Especiais | 30-03-2021 12:30

A ministra surpresa da agricultura

A ministra surpresa da agricultura
EDIÇÃO 1.500
Maria do Céu Antunes

Maria do Céu Antunes deixou a meio a presidência da Câmara de Abrantes para ir para o Governo.

Em Fevereiro de 2019, a mais de dois anos de terminar o seu último mandato como presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Maria do Céu Antunes, que na altura ainda usava o apelido Albuquerque, aceita o convite para ser secretária de Estado do Desenvolvimento Regional do XXI Governo Constitucional, presidido por António Costa.

Numa entrevista a O MIRANTE, publicada em Abril de 2016, a ano e meio de ser reeleita para o terceiro mandato, respondendo a uma pergunta sobre a eventual candidatura a deputada, tinha dito que só estaria disponível para outros desafios de serviço público depois de encerrar o capítulo da autarquia.

Acabou por ser candidata a deputada e foi eleita mas não chegou a sentar-se no Parlamento. A 26 de Outubro de 2019, no segundo Governo de António Costa, toma posse como ministra da Agricultura. “Não faço planos. Não fiz carreira política”, tinha dito na mesma entrevista. Abrantes ficou assim para trás e, aparentemente, numa boa altura.

Já havia alguns sinais que devam a entender que alguma coisa não corria bem. Maria do Céu Antunes viu chumbada, pelos seus próprios vereadores, uma proposta sua de adesão à Tejo Ambiente, uma empresa de águas e saneamento criada no âmbito da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo a que presidia. E estava a ser criticada pelo encerramento do cine-teatro S. Pedro e acusada de entravar as negociações para a compra do imóvel.

A nível partidário, embora existisse um clima de acalmia na Federação Distrital de Santarém do PS, ela era uma pedra no sapato. Em Novembro de 2014, ao contrário da maioria dos autarcas socialistas do distrito de Santarém, tinha estado ao lado do actual primeiro-ministro, António Costa, quando este disputou o lugar de secretário-geral com António José Seguro.

Na altura da ida para ministra da Agricultura separa-se do marido com quem estava casada há 26 anos e um ano mais tarde divorcia-se. Passa a usar o apelido Antunes, de solteira. Teve alguns problemas de saúde e, para uma pessoa que não lida muito bem com críticas, foi alvo de críticas mordazes por ter dito, no início da pandemia na China, que a situação beneficiava a exportação de carne de porco portuguesa para aquele país.

Maria do Céu Antunes não tem sido alvo de muita contestação, até porque a agricultura foi um dos sectores menos afectados pela pandemia. Além disso, o Ministério perdeu a tutela das florestas e desenvolvimento rural para o Ambiente e para a Coesão Territorial.

Em relação ao Ribatejo tem uma oportunidade de deixar uma marca se, durante o seu tempo à frente do ministério, conseguir desbloquear o grande projecto de emparcelamento nas freguesias de Azinhaga, Golegã e Riachos, liderado pela Agromais, que tem a particularidade de ser o primeiro a nível nacional a ser feito por iniciativa dos agricultores. Licenciada em Bioquímica, pela Faculdade de Ciências e Tecnologia, da Universidade de Coimbra, e pós-graduada em Gestão da Qualidade e Segurança Alimentar, pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, Maria do Céu Antunes trabalhava no laboratório do GAT (Gabinete de Apoio Técnico) de Abrantes quando o então presidente da câmara, Nelson Carvalho, a convidou para a sua lista tendo sido vereadora de Outubro de 2005 a Outubro de 2009 quando é eleita presidente.

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