Município do Sardoal com mais investimentos mas sem equilíbrio orçamental

As contas de 2024 do Sardoal fecharam com um saldo negativo de 330 mil euros, apesar da dívida ter reduzido em cerca de 660 mil euros, em comparação com 2023, que teve um défice de 990 mil euros. Os resultados do relatório suscitaram críticas da oposição na última assembleia municipal.
O relatório de contas de 2024 do Sardoal gerou polémica na última assembleia municipal com a bancada do Partido Socialista a lamentar a “falta de desenvolvimento económico” do concelho, enquanto o presidente do município, Miguel Borges (PSD), defendeu que o documento mostra uma evolução positiva face ao ano anterior, mesmo que o equilíbrio orçamental não tenha sido atingido.
De acordo com os dados apresentados, o município terminou 2024 com um resultado líquido negativo de cerca de 330 mil euros, apesar de envolver uma redução de cerca de 660 mil euros comparativamente com o resultado de 2023, que foi de 990 mil euros. Miguel Borges destacou também que a despesa com o pessoal representa actualmente 57% da despesa corrente e que o prazo médio de pagamentos foi de 81 dias, afirmando que este resultado é dos “que o deixa mais desconfortável”. “Há alguns resultados que poderiam ser melhores, mas a nossa evolução tem sido grande e arrisco-me a dizer que em termos de contas este é dos melhores anos do último mandato, por diferentes factores, começando pela gestão que fizemos das nossas opções em termos financeiros”, refere.
Referindo-se ao facto de o município não ter atingido o princípio do equilíbrio, Miguel Borges defendeu que este não é “justo” para os pequenos municípios como o Sardoal, pois ao recorrer a um empréstimo bancário para a realização de uma obra “fundamental”, devia ser considerada “despesa de capital e não despesa corrente”. O autarca deu como exemplo a creche municipal, que tem apenas 150 mil euros de comparticipação pelo Estado num orçamento total de mais de um milhão de euros, o que “obriga” o município a recorrer a empréstimos bancários, impactando negativamente as contas ao “transformar investimento em despesa corrente e criar desequilíbrios orçamentais”.
O deputado Adérito Garcia (PS) elogiou a redução da dívida, mas destacou a baixa percentagem de receitas próprias (8%) e a forte dependência de transferências do Estado, alertando para o impacto do passivo de curto prazo, que corresponde a cerca de 2,6 milhões de euros, dos quais um milhão corresponde a dívida a fornecedores. O deputado comparou ainda o passivo total actual de 2024 (9,8 milhões) com o de 2012 (7,5 milhões), considerando que houve um agravamento e criticou ainda as opções estratégicas do executivo, nomeadamente a “falta de investimento” no desenvolvimento económico do concelho, exemplificando a “estagnação” do parque industrial que “após 12 anos continua sem atrair novas empresas”.
Miguel Borges reconheceu as críticas feitas ao saldo negativo, reforçando as afirmações ditas relativamente ao desequilíbrio orçamental do município. O autarca justificou também o aumento do passivo face a 2012 com a “ausência de obras” nesse período, destacando projectos actuais em curso, como o do Espaço Empreende, com um investimento de um milhão de euros e que “já está a atrair empresas”. O relatório de prestação de contas foi aprovado na com 12 votos a favor e 7 votos contra do PS.