Economia | 23-07-2025 07:00

Comerciantes reinventam o negócio nas salinas de Rio Maior

Comerciantes reinventam o negócio nas salinas de Rio Maior
António Duarte e a mulher. Adriana Lemos (à esq). Isabel Lopes

Nas Festas do Sal, em Marinhas do Sal (Rio Maior), comerciantes transformam o sal tradicional em misturas gastronómicas, sais de banho e cosméticos, dando nova vida a uma matéria que, apesar de manter raízes fortes na região, enfrenta desafios para o futuro.

As Festas do Sal voltaram a encher de vida as Salinas de Rio Maior, reunindo visitantes e habitantes para celebrar a cultura salineira. Entre bancas de artesanato e animação musical, o sal foi protagonista não só como produto bruto, mas também como matéria-prima para ideias únicas e diferentes. Em conversa com O MIRANTE, vários comerciantes explicaram como dão nova vida ao sal natural da região através de misturas gastronómicas, sais de banho e cosméticos. Um dos casos é António Duarte, de Turquel, que há 17 anos se dedica à produção de sais aromatizados para refeições. Reformado da área de gestão, decidiu potenciar o sal de uma terra que sempre admirou desde pequeno, quando acompanhava o pai às salinas. “O meu pai e o meu avô vinham muitas vezes buscar sal aqui e eu gostava deste ambiente e ar salgado. Então decidi fazer os meus próprios produtos com o sal desta terra, que me traz tantas memórias”, recorda. Com a ajuda da mulher, o comerciante de 78 anos compra sal local e transforma-o, misturando-o com ervas secas da Serra e criando combinações específicas para peixe, carne ou saladas. “Tudo é testado na própria cozinha, a partir do meu paladar e dos condimentos que uso na comida, que são tradicionais”, salienta. Apesar de para o comércio a produção de sal não ter crescido muito nos últimos anos, o comerciante garante que os produtos continuam a ser muito procurados, sobretudo pelos estrangeiros.
Isabel Lopes, de 70 anos, também produz sais aromatizados e sais de banho, mas não vê muito futuro para a profissão e cultura salineira do concelho, apesar da sua vida estar profundamente ligada ao sector. Foi uma das primeiras pessoas a nascer e a ser criada nas Salinas de Rio Maior, um pequeno lugar a pouquíssimos quilómetros da sede de concelho. “Não havia habitações, apenas terrenos e armazéns de sal. Os meus pais eram salineiros como tantos outros e foram os primeiros a construir casa aqui, que foi onde eu nasci”, conta, orgulhosa. Cresceu a ajudar nos trabalhos desde criança, destacando que o pai foi pioneiro ao embalar sal nos anos 60, quando ainda se vendia apenas a granel. Reformada da área administrativa, decidiu há três anos voltar às origens, abrindo um pequeno espaço onde vende produtos artesanais e sais aromatizados, dando nova vida ao produto que marcou a sua infância e juventude. “A produção de sal aqui mantém-se, mas não tem havido crescimento significativo. Acho que eventualmente vai desaparecer e apenas as memórias ficarão”, salienta.
Adriana Lemos, responsável pela loja Salgema, decidiu inovar e dar um novo rumo ao sal, criando licores e doces com uma pitada de flor de sal, mas também produtos cosméticos que têm conquistado muitos visitantes. Além dos sais de banho a sua loja oferece esfoliantes e sabonetes de sal, que segundo a própria são bastante procurados. Natural de Alcanena, a vendedora sublinha que o principal objectivo dos seus produtos é promover a tradição salineira de Rio Maior e garantir produtos de qualidade, destacando que, ao longo dos anos, tem notado um crescente interesse pelas Salinas, especialmente por parte dos estrangeiros. “Acho que a aldeia e as salinas têm um enorme potencial. É preciso é saber aproveitar, com mais inovação e ideias criativas. As Festas do Sal e os Presépios do Sal em Dezembro ajudam muito a promover este lugar”, sublinha.

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