Aprender a fazer o famoso pão de Rio Maior na Costa & Ferreira enquanto se discute inovação e sustentabilidade
Empresa Costa & Ferreira recebeu parceiros e entidades nacionais num Open Day para discutir inovação, sustentabilidade e a preservação de produtos artesanais.
A Costa & Ferreira – Pão de Rio Maior abriu as portas da sua fábrica para um Open Day organizado em parceria com o IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação. Realizado a 16 de Outubro, na área recentemente reconstruída após o incêndio de Abril de 2024, o evento promoveu momentos de reflexão sobre o futuro da panificação em Portugal, cruzando inovação tecnológica com a preservação dos saberes tradicionais.
Um dos momentos centrais do evento foi uma mesa-redonda moderada por Deborah Barbosa, CEO da panificadora, que reuniu representantes de vários parceiros da C&F para discutir de que forma as parcerias podem gerar inovação, sustentabilidade e valor ao longo de toda a cadeia alimentar. Astride Monteiro, da ANPOC, sublinhou que a produção agrícola só consegue responder às exigências de uma indústria mais responsável quando existe verdadeira integração entre produtores, indústria e distribuição, lembrando que “sozinhos não conseguimos ir a lado nenhum”. Apesar de Portugal produzir apenas 5% dos cereais que consome, a dirigente defende que a qualidade dos cereais portugueses deve ser aproveitada e colocada nas cadeias de valor nacionais, com apoio da tecnologia. Seguindo o tema da economia circular, Cristiana Silva, da ALITEC, mostrou como a transformação de subprodutos em novos alimentos permite reduzir desperdício e inovar, frisando que nada se desperdiça quando existe criatividade e colaboração. Exemplificou com o pão de maçã e canela da C&F, resultado directo deste trabalho conjunto.
No sector do retalho, Ondina Afonso, do Continente, destacou a mudança de paradigma actual e o valor do trabalho colaborativo, defendendo que a sustentabilidade “não é apenas cumprir normas legais, mas criar confiança e trabalhar lado a lado com produtores e fornecedores.” Para a responsável, inovar é arriscar, experimentar e envolver profissionais de diferentes áreas no ecossistema da indústria. Já Carlos Cabeleira, da ISEC, salientou o papel da análise de dados, das competências multidisciplinares e da literacia digital para orientar decisões sustentáveis, enquanto que Alberto Santos, CEO da asConnect alertou que a digitalização deve ser gradual e focada nas pessoas, garantindo formação e adaptação para todos. Também José Vale, do IAPMEI, defendeu que inovação, eficiência e sustentabilidade devem caminhar juntas, citando a C&F como exemplo e sublinhando que as empresas precisam de projectos digitais e verdes alinhados com o mercado, “caso contrário não sobrevivem”.
Ao longo da sessão, foi consensual que as melhores práticas surgem da comunicação aberta e da construção conjunta de projectos entre todos os sectores, tendo o outro painel do evento, “Tradição Artesanal na Vanguarda da Inovação” reforçado essa ideia, com Deborah Barbosa e Joana Bugalho, directora de I&D, a explicarem como a empresa aposta em tecnologia sem abdicar da sua identidade e transformando ideias em produtos sustentáveis e comercializáveis, como o pão de maçã e canela ou até um gin produzido a partir de desperdícios de pão. O evento terminou com uma visita guiada às instalações e prova de produtos, permitindo aos convidados acompanhar de perto o processo que faz do pão de Rio Maior uma referência nacional.


