Qual é o papel dos empresários na sociedade e o que é que faz falta na região
Na 24ª edição dos prémios Galardão Empresa do Ano, iniciativa promovida por O MIRANTE para valorizar as empresas e empresários que se destacam na região e no país, pela sua actividade, longevidade, actuação no mercado, entre outras características, fizemos três perguntas a vários convidados da cerimónia, que decorreu a 8 de Outubro no Convento de S. Francisco em Santarém: Qual é o papel do empresário na sociedade? O que é que sente necessidade na região que possa ajudar na actividade empresarial. Se tivesse uma reunião com o ministro da Economia o que é que lhe pedia?
Ana Rita Martins - gestora de unidade na Unisana Hospitais, Santarém
“Faltam melhores cuidados de saúde de proximidade”
O papel do empresário na sociedade tem de ser de proximidade, de ajudar a comunidade e de melhorar os meios existentes. Perante aquilo que observo enquanto necessidade na região que possa ajudar na sua actividade empresarial, diria melhores cuidados de saúde, cuidados de proximidade e, no fundo, complementar aquilo que é o Serviço Nacional de Saúde. É também esse o nosso papel, não substituindo, mas ajudar naquilo que for possível. Ao Governo pediria que melhorasse o acesso aos cuidados de saúde de todos os portugueses. Acho que é fundamental nesta altura.
Emanuel Silva - gerente da Distriovo, Salvaterra de Magos
“Reduzir o IVA é essencial para combater a fuga aos impostos”
Hoje em dia não é fácil ser empresário, porque nós temos a responsabilidade e acartamos várias famílias que temos de sustentar. Esse é o principal papel e, evidentemente, servir o melhor possível. Cada vez mais é necessário construir boas zonas industriais, isso é fundamental para crescer a nossa actividade. É um aspecto do qual me queixo, a par dos meus colegas empresários, em Salvaterra de Magos, porque não temos zona industrial. Caso tivesse uma reunião com o ministro da Economia, continuava a debater-me na redução do IVA para que ninguém fuja ao pagamento do imposto.
Fernando Góis - proprietário da Maider Clinic, Santarém
“As pequenas empresas dão trabalho a milhares de pessoas”
O empresário é aquele que alimenta a sociedade. Não são as grandes empresas, mas sim as pequenas e médias empresas que dão trabalho a milhares de pessoas em Portugal. Dar trabalho a outras pessoas é essencial, apesar do dono da empresa ser prejudicado a nível fiscal, porque se uma empresa fecha o gerente do negócio não tem direito a nada mesmo dando trabalho a funcionários durante vários anos. Mas o empresário é mesmo isso, o arriscar, não é fácil, mas temos de ser altruístas e andar para a frente.
Santarém é uma cidade lindíssima, possivelmente das localidades mais bonitas do país, mas era importante haver algum cuidado com as infra-estruturas, nos acessos e, sobretudo, estando nós no centro histórico é complicado o estacionamento. É uma cidade que pode ter melhor aproveitamento turístico porque ajuda muito os locais a ter uma dinâmica mais eficaz.
As empresas são um pouco castigadas ao nível de impostos, o que obriga a haver uma economia paralela. Possivelmente, com metade dos impostos, o Estado conseguiria angariar mais dinheiro do que consegue actualmente. Não há incentivos às empresas, não só ao nível do IRC. Uma das coisas que mais me faz confusão, que pediria ao ministro da Economia para mudar, é o facto de as empresas que têm lucro no final do ano ainda terem de pagar sobre esse lucro quando já estão todo o ano a pagar.
Lindi Cardoso - técnica de turismo na Click Viagens, Abrantes
“Sinto que falta mais mão de obra qualificada”
O papel do empresário na sociedade é promover novas vagas de trabalho, promover um trabalho correcto e digno para que haja mais pessoas interessadas em manter-se na região. E promover também a manutenção de quem já está a trabalhar na casa e fazer com que os funcionários estejam satisfeitos e que gostem de fazer aquilo que estão a fazer. Sinto que falta mais mão-de-obra qualificada, sem dúvida. Ao ministro da Economia pedia-lhe mais atenção às empresas e mais cuidado.
Luis Santo - director geral do grupo H Saúde, Benedita
“Apoios mais rápidos e menos burocracia”
O papel do empresário em primeiro lugar é conseguir dinamizar a zona onde está inserido, conseguir aumentar o nível de vendas e trazer resultados para os colaboradores e para todos os seus associados. Seria importante da parte do governo distribuir mais apoios de forma mais justa, coerente e facilitar o acesso aos mesmos. Ao ministro da Economia iria pedir mais apoios e de forma mais rápida, célere, não estarem um ou dois anos para aprovarem projectos, para as empresas poderem avançar, dinamizar e trazer mais riqueza para o nosso país.
Diogo Ramos - sócio-gerente na Target Box - OfficeMarket, Santarém
“A região precisa estar mais unida”
Diogo Ramos, sócio-gerente da Target Box – OfficeMarket, considera que o empresário deve ser empreendedor e proactivo, acompanhando atentamente a realidade económica e financeira. Para o empresário, a região precisa estar mais unida, com associações e municípios a colaborar para fortalecer a actividade empresarial, evitando esforços isolados que enfraquecem o potencial colectivo. Numa eventual reunião com o ministro da Economia, resumiria o seu pedido a algo simples: “menos impostos”.
Luís Coelho - solicitador e técnico de cadastro predial, Alverca
“O cadastro predial precisa de um impulso significativo”
O papel do empresário na sociedade é um papel dinamizador, de empreendedor e de contribuidor para a sociedade, portanto, é uma figura que pode desenvolver actividades e projectos que possam envolver a sociedade e, assim, criar riqueza para a economia. A lei do cadastro predial saiu há pouco tempo e o seu desenvolvimento ainda está numa fase de arranque. Para a nossa actividade e para aquilo que procuramos desenvolver era importante que o projecto do cadastro avançasse e nós estamos disponíveis para colaborar. De facto, falta um impulso significativo por parte das entidades públicas pelo menos em divulgar junto dos proprietários dos imóveis com problemas para resolver. Se tivesse a oportunidade de reunir com o ministro da Economia, pedir-lhe-ia isso mesmo. Não se conhece bem e não é possível gerir um território sem um cadastro efectivo e bem feito.
Ana Gaspar - directora do Colégio Jardinita, Alcanede
“O empresário tem um papel importante”
O empresário tem um papel importante, competitivo e de responsabilidade. Quem investe na região devia ter mais regalias. Caso reunisse com o ministro da Economia, pedia-lhe mais compreensão para os empresários que são os responsáveis pela economia nacional.
Jorge Guardado - médico no Centro Clínico Ucardio, Riachos
“Elevados impostos e contribuições sociais dificultam o reinvestimento”
Jorge Guardado, médico e director clínico do Centro Clínico Ucardio, entende que o empresário desempenha um papel fundamental na sociedade, não só pelo desenvolvimento da própria empresa, mas também pelo impacto social e regional. Para o médico, os investimentos empresariais trazem risco e exigem esforço pessoal, e o Estado deve apoiar os empresários o máximo que pode para que as empresas prosperem. Sobre a política fiscal, salienta que os elevados impostos e contribuições sociais dificultam o reinvestimento das empresas, acrescentando que a economia, sobretudo as pequenas e médias empresas, “ficariam muito melhor se conseguíssemos ter uma política fiscal para elas mais dedicada e mais capaz de poder ajudá-las”.
João Pedro Custódio – responsável da Madeiras Custódio & Filhos, Lda, Chamusca
“Os empresários têm muitas complicações por causa da burocracia”
Um empresário cria valor para a sociedade e contribuiu para a criação de emprego. Ainda há muito por fazer na região no sentido de eliminar burocracias e facilitar a mão-de-obra. Infelizmente, os empresários têm muitas complicações por causa da burocracia. Se falasse com o ministro dizia-lhe que tem de descriminar de forma positiva as boas empresas e os empresários, para que possibilite uma valorização a mão-de-obra e retê-la.
Luís Caeiro - responsável comercial da LPM, Santarém
“Que a carga fiscal fosse um bocadinho mais baixa”
O empresário na sociedade desempenha vários papéis, especialmente estar junto dos clientes, das populações, de forma a oferecer serviços e também a proporcionar bem-estar aos colaboradores e a todas as pessoas envolventes no mercado, de forma a que se crie sinergias e se faça crescer a economia local. Com as mudanças que há constantes há sempre trabalho a fazer, mas essencialmente criar talvez algumas infra-estruturas necessárias para poder apoiar as empresas, de forma a fazer a dinamização não só interna, mas também no exterior. Essencialmente, são estas adaptações constantes que nós também temos que saber fazer com o apoio dos organismos.
Ao ministro da Economia pedia que as cargas fiscais fossem um bocadinho mais baixas, porque com as cargas fiscais que temos é realmente difícil conseguirmos ter pessoas mais bem pagas e, por outro lado, mais motivadas para o seu dia-a-dia. Toda a gente penso que iria ganhar, porque a economia rodava mais, havia mais dinheiro a circular e, por outro lado, acabaríamos por ficar todos melhor e podia também criar novos e melhores serviços aos nossos clientes.
Manuel Francisco - director geral da Francicampo, Lda, Salvaterra de Magos
“Os produtos agrícolas estão muito mal pagos”
O empresário emprega pessoas, movimenta dinheiro, recebe pagamentos, faz parte do desenvolvimento local. Essencialmente necessitamos de ter mão-de-obra em condições, que não temos, e melhores condições de escoamento dos nossos produtos. Os produtos agrícolas estão muito mal pagos e há monopólio de duas ou três pessoas na comercialização. A batata sai na produção a 15/20 cêntimos e a gente vê nas grandes superfícies a um euro e tal. Há dois lesados, que é o produtor e o consumidor. Alguém devia olhar para isto com olhos de ver.
Ao ministro da Economia pedia para ter condições para poder trabalhar. Montei uma empresa que é rentável, está a produzir, mas sentimos dificuldade quer no escoamento, quer em mão-de-obra qualificada.
Rosário Cordeiro - administradora da J.M. Cordeiro, Santarém
“O preço dos combustíveis é muito importante para as empresas”
Acho que os empresários são todos importantes porque dinamizam e fazem com que o mercado gire, que haja empreendedorismo, que procurem o mais possível criar postos de trabalho, fazer com que as regiões e o país se desenvolvam. A minha actividade é combustíveis e acho que na região estamos bem recheados com várias marcas e possibilidades de escolha para as pessoas, diversidade de preços. Com a actualidade das energias renováveis e da mobilidade, acho que a criação de postos eléctricos seria uma boa iniciativa, aumentar a oferta que existe.
Ao Governo pedia para o país andar. O preço dos combustíveis é muito importante, essencialmente para as empresas, faz com que os serviços sejam cada vez mais caros em prol do custo dos combustíveis e do peso que eles têm nas actividades.
Pedro Faia - administrador da Transportes Vieira Vacas, Santarém
“Um maior apoio às micro e pequenas empresas”
Pedro Faia, CEO da Transportes Viera Vacas, considera que o empresário actual precisa de ser resiliente e enfrentar diariamente desafios complexos. Segundo o empresário, a região de Santarém, apesar da proximidade com Lisboa, carece de investimento por parte do Estado, e as oportunidades existentes são insuficientes para apoiar o desenvolvimento local. Já sobre medidas governamentais, Pedro Faia defende um maior apoio às micro e pequenas empresas, que para si são essenciais para o crescimento económico do país. “O Estado não deve olhar tanto para as grandes empresas, pois não são só elas que contribuem para a economia e desenvolvimento do país”, frisa.
Rodrigo Cordeiro - gerente da Dijocarros, Santarém
“Empresários têm um papel central no desenvolvimento regional”
Rodrigo Cordeiro, gestor financeiro da Dijocarros, acredita que os empresários têm um papel central na criação de empregos, no desenvolvimento regional e no fortalecimento do comércio local. Para o jovem empresário, políticas de apoio à indústria e medidas que incentivem a inovação tecnológica e as energias renováveis são essenciais para o crescimento sustentado das empresas. Sobre o que pediria ao Governo, destaca a necessidade de mais medidas de apoio às empresas e que estas “efectivamente ajudem a gerar empregos e a desenvolver as empresas”.
Mafalda Peralta - proprietária da Candy Day, Almeirim
“Mobilidade em algumas localidades ainda poderia ser melhorada”
Mafalda Peralta, esteticista-cosmetologista e sócia-gerente da Candy Day, sublinha a importância das empresas como motor de sustentabilidade económica na região e no país. Destaca a diversidade e sucesso do tecido empresarial local, mas assinala que a mobilidade em algumas localidades ainda poderia ser melhorada, como por exemplo ter as estradas e acessos mais facilitados. Quanto aos apoios do Governo, a esteticista considera a redução da carga fiscal uma medida essencial, destacando que o “tecido empresarial está assoberbado com impostos, que estão de facto muito elevados”.
João Silva - osteopata na Clínica Osteopatas de Almeirim, Almeirim
“Era importante que o Governo desse mais apoio às empresas”
O Governo reconheceu as medicinas complementares alternativas, mas ainda não há uma abrangência da osteopatia ser como a fisioterapia e estar no SNS, onde os médicos a possam prescrever. É uma pena. Devíamos ter os mesmos direitos que a fisioterapia. Não existe osteopatia num hospital ou num centro de saúde. Se falasse com o ministro da Economia, pedia-lhe para trazer mais empresas inovadoras para a região, atrair mais turismo e pedia para legislar sobre a osteopatia para a incluir nos centros de saúde e hospitais. Os empresários fazem muita falta na região e era importante que o Governo desse mais apoio e não deixasse fechar empresas que fazem falta.
Ivnna Jahate - gerente da Botanique, Santarém
“Faz falta um gabinete de apoio ao empresário”
Um empresário dinamiza a economia local e contribui para ela. Na região faz falta um gabinete de apoio ao empresário para esclarecer dúvidas com mais facilidade. Ao ministro falava-lhe das dificuldades que temos em trazer negócios para Portugal. Contribuímos tanto para a economia nacional e sentimos muito pouco apoio aos empresários.
Carlos Tereso - director geral da Flora Garden, Cartaxo
“Na região do Cartaxo há falta de emprego valorizado”
O empresário tem uma responsabilidade social muito grande porque, acima de tudo, é um empregador e ao empregar cria o sustento e a possibilidade das famílias se envolverem e crescerem. Na região do Cartaxo há falta de emprego valorizado, ou seja, emprego com valor acrescentado, é uma coisa que a Flora Garden há anos que tenta criar. Com apostas na modernização e na mecanização, a Flora Garden é uma empresa de prestação de serviços, mas mesmo assim consegue criar empregos de valor acrescentado.
Ao ministro da Economia pedia que criasse uma política e uma campanha junto das escolas primárias, junto das pessoas, para mudar a mentalidade deste país, que não respeita os empresários. A primeira crítica aponta sempre o empresário como sendo um malfeitor.
Teresa Rosário, directora financeira da Ribatubos, Santarém
“A falta de fiscalização leva a que os apoios sejam mal entregues”
Se pudesse pedia uma descida nos impostos e dizia ao ministro para incentivar mais a agricultura dando mais apoios e fiscalizando. A falta de fiscalização leva a que os apoios sejam mal entregues. O papel do empresário é valorizado, até porque somos nós que contribuímos para a economia do pais.


