes. Uns para beber e outros para tomar conhecimento do que se produz no concelho”, refere, considerando que, no entanto, se pode fazer mais e melhor para que a vila que se intitula de Vila Museu do Vinho seja conhecida e receba visitantes todo o ano e não apenas em três dias de festa.
Concurso premiou néctares
A 19ª edição da Ávinho, organizada pela Câmara de Azambuja em parceria com a Junta de Aveiras de Cima e Associação Vila Museu do Vinho, contou com a participação de 12 adegas de produtores locais que, de 11 a 13 de Abril, deram a provar, gratuitamente, o néctar das suas colheitas. Em simultâneo concluiu-se a 42ª edição do Concurso de Vinhos do Produtor do Município de Azambuja, que celebrou a colheita de 2024 nas habituais categorias.
A Quinta da Lapa, da União das Freguesias de Manique do Intendente, Vila Nova de S. Pedro e Maçussa, com os melhores branco e rosé, e o produtor Casal da Fonte, de Vale do Paraíso, com o melhor tinto, foram os grandes vencedores desta edição. À semelhança de anos anteriores, a Câmara Municipal de Azambuja atribuiu prémios monetários de 250 euros aos terceiros, 500 euros aos segundos, e 750 euros aos primeiros classificados, em cada uma das três categorias.