AIP assina acordo com Associação Comercial de São Paulo
A Associação Industrial Portuguesa assinou o memorando de entendimento com a organização brasileira com vista ao acordo EU/Mercosul
A Associação Industrial Portuguesa (AIP) e a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) assinaram um memorando de entendimento que enquadra a colaboração entre as duas entidades com o objectivo de optimizar as oportunidades comerciais decorrentes do acordo EU/Mercosul. Este acordo decorreu de uma reunião ocorrida entre a Associação Comercial de São Paulo, confederações de associações comerciais e empresariais do Brasil e representantes consulares e câmaras bilaterais estabelecidas em São Paulo.
A reunião foi presidida por Alfredo Cotait Neto, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil e Coordenador Geral das relações institucionais da ACSP. O presidente da AIP, José Eduardo Carvalho, salientou as profundas alterações que ocorrem no comércio internacional com o aparecimento de blocos regionais que o fragmentam e o regionalizam. É nesse quadro multipolar que se situa a importância do acordo com o Mercosul. Para o dirigente a EU a o Mercosul são dois espaços distintos, mas complementares dadas as suas principais valências produtivas. José Eduardo Carvalho caracterizou também as razões da existência de uma balança comercial desequilibrada favorável à UE e as barreiras não alfandegárias existentes nos mercados dos países do Mercosul que limitam a presença da UE na região.
O Brasil que representa 70% do PIB dos países do Mercosul, e por essa razão é importante para Portugal. Os números das trocas comerciais entre os dois países em 2024 e 2025, revelam que o Brasil saiu do “Top 10” dos nossos principais mercados de destino, ultrapassado por Marrocos, realçou o presidente da AIP. Contudo, no respeita ao IDE e ao IPE, o crescimento em 2025 é significativo, podendo ultrapassar os 6 mil milhões de € e 3,5 mil milhões de € respetivamente, o que já não sucedia desde 2018.
A Associação Comercial de São Paulo foi fundada em 1895 e faz parte da Federação de Associações Comerciais do Estado de São Paulo (FACESP), que reúne 420 associações do Estado de São Paulo e integra a Confederação das Associações Comerciais do Brasil que reúne 2200 associações que cobre toda a representatividade do Brasil.
A reunião encerrou com a intervenção do Marcos Troyjo, membro do conselho consultivo do Banco Europeu de Investimento, e um dos principais negociadores do Acordo Mercosul – União Europeia, na década de 1990. Explicou as razões do insucesso da implementação do acordo na década de 90 e fez uma análise comparativa entre esse acordo e o actual, considerando que o anterior era bem mais ambicioso, excepto na área da proteção ambiental. Disse ainda que a valência estratégica do acordo é bem mais importante do que a dimensão das trocas comerciais, e que o acordo vai dinamizar o investimento direto nos dois blocos.
Marcos Troyjo referiu também que as exportações do Brasil para a China são maiores do que para os EUA e Europa juntos, e deu exemplos também das exportações para outros países da Ásia, comparando com os países europeus. Debruçou-se também sobre a razão da resistência que a França, Irlanda, Áustria e Polónia estão a colocar ao acordo, comparando os valores dos subsídios e subvenções que o orçamento da UE dá ao setor agrícola com o menor custo das importações de alguns produtos agrícolas oriundos do Mercosul


