Alma do Vinho atrai estrangeiros e projecta Alenquer no mundo

A sétima edição do Festival Alma do Vinho recebeu visitantes de mais de quarenta nacionalidades e cerca de quatro mil estrangeiros compraram bilhete. Entre provas de vinhos, cocktails e negócios internacionais, o evento projectou Alenquer para o mundo, ajudado pelas redes sociais.
A 7.ª edição do Festival Alma do Vinho ficou marcada pela presença de visitantes de mais de 40 nacionalidades. Para o fenómeno terá contribuído uma influencer internacional que divulgou o festival no ano passado e, através das redes sociais, conseguiu cativar seguidores a visitar o concelho de Alenquer, onde acabou por comprar casa.
De 11 a 14 de Setembro, 37 produtores vitivinícolas deram a provar os seus vinhos aos visitantes, sendo que 21 são do concelho de Alenquer. Ditam os moldes do festival que os produtores não pagam para estar presentes, mas dão a provar os seus vinhos. A O MIRANTE, o presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado, explica que as contas da edição deste ano ainda não estão feitas, mas o investimento no festival ronda o meio milhão de euros.
Os produtores pertencem todos à Comissão Vitivinícola da Região (CVR) de Lisboa, que os incentiva a estarem presentes no evento. Em relação aos produtores do concelho, o autarca diz que a vindima está a correr bem. “O problema agora é, às vezes, o contrário, é o excesso de vinho. Há uma preocupação no sentido de se perceber o que fazer a esse excedentário e, portanto, eles estão nessa fase da recolha da vindima e, depois, avaliar o que hão-de fazer. Há alguma quebra em termos de exportação, mas não é muito significativa. Isto também é uma oportunidade: quando não há um mercado, procura-se outros mercados e, portanto, estou convencido de que vai correr bem nesse sentido”, vincou o autarca. Pedro Folgado acrescentou que é difícil eleger um vinho preferido entre os brancos, tintos, rosés e espumantes. “Provo um bocadinho de tudo e também aconselho as pessoas a fazer o mesmo”, disse.
Bom ambiente, negócios e convívio
O vinho é versátil e, para o comprovar, Daniel Ribeiro deu a provar a variante de consumo de cocktails com vinho. A representar os vinhos de Lisboa, o professor da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, e barman, impressionou com um mojito feito com vinho branco, bastante fácil de preparar em casa: hortelã, xarope de açúcar ou açúcar normal, sumo de limão e uma garrafa de vinho branco leve de Lisboa são os ingredientes que chegam para impressionar os amigos. O seu espaço foi um dos mais concorridos da Alma do Vinho, com visitantes que vieram de propósito de Inglaterra porque o viram na rede social TikTok, além de visitantes da Escócia, da Alemanha e da Suécia. “O que gosto mais neste festival é o contacto com as pessoas, até pelo posicionamento. As pessoas falam mais e não é só o estender do copo como noutros eventos. É mais social e tem bom enquadramento”, refere.
Da Adega da Carvoeira, o comercial Carlos Bruno deu a provar vinho branco, rosé leve, sangria, vinho licoroso, além das várias conjugações de castas de Alenquer. “Este ano temos muitos estrangeiros e estão curiosos por provar todos os vinhos e onde se vendem na região. Querem saber se exportamos para outros países e pode haver futuros negócios. Abre portas a outros mercados”, relata.
Com cerca de 15 anos, a Cas’Amaro, da Aldeia Galega da Merceana, voltou a promover-se na Alma do Vinho. Além da região de Lisboa, também produz em quatro regiões do país. Rui Costa, responsável pelo negócio e um dos fundadores do festival, uma vez que foi vice-presidente da Câmara de Alenquer, explica que exporta 95% da produção e que os vinhos que produz são 100% biológicos. “Somos praticamente os únicos aqui só com uvas nativas da região de Lisboa e vinhos progressivamente com menos álcool, para terem menos calorias. Eu diria que este perfil que fazemos é mais para o estrangeiro. São vinhos com o mesmo sabor, mas muito mais amigos da saúde humana. Não é o perfil do português”, explica.
Rui Costa diz estar feliz por ver a Alma do Vinho crescer e não duvida de que se está a transformar no maior festival de vinhos da região de Lisboa, curiosamente, numa vila tão pacata como a de Alenquer. “Este festival está num espaço muito agradável, tem bom ambiente e é um dos poucos eventos em Portugal em que se pode andar de copo de vidro na mão. Acho que quem vem repete e, por isso, é que ele continua a crescer”, declarou.


Vinhos DOC Alenquer e IG Lisboa galardoados em concurso
A Alma do Vinho voltou a atribuir os galardões referentes ao IX Concurso de Vinhos de Alenquer, que destacou os vinhos de denominação de origem controlada (DOC Alenquer) e vinhos de indicação geográfica (IG Lisboa). Em análise estiveram as categorias de Vinhos Leves (brancos/rosés), Vinhos Tintos, Vinhos Brancos e Vinhos de Harmonização com a Codorniz. Ao todo, foram recepcionadas 72 candidaturas.
O júri do concurso foi constituído por um grupo de 20 profissionais qualificados e de reconhecido mérito, incluindo enólogos, sommeliers, jornalistas da especialidade e membros de organismos estatais ligados ao sector do vinho, sendo o órgão presidido por Vasco Miguel. Ao todo, foram atribuídos a vinhos de denominação de origem controlada (DOC Alenquer) e a vinhos de indicação geográfica (IG Lisboa) 23 galardões da categoria “Ouro” e outros 36 na categoria “Prata”.